Séries, Suspense/Terror

Penny Dreadful: 3ª Temporada (2016)

• Uma apressada conclusão

Desde que saiu o trailer da temporada ao som de uma versão foda de You Don’t Own Me me veio aquela expectativa por mais aventuras de Vanessa Ives e seus migos. Como raramente assisto à uma série sozinho, sempre acompanhando com meu pai e/ou meus irmãos, a gente sempre espera todos os episódios da temporada serem lançados para vermos tudo de uma vez.
Para surpresa geral, a Showtime notificou que Penny Dreadful se encerraria ali, o que deixou muitos fãs decepcionados. O diretor da série falou que desde o começo a intenção era realmente serem somente três temporadas focadas em Vanessa, mas todo mundo sabe que a série foi cancelada por não gerar a audiência esperada e por gastar demais com a produção. Por isto, inevitavelmente a história aqui ficou bem mais corrida.
O ritmo começa normal. Um novo vilão (res)surge, com a diferença de que agora os personagens estão todos separados: Vanessa continua em Londres, Ethan foi para os Estados Unidos, Malcolm para a África e John Clare se exilou em um navio no Ártico; Dorian, Frankenstein e Lily continuam em Londres mas não interagem com Vanessa em nenhum momento.
O foco parece interessante, e os núcleos se desenvolvem de uma maneira legal de se ver. Vanessa conhece um novo interesse romântico, o Dr. Sweet, e tenta esquecer um pouco os amigos que a deixaram tão sozinha em Londres. Porém, como é dito desde o começo da série, a força de Vanessa está nos amigos que a rodeiam, e por causa disto ela corre grande perigo.
Enquanto isso, Ethan tenta resolver os problemas do passado com seu pai e é seguido por Hecate, aquele bruxinha serelepe que tomou o lugar de Evelyn Poole, e posteriormente por Malcolm, por “pedido” de Connor Kenway Kaetenay, um Apache que fez parte da história de Ethan e quer salvá-lo da morte certa. Bartholomew Rusk, o cover de Sherlock Holmes, também o segue na esperança de enfim capturá-lo.
O núcleo de John Clare se concentra na volta de algumas de suas memórias e na adaptação e procura de seu lugar no mundo, enquanto o de Lily e Dorian é mais movimentado, sendo que a antiga Brona faz parte agora de uma Tropa Feminista™ e que matar todos os homens que vê pela frente, exceto Dorian. Victor Frankenstein reencontra um antigo colega, o Dr. Jekyll (ele mesmo) e volta os seus pensamentos para uma maneira de fazer Lily voltar a ser o que era assim que foi ressuscitada, ainda que ela tenha fingido o tempo todo.
Com estes arcos encaminhados, a terceira temporada de Penny Dreadful é bem diferente das duas primeiras. A atmosfera escura e sombria muitas vezes aqui não é mostrada, dando lugar à luz e ao calor do Velho Oeste estadunidense com Ethan e Malcolm. Além disso, alguns personagens são deixados de lado, como Ferdinand Lyle (que era tão massa na segunda temporada) e até mesmo os próprios Ethan e Malcolm não brilham tanto, dando lugar à novos, como o já mencionado Apache, a Dr. Seward e mais pro final da temporada Catriona, a destruidora de monstros e corações.
Fica claro que Penny Dreadful não era para ter acabado aqui quando vemos os ganchos que a temporada vai dando. Ferdinand Lyle em algum ponto menciona Imhotep (pra quem não sabe, é o antagonista de A Múmia), que poderia ser utilizado como tema posteriormente; Kaetenay, Dr. Seward e Catriona são personagens muito bons para terem sido apresentados praticamente pra nada; e o próprio Dr. Jekyll acabou ficando meio sem graça e sem propósito no final das contas, sem falar nas conclusões dos arcos de Dorian e Lily.
Há a teoria de que o diretor da série só foi avisado do cancelamento da mesma quando as gravações já estavam na metade, o que explicaria o ritmo normal no começo e o acelerado no final. Eu particularmente acredito que isto seja verdade, mas pode ser que tudo que eu falei não passe de um achismo, e às vezes Penny Dreadful realmente foi pensada como uma série de três temporadas, embora eu considere isto bastante improvável.
O final não chega a ser ruim, na verdade faz sentido considerando que a história tinha que ser fechada ali. Ficaram muuuuitas pontas soltas, apesar da galera preferir dizer que as coisas ficaram em aberto”. Aham, sei.
O que importa é que vou sentir muita falta de Penny Dreadful, uma das minhas séries favoritas. Tanto potencial que poderia ter sido desenvolvido, é até triste pensar que Penny foi cancelada e muitas séries piores continuam no ar até hoje. O que nos resta é lamentar e tentar aproveitar ao máximo as últimas aventuras que Vanessa nos proporciona.

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Ficou meio sem sentido terem usado a mesma atriz da Joan Clayton da segunda temporada aqui com a Dr. Seward, mesmo a primeira sendo ancestral da segunda. Eu e meu irmão ficamos o tempo inteiro pensando que elas eram a mesma pessoa e isto só seria revelado no final, o que não aconteceu. Bem estranho.
  • Que menina chata aquela Justine, estava muito arrogante.
  • E aliás, a melhor coisa que o Dorian fez na série inteira foi o pequeno discurso na cena com a Justine: “Ouça, criança. Eu posso jogá-la fora como uma bagagem na momento em que eu tiver vontade. E não pense por um minuto que suas aventuras com mulheres cansativas me chocam. Você acha que você é corajosa? Você acha que sabe sobre o pecado? Você ainda está aprendendo esta língua. Eu escrevi o maldito livro. Você quer jogar comigo, gatinha? Então me mostre as suas garras”.
  • Meta de amizade: John Clare e Vanessa. Porém, poderiam ter tido uma maior interação.
  • Nossa, aquela Hecate morreu tarde, estava corrompendo o meu Ethan (que por sinal, ficou bem cuzão no começo da temporada).
  • O que aconteceu com Drácula? Sexta, no Globo Repórter.
  • Aquela cena que o Ethan entra no quarto da Vanessa depois de sua morte: feels.
  • Queria ter conhecido mais o Índio Velho e a Cat 🙁
  • Pô, Showtime, segunda vez que vocês fazem um final mais ou menos. Né, Dexter?
  • E por falar em Dexter, a Deb e a Vanessa Ives possuem uma desilusão amorosa em comum, né.
  • Alguns núcleos que poderiam ter acontecido no futuro: Ethan e Lily/Brona se encontrarem; Malcolm e Ethan conhecerem o John Clare e sua história; Todos descobrirem os experimentos de Victor.
  • A Vanessa parece a Noiva Cadáver.
  • Pai do Ethan se fodeu, Rusk se fodeu, e policial americano se fodeu. Chega bate um alívio.
  • Certeza que todo mundo sorriu quando o Victor disse “Mr. Hyde” pro Jekyll.
  • Diz a lenda que Malcolm fica 200% mais foda com sua barba de respeito.
  • Vanessa </3

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: John Clare/Creature/Caliban
Mesmo não tendo o melhor arco, ele se destaca pelo seu sofrimento aparentemente interminável e pela interpretação de Rory Kinnear. Vanessa também brilha, até porque Eva Green é Eva Green, né?

Você pode até ter uma vida sofrida, mas nunca superará esse cara
Você pode até ter uma vida sofrida, mas nunca superará esse cara

+ Melhor episódio: S03E04 (“A Blade of Grass”)
Um capítulo com somente três atores, é incrivelmente carregado de emoções e Eva Green e Rory Kinnear impressionam com atuações monstruosas.

Meu wallpaper foi atualizado com sucesso
Meu wallpaper foi atualizado com sucesso

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).