• Infância roubada
Eu me lembro de ler sobre o caso da professora Mary Kay Letorneau, de 36 anos, que começou a se relacionar com uma criança de 12 anos, ficando grávida e posteriormente se casando com o garoto. Sim, é uma história horrível. Segredos de um Escândalo se inspira nesse crime pra construir a sua trama.
Mais de duas décadas depois de iniciar uma família com um menino, culminando em sua prisão e em perseguições constantes da população, Gracie (Julianne Moore) está prestes a ganhar um filme sobre sua relação com Joe (Charles Melton). A atriz Elizabeth (Natalie Portman) então passa a acompanhar de perto a rotina deles, pra tentar captar todos os detalhes em sua interpretação.
Sinopses às vezes podem nos enganar. Eu fui ver este filme pensando que o enredo giraria em torno do relacionamento criminoso de Gracie e Joe, explorando o tratamento da mídia, a sentença e a repercussão na sociedade. Não é exatamente isso. O direcionamento está na figura de Elizabeth, e em como ela vai longe em busca da atuação fidedigna à realidade.
Acho que se eu tivesse ido ver o filme com tal pensamento, teria aproveitado mais. Contudo, isso é culpa minha e preciso avaliar Segredos de um Escândalo pelo que ele é, e não pelo que eu achava que seria. Nesse sentido, o longa é um excelente passeio pela maneira como a indústria enxerga casos absurdos da vida real, e em como atores abdicam da própria humanidade utilizando a arte como desculpa.
O filme conta com atuações de alto nível. Fica aqui o destaque pra Charles Melton. Ele rouba a cena e nos convence de que é praticamente uma criança em corpo de adulto. Natalie Portman, por sua vez, tá assustadora, imitando cada atitude da personagem da sempre ótima Julianne Moore. Porém, a direção de Todd Haynes abre muitos arcos e não os fecha, deixando a sensação de que ficou faltando algo.
Segredos de um Escândalo toca em várias feridas e trabalha um tema controverso e delicado com desenvoltura e jogo de cintura. As atuações são o ponto alto, mas o filme não possui um ápice e isso deixa no ar um sentimento de trabalho inacabado.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?