Drama

Lost: 2ª Temporada (2005/06)

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• Contagem regressiva

Eu demorei bastante pra terminar essa temporada de Lost. Não porque ela é ruim, mas sim porque são muitos episódios e nunca dava certo de assistir eu, meu pai, minha namorada e meu irmão mais novo juntos ao mesmo tempo. Por isso, a minha experiência ficou meio afetada, e eu fiz o favor de não anotar as minhas próprias observações pra me guiar quando fosse escrever o pitaco. Então, tive de recorrer a resumos na Internet pra poder lembrar dos principais fatos que aconteceram. Agora que tô mais preparado, vamos falar sobre o segundo ano de uma das séries mais importantes dos anos 2000.

 

Sinopse

Depois dos habitantes da ilha encontrarem uma misteriosa escotilha, eles precisam arcar com todo o conhecimento proveniente dessa descoberta. Isto é, assumir a responsabilidade de apertar um botão, a cada 108 minutos, sem que a contagem de um relógio chegue a zero. Caso contrário, o mundo acaba. Pura e simplesmente, o mundo acaba. Seria isso uma experiência psicológica ou de fato algo que alteraria o destino do universo? Em meio a todo esse processo filosófico, os acidentados também devem ficar de olho na ameaça silenciosa dos Outros, junto aos intermináveis segredos da ilha.

Ô, lá de baixo!

Crítica

Uma das coisas que eu mais gostei na segunda temporada de Lost foi justamente o que envolvia o bunker abaixo da escotilha. Durante todo o tempo, fiquei me questionando o que eu faria se estivesse na pele daquela galera. E se eu estiver apertando um botão pra absolutamente nada, e só desperdiçando o meu tempo? Por outro lado, e se eu NÃO apertar o botão e o mundo acabar? Cara, é um dilema moral muito grande. Eu sinceramente não sei como seria o meu posicionamento.

A série, inclusive, capricha nos dilemas morais. Cada personagem é levado ao limite e eu gosto de como são mostrados de forma crua, com todos os defeitos. Não existe um mocinho ali. Todo mundo tem qualidades, mas também apresenta defeitos. O Jack é corajoso e voluntarioso, mas é muito cabeça dura quando o assunto foge do campo terreno. Não julgo, porque eu provavelmente seria parecido com ele. O John é o contrário, sendo muito teimoso nas suas próprias perspectivas. Ele simplesmente não abre margem pra estar errado, age como o dono da verdade. O Jin é outro exemplo de como as pessoas são multidimensionais. Apesar de ter atitudes machistas e até opressivas, dá pra gente perceber que aquilo faz mais parte da sua construção social do que propriamente algo inerente a ele.

Além da qualidade dos personagens, não há como não citar a construção do mistério como um grande ponto positivo em Lost. A cada episódio, parece que uma pergunta é respondida e outras duas surgem no lugar. Tal característica contribui para que a história sempre permaneça fresca, ainda que frequentemente entre em conflito com o ritmo. Isso porque a série desenvolve tantos questionamentos, que coloca uma certa obrigatoriedade de que as respostas cheguem à altura das perguntas.

Os flashbacks seguem sendo parte do calcanhar de aquiles de Lost, mas não é tão simples assim. O problema nem sempre está nas tramas dos flashbacks, mas sim na maneira com que eles são inseridos de forma protocolar, fazendo com que o ritmo seja constantemente quebrado. Em cima disso, as cenas nos dão a sensação de que estão ali apenas pra encher linguiça, e a gente sabe que tem um pouco disso. Até porque, por melhor que seja uma história, quase sempre vai ser um exagero construir uma temporada com mais de 20 episódios.

A segunda temporada, porém, acaba sendo ligeiramente melhor do que a primeira. Por quê? Bom, embora ela teime em cometer os mesmos erros da antecessora, acaba também intensificando os acertos. Os personagens estão mais sólidos, a gente já se familiarizou mais com o contexto da ilha e os segredos vão ficando cada vez mais intrigantes e insinuantes. Volto a repetir que Lost sofre um pouco com o formato datado que se tornou padrão de tantas outras séries, no sistema de introduzir um mistério, cozinhá-lo em banho-maria e acelerá-lo no fim. Ainda assim, é difícil questionar a força de sua “lore”, ou seja, a construção do universo fictício em que a história se baseia.

Walt ficará sabendo disso!

Veredito

Em seu segundo ano, Lost continua colocando em prática tudo de bom que conseguiu desenvolver na estreia, elevando o nível do suspense e dando mais camadas aos personagens. Continua errando na questão do ritmo (menos é mais!) e na história desnecessariamente esticada a ponto de deixar alguns momentos desinteressantes. Contudo, há aqui um charme inegável que carrega a obra nas costas e mantém a curiosidade acesa. Você pode até não gostar de alguns arcos, mas é bem difícil não ansiar pelas respostas das trocentas perguntas que a série faz questão de colocar em pauta. Nota final: 4,1/5.

Isso é algum clipe do Coldplay?

 

>> 1ª Temporada de Lost

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Certo, a temporada foi cheia de mortes inesperadas. Não que eu tenha sofrido intensamente com a morte da Shannon, mas realmente não esperava por aquilo, ainda mais depois que o Boone partiu dessa pra melhor. Fiquei com pena do Sayid e com raiva da Ana Lucia. Apesar de ter sido um acidente, ela é uma representação perfeita de como armas de fogo não são pra qualquer um.
  • Ainda no assunto de mortes chocantes, o que foi a morte da própria Ana Lucia e também da Libby??? Ambas eram personagens que pareciam ter tanto a entregar ainda. Ana Lucia passava por um momento de redenção, com uma química junto ao Jack. Libby tava começando a despontar, ainda mais depois do episódio do Hurley em que ela apareceu no hospício. Será que saberemos algum dia detalhes sobre a sua história? Provavelmente não, né. E sobre o Michael, é difícil analisar a situação dele. Pô, se fosse o seu filho, o desespero não te levaria a fazer coisas desesperadas?
  • Tenho uma opinião muito decidida sobre o triângulo amoroso de Jack, Kate e Sawyer. Sinto que o Jack seria o par “perfeito” pra Kate, no sentido de que ele a ajudaria a exprimir o melhor de si. Por outro lado, ela combina muuuito mais com o Sawyer, em todos os sentidos. Com quem será que ela vai ficar?
  • Locke, eu gosto de você, mas tu é um egoísta do caramba. Tudo tem que ser do seu jeito. Quando o Jack queria deixar o cronômetro zerar, você insistiu pra que os botões fossem apertados. Quando o Mr. Eko queria apertar os botões, você foi lá e o contrariou, fazendo com que o cronômetro zerasse. Não que eu não quisesse ver o que acontecia, porque isso foi bem massa, mas foi muito paia da sua parte.
  • O Henry Gale, ou melhor, Benjamin Linus, é um mala, né? Eu SABIA que o cara era do mal, não tinha jeito. Fazia sentido mantê-lo vivo pra fazer uma troca de reféns com o Walt, pena que deu tudo errado no final das contas.
  • Acredito no potencial do Desmond. Quando o vi no primeiro episódio e depois o maluco desapareceu, fiquei pensando no porquê os fãs gostam tanto dele. No final da temporada, consegui enxergar, e achei legal os flashbacks dele com o Jack.
  • Se você não se emocionou com o reencontro entre Rose e Bernard, definitivamente não tem coração.
  • Podemos dizer que o Jin foi basicamente a versão atualizada de São José, da Bíblia, após sua esposa engravidar de forma milagrosa? Ok, eu sei que tem a PEQUENA diferença de que Jesus não era filho biológico de José, e sim filho de Deus, mas vocês entenderam, né? Isso faria da Sun a Virgem Maria? Ok, acho que tô viajando demais.
  • Reservei este tópico pra escrever sobre Charlie e Claire, mas sinceramente? Não consigo pensar em muita coisa legal pra mencionar sobre eles. Tomara que melhorem na próxima temporada.
  • Quem aqui acredita que vimos Michael e Walt pela última vez? Pois eu não.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Jack Shephard
Olha, talvez a maioria de vocês não concorde com a minha escolha, mas o Jack é um tipo de personagem que me pega muito. O líder que não escolheu ser líder, um dos únicos que se dispõe a tomar decisões, sejam elas fáceis ou difíceis, certas ou errads. A maioria se esconde quando há um momento de indefinição, e só aparecem pra julgar quando as coisas não dão certo. Não que o Jack não tenha defeitos, pois eles são muitos, mas eu gosto da maneira com que conduz a trama. Nesta temporada, ele começou melhor do que terminou, mas foi o meu preferido.

Humor e piadas

+ Melhor episódio: S02E08 (“Collision”)
É difícil escolher um único capítulo porque raramente Lost faz um episódio regular do início ao fim, são sempre picos dentro da própria história. Com isso em mente, escolho o oitavo episódio pelas diferentes emoções contidas nele, mas ressalto aqui também os capítulos de número 3, 7 e 20 (e isso não é uma sequência proposital).

Elenco quase completo.jpg

+ Maior evolução: Sawyer
Ele era exageradamente caricato na primeira temporada, apesar de alguns pontos positivos. No segundo ano de Lost, Sawyer ganhou mais camadas e tornou-se um personagem interessante. O mesmo vale para Jin e Sun, que tiveram uma boa evolução.

Brad Pitt Genérico em ação

+ Maior surpresa: Henry Gale
Este cara veio totalmente do nada e protagonizou um dos maiores dilemas da temporada, sacramentando-se como um dos melhores personagens logo em sua estreia. Mr. Eko também foi uma boa adição, mas achei que perdeu força com o passar dos episódios.

O primo perdido do Rob Schneider

+ Mais subestimado: Sayid
Esse maluco é foda. Todo grupo de sobrevivência precisa de um cara assim, e às vezes sinto que os próprios personagens da série não lhe dão o valor devido.

O amor está no ar

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).