Obras de Época

Vikings Valhalla: 3ª Temporada (2024)

vikings valhalla 3

• Problemas de travessia

Essa não tá na conta da Netflix. Após um final apressado e um tanto quanto decepcionante, vi muita gente dizendo que a culpa disso tudo foi da plataforma de streaming, que teria cancelado a série e não dado tempo pra que a história fosse contada por inteiro. Mas não, esse não foi o caso. Desde o início, a vermelhinha encomendou um total de três temporadas. A equipe por trás de Vikings: Valhalla sabia disso desde o começo, então não dá pra terceirizar a responsabilidade. Sim, a Netflix toma muitas decisões questionáveis a respeito da continuidade de suas séries, mas desta vez não foi o que aconteceu.

 

Sinopse

Sete anos depois dos eventos da 2ª temporada, Harald e Leif se instalaram em Constantinopla sob o domínio do Império Romano, o primeiro mergulhado na vida militar e o segundo, no mundo do conhecimento. Uma cadeia de eventos, no entanto, faz com que ambos considerem seriamente voltar para a Noruega. A milhares de quilômetros de lá, Freydis lidera a sua comunidade, enquanto a Rainha Emma e o Rei Canute tentam estender seus poderes.

Você já pensou no Império Romano hoje?

Crítica

Algo que sempre me incomodou no universo de Vikings é o quanto os países europeus, com exceção dos escandinavos, parecem vazios. Nas cenas na Inglaterra, França ou em qualquer outra nação envolvida nos jogos de poder, a impressão é que há pouca gente e que os respectivos tronos significam tanto quanto um posto de síndico de condomínio. Por causa dessa característica, eu não consigo me investir tanto nessas maquinações políticas quanto em séries como Game of Thrones, por exemplo, que possui temática e ambientação parecidas.

Mesmo assim, eu tento ignorar esse fator e focar no que está sendo narrado. Depois de uma 2ª temporada fraca nesse aspecto, a 3ª evolui consideravelmente. Não a ponto de “ameaçar” a 1ª, que é a melhor em todos os sentidos, mas eu voltei a me interessar pelo que estava acontecendo em solo anglo-saxão, depois de muita perda de tempo na temporada anterior.

Muitos dos motivos pelos quais a 3ª temporada falha em concluir os seus arcos têm mais a ver com a 2ª do que com ela mesma. A trama ficou tão enrolada e desperdiçou tanto tempo lá atrás que não havia espaço pra desenvolver tudo que estava em aberto. Mas, novamente, isso é culpa dos próprios roteiristas, até porque eles ainda assim resolveram criar novas histórias no meio da última temporada. Se já tinha tanta coisa assim pra fechar, por que diabos apostar em novos núcleos?

O resultado disso é que o ritmo, que nos primeiros episódios caminha bem, fica acelerado demais e o enredo se atropela na tentativa de fazer tudo se encaixar na quantidade pré-determinada de tempo. Além disso, essa pressa faz com que a atenção aos detalhes seja perdida. O roteiro de Vikings: Valhalla de repente fica com mais furos do que um queijo suíço metralhado por um pelotão, principalmente no deslocamento dos personagens. A parte da ação é boa, mas as minúcias do enredo chegam a ser irritantes em alguns momentos.

Mesmo com todos esses defeitos, a 3ª temporada de Vikings: Valhalla é sim melhor do que a 2ª, pois volta a colocar a trama política nos trilhos e realinha os rumos de certos personagens, deixando tudo mais interessante. O problema é que fica aquela sensação de eterna promessa, de uma série que poderia ter servido como um bom complemento à obra original, mas que cometeu ainda mais erros do que a predecessora.

De um lixão em The Walking Dead para o trono em Vikings: Valhalla

Veredito

Depois de uma 1ª temporada de muito potencial e uma 2ª de bem menos inspiração criativa, a 3ª e última corrige vários erros que cometeu, apresenta boas sequências de ação e recupera personagens que tinham ficado apagados. Porém, Vikings: Valhalla sofre ao não saber balancear bem as suas histórias e é incapaz de fechar tudo de maneira satisfatória, escorregando nos detalhes e deixando inúmeros ganchos para um futuro que não virá.

Uma trama que surgiu aos 45′ do 2º tempo

 

>> 1ª Temporada de Vikings Valhalla

>> 2ª Temporada de Vikings Valhalla

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • A série não gosta muito de lidar com repercussões, né? Certo, vamos lá. O Imperador falou expressamente para o Maniakes que não era pra ele ferir os sarracenos. O Maniakes foi lá e cometeu um genocídio. Na volta para Roma, foi como se nada tivesse acontecido. É sério que o Maniakes nada sofreu depois de ter desobedecido às ordens claras de seu Imperador? Não faz sentido.
  • Como que o Leif achou Jomsburgo tão facilmente? Ele já havia estado lá? Eu realmente não lembro. Se eu estiver errado, peço perdão.
  • Realmente, não fez sentido algum aquele “julgamento” do Harald. O Maniakes leva uma mulher ensanguentada, que está claramente ligada à única suposta testemunha do crime do Harald, e ninguém questiona, nem o réu e nem aquela autoridade religiosa? Em vez de perguntar por que a Dorn estava machucada e dar peso à sua própria argumentação, o Harald preferiu inventar uma história, que acabou nem dando certo porque a Dorn, o Batu e o Kaysan morreram de qualquer jeito.
  • Achei a morte do Maniakes meio decepcionante. Pelo tanto de tensão que foi criada, achei um combate meio rápido, anticlimático, vazio e com uma conclusão capenga. Uma lança no peito, uau. Nenhum tipo de conversa final entre os inimigos? Sei lá, faltou molho. E também achei meio exagerado ter dado certo o plano do Harald de colocar fogo nos corvos pra eles queimarem o prédio. Precisei de muita suspensão de realidade.
  • O deslocamento do Leif não faz sentido algum. Eu sei que o tempo é meio indeterminado, mas ele do nada tá na Grécia, depois em Jomsburgo, depois em Kattegat, e sempre parece chegar na hora certa e falar com as pessoas certas. Conveniente demais.
  • Coitada da Elena. Era a Imperatriz e estava prestes a ter um filho do Harald, que seria tratado como o filho do Romanos. Antes que isso pudesse acontecer, o Romanos foi assassinado. Quando o Harald lidou com esse problema, resolveu ir embora. Com isso, Elena ficou sem marido, filho e amante. Será que pelo menos pôde governar alguma coisa?
  • Velho, é sério que inseriram o arco do Erik no meio da temporada e nem se deram o trabalho de finalizá-lo? E a história do Leif? Quando ele finalmente estava se direcionando pro continente americano, a série acaba.
  • E o que dizer do Harald, que virou rei sem praticamente nenhum obstáculo real? Fez parecer que toda a sua estadia em Rus e Constantinopla foi mais desnecessária ainda, porque ele nem precisava de fato de um exército. Só chegou lá na Noruega, falou que queria o trono, teve uma votação e pronto. Até a prisão do Magnus foi broxamte porque tudo aconteceu muito do nada. E, sobre isso, o fato de terem acelerado tanto a temporada no fim tirou todo o peso da reunião entre Harald, Leif e Freydis. Pensei que eu fosse sentir emoção ou algo do tipo, mas foi tudo tão abrupto. O Harald nem sequer conheceu o filho dele! Sério, que bando de oportunidade desperdiçada. Me senti até um pouco ludibriado.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Leif Eriksson
Ok, preciso confessar uma coisa: eu internamente torcia para que o Leif fosse o melhor desta temporada, pra que a sequência ficasse bonitinha: Harald melhor da 1ª, Freydis da 2ª e Leif da 3ª. Mas eu nem precisei forçar, porque o Leif de fato teve a jornada com a qual eu mais me conectei, embora ele tenha sido prejudicado pelo desleixo do roteiro.

Além da Muralha

+ Melhor episódio: S03E04 (“The End of Jomsburg”)
Esse foi o capítulo que mais reuniu as principais características positivas do universo de Vikings: estratégias de batalha fora da caixinha, intrigas políticas e questionamentos religiosos e filosóficos.

Incrível como a atriz Frida Gustavsson se parece com o Bill Skarsgard

+ Mais subestimado: Rei Canute
Eu gostei muito dele na 1ª temporada e fiquei desapontado por sua presença tão diminuída na 2ª. Felizmente, ele voltou a ganhar destaque e ajudou a potencializar a Rainha Emma e a Rainha Elgiva, que também haviam sido mal aproveitadas.

Reunião de família em Kattegat

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).