• Guilty pleasure
Eu nunca fui muito fã de filmes de terror.
Demorei muito tempo pra tomar coragem e assistir um por causa de um trauma de infância – certa noite estávamos eu e meu irmão mexendo no computador vendo vídeos dos segredos por trás da Monalisa, até que de repente a cara da garota de O Exorcista apareceu na tela. Cara, aquilo me deixou com tanto medo que eu achava que nunca fosse ser feliz novamente.
Depois de muito tempo, já com 15 anos, fui assistir Atividade Paranormal. Curti pra caramba e percebi o tanto de filme bom que eu estava perdendo por causa de um susto na minha época de criança, e a partir daí passei a assistir vários filmes de terror, me adaptando aos seus clichês e aos seus sustos programados. Por isto, quando vi que a ideia de Scream era pegar os elementos clássicos desse gênero e colocar numa série, fiquei no mínimo curioso.
Antes de começar, fui ler algumas críticas. Em geral, todas diziam a mesma coisa, que era adolescente demais, com um monte de furo no roteiro, atuações ruins e personagens sem graça. Mesmo assim, alguns amigos me recomendaram e eu decidi dar uma chance, porque não sou tão exigente assim.
A trama de Scream, claramente inspirada em Pânico, é sobre um assassino que passa a matar estudantes na cidade de Lakewood e possui características muito semelhantes a de outro serial killer que morrera anos atrás naquela mesma cidade. O enredo é centrado em Emma, uma garota quietinha do ensino médio que começa a ser perseguida pelo assassino por meio de telefonemas e mensagens.
Um fato que praticamente todos concordam é que Emma é muito sem graça. Sua personagem não tem expressão, não é carismática e não atrai a compaixão do público. A sorte dela é que outros quebram o seu galho, principalmente Noah, o amigo nerd que é vidrado em serial killers. Outros como Audrey e Brooke também são interessantes, apesar da primeira ter sido bastante criticada por não atuar bem, embora na minha opinião a falta de expressão dela é uma característica da personagem.
Kieran, o gostosão que tem o cabelo impecável também é outro meio sem sal, e tenho a impressão de que se ele tivesse um filho com a Emma nasceria um garoto engraçado e divertido, só de zoas. Will, o par romântico de Emma, é meio ambíguo, tem hora que eu acho ele de boa e tem hora que eu acho ele um bosta. Jake, o inconfundível atleta americano com um comportamento meio agressivo me deu nos nervos durante a temporada inteira, ainda mais porque ele nunca era confrontado por ninguém.
Temos também a mãe de Emma, que não fede nem cheira, o xerife da cidade, que é meio apagado, Piper Shaw, a repórter intrometida e o professor com a voz engraçada parecida com a do ator Dave Franco, de Truque de Mestre, além de alguns outros personagens menores. Como vocês podem ver, Scream não tem a característica de ter personagens carismáticos e memoráveis, porém agora vou dizer por que gostei tanto.
Com esta temporada, bati meu recorde nas séries. Assisti todos os 10 episódios em um intervalo de 10 horas porque Scream é extremamente viciante. A cada capítulo que eu assistia, ficava cada vez mais curioso pra saber quem era o assassino, apesar dos vááários clichês e do tom muitas vezes muito adolescente. E é aqui que entra o guilty pleasure (que na prática é quando você gosta de alguma coisa mesmo sabendo que não tem muita qualidade), onde eu sabia de todos os furos da série mas que diferentemente de Shadowhunters, não me incomodaram ao ponto de eu perder a vontade de assistir.
Outra coisa legal são as referências atuais à cultura pop. Quando assistimos Friends, por exemplo, eu pelo menos nem sempre entendo algumas piadas que eles fazem com algumas celebridades e acontecimentos da década de 90, e aqui tenho muito mais facilidade para pegas as referências. Pode parecer uma coisa pequena, mas é algo digno de nota.
A musiquinha que toca nos créditos de cada episódio também é bem a cara de filmes de terror, e quando eu ouvia Daisy, Daisy em algumas cenas subia aquele arrepio, mesmo Scream sendo bem mais suspense do que terror de fato. A voz do assassino é também foda pra caramba, e eu ficava torcendo pra ele ligar pra Emma só pra eu poder ouvi-la novamente.
O que eu quero dizer é que Scream tem muitas falhas, é bastante clichê e conta com uma narrativa bem adolescente. Mas como o propósito deste blog não é ficar analisando estas coisas propriamente, e sim o tanto que a série me prendeu, não há nada mais justo que dar uma nota alta. Às vezes não queremos ver uma coisa densa, e pra passar o tempo Scream é uma excelente pedida.
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Cara, eu fiquei um tempão pensando que o assassino na verdade era a Piper, primeiro porque havia sido mencionado que ele não era necessariamente homem e segundo porque ela estava sempre muito próxima da Emma. Mas quando ela foi atingida pelo mascarado lá eu fiquei com a cabeça girando, e com esta season finale fiquei mais confuso ainda.
- Aquela cena do segundo episódio no qual o assassino faz o primeiro contato com a Emma é foda pra caramba né, vamos concordar. Botei até aquela frase de status no meu wpp: “what you should really be asking is – did you just lock me in…or out?” (“o que você deveria estar se perguntando é – você me trancou do lado de dentro… ou de fora?”).
- Fiquei com muita agonia da Emma colocando uma fita isolante na ferida do Will, argh.
- Grande participação da Bella Thorne, hein.
- Quando tocou George Ezra <3
- Jurei que a Audrey ia beijar o Noah quando o professor os pegou na sala de aula dele.
- Que detetive enjoada aquela, credo.
- Coitado do Will, eu não conseguia decidir se sentia pena ou raiva dele.
- Aquela subtrama com o prefeito foi meio inútil, né.
- O FINAL DO EPISÓDIO 7: PUTA QUE PARIU.
- Melhor diálogo – Jake: “Acabei de pensar em uma coisa.”
Brooke: “Sua mãe ficaria tão orgulhosa.“ - Achei meio bosta terem feito a Emma dar o último tiro na Piper, fugiu da originalidade. Teria sido bem melhor o tiro fatal ter sido da Audrey.
- Não sou muito de me importar com estas coisas, mas senti falta de personagens negros, confesso.
- Um ponto positivo da série: ela não tem medo de fazer mortes violentas, sangrentas e frenéticas.
- Hmmm, será que a Audrey era parceira da Piper? Só assistindo à segunda temporada pra saber.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Noah
Um autêntico nerd piadista, suas participações foram as melhores. Gostei bastante da Audrey também, apesar da queridinha do público ser a Brooke.
+ Melhor episódio: S01E07 (“In The Trenches”)
Conta com uma sequência de cenas frenéticas e um final que me deixou extremamente chocado.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?