Ação/Policial, Séries

Blindspot: 1ª Temporada (2015/16)

• Uma agradável surpresa

Certo dia meu amigo me recomendou uma série.
Uma coisa comum pra todo mundo, claro. O negócio é que sempre que me recomendam uma série, eu boto na minha lista de interesse e demoro séculos pra assistir. Com Blindspot foi um pouco diferente porque esse meu amigo falou pra eu assistir só o primeiro episódio pra eu ver o que achava, mas não antes de me dizer do que se tratava: o enredo girava em torno de uma mulher misteriosa cheia de tatuagens que aparecera do nada dentro de uma mala no meio da Times Square, endereçada ao FBI. Quando abrem a mala e veem a mulher, que não se lembra nem de seu próprio nome, percebem depois que em suas costas está tatuado o nome de Kurt Weller, um agente do próprio FBI.
Quando ele me falou isto, eu achei interessante pra caralho. Adoro essas séries policiais e misteriosas, e o resuminho havia captado minha atenção. Por isso comecei a ver com meu pai e meu irmão mais novo e confesso que me decepcionei um pouco. Sim, me decepcionei. Apesar da trama intrigante, as coisas se desenvolviam de maneira bem clichê e eu e meu irmão até ficamos zoando este fato.
Kurt Weller é o protagonista loiro com pinta de galã; Jane Doe é a mulher bonita que sabe lutar e vira o interesse amoroso do protagonista; Edgar Reade é o negão meio alívio cômico que tem a função de desconfiar das coisas; Zapata é a parceira duas caras; Mayfair é a chefe com segredos; e Patterson parecia ser somente a talentosa menina dos computadores. Com tantos clichês assim, parecia que a série iria continuar naquele mesmo nível.
Errei feio. Os personagens são sim um pouco batidos, mas com o tempo vamos descobrindo outras camadas dos mesmos e passamos a gostar bastante de cada um, especialmente de Patterson. Como eu pude ver em vários comentários de vários sites diferentes, a nerd tecnológica é indiscutivelmente uma das favoritas dos fãs, com seu jeito geek, engraçado e inteligente, me lembrando um pouco a Felicity nas primeiras temporadas de Arrow.
Além da história e dos personagens clichês, Blindspot também tinha outro defeito – a chamada “fórmula antiga”. Sabe quando a série tem mais de 20 episódios e vários deles possuem os chamados “vilões da semana” ou “casos da semana”? Pois é, alguns podem interpretar como meros fillers que acabam prejudicando a série, sendo que ela tende a ficar repetitiva com o tempo (né, Supernatural?).
Agora vamos voltar à trama principal. Após o FBI levar a mulher misteriosa para seu prédio, os agentes (Patterson, na verdade) descobrem que as tatuagens da garota podem ajudar a solucionar e prevenir crimes que estão ainda para acontecer. Por isso, a equipe formada pela própria Patterson, por Weller, Reade, Zapata e administrada por Mayfair tem a função de desvendar as tatuagens para que incontáveis vidas sejam salvas. E é justamente por isso que a série conta com vários episódios que parecem ter a única função de encher a temporada.
Além dos personagens principais, a série conta com outros menores igualmente interessantes, como David (o mozão da Patterson), Carter (um agente agradável da CIA), Oscar (não posso dizer quem é pois é spoiler), Allison Knight (a ex de Kurt) e um dos meus favoritos – Rich Dotcom. Sério, esse cara conseguiu me conquistar mesmo aparecendo em somente dois episódios, e espero de coração que ele retorne para a segunda temporada.
Blindspot tem uma pegada Prison Break muito forte. Além da clara semelhança envolvendo tatuagens, o estilo da série é por vezes bem semelhante, inclusive o ator que faz o Carter também está na série liderada por Michael Scofield. Acredito que Blindspot consegue se livrar do clichê e estabelecer de vez seu próprio estilo a partir do episódio 7, em que eu e meu irmão começamos a ver a série com novos olhos.
Um trunfo de Blindspot é que as personagens femininas são infinitamente mais interessantes que os homens. Jane, Patterson, Zapata e Mayfair reinam absolutas, e isto é algo muito legal de se ver. E por falar em coisas legais de se ver, os títulos de cada episódio são anagramas, os quais acabam formando outras frases inteiramente diferentes que revelam um pouco mais do conteúdo de cada capítulo.
As revelações são fodas, as reviravoltas são loucas, e a série conta com um desfecho que nos deixa extremamente curiosos para o que está por vir. Talvez se a temporada tivesse sido tão boa assim no começo e tivesse tido menos episódios, poderia ter tido a honra de ganhar 5 Lelecos. Ainda assim, vou imitar meu amigo e sair recomendando Blindspot pro máximo de gente possível. Considere-se recomendado.

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Jane é a Taylor Shaw, Jane não é a Taylor Shaw, é a Taylor Shaw, não pera, ela não é. Isso é que é eu chamo de dupla identidade.
  • Guerrero fazendo cosplay de Miguel Prado de Dexter e David fazendo cosplay de Simon de Shadowhunters.
  • Por falar em David, que vacilo, mano. Fiquei o tempo todo pensando que ele era um fdp que tava enganando a Patterson e vai e ele morre. Fiquei tristão depois com o luto dela.
  • A Zapata gosta de brincar com os meus sentimentos <3
  • Carter morrendo: que sensação maravilhosa.
  • Patterson, Jane e Zapata: trio feminino de respeito.
  • Aquele Fischer parecia o Luigi. E que Luigi irritante, cara.
  • O Borden é um personagem que definitivamente deveria ganhar mais espaço.
  • Não sei bem porquê mas a Jane me lembra um pouco a Kaya Scodelario, vai entender.
  • Reade e Sarah lixo, Reade e Zapata luxo.
  • Mayfair :'(
  • É massa como a série vai alternando os focos a cada episódio, né. Primeiro foca em Kurt, depois na Patterson, depois na Mayfair, depois na Jane e por aí vai.
  • Pros que ficam defendendo o casal Oscar e Jane, por favor, parem. O argumento de que ela o matou sendo que ele só estava fazendo o que ela mesmo pedira é meio furado, até porque temos que considerar que a Jane é uma pessoa completamente diferente da ex-noiva do Oscar, mesmo sendo tecnicamente a mesma. Meio confuso, porém acho que deu pra entender.
  • Aliás, Kurt e Jane melhor casal.
  • Melhor fala do Reade sobre o Rich Dotcom: “não sei bem se ele é o gênio mais idiota ou o idiota mais genial que conheço”.
  • Ah, e eu já tinha ficado triste com a morte dele aí vai o cara solta o paraquedas kkk
  • Não sei bem se considero a Jane uma vítima ou uma tremenda fdp. Acho que fico no meio-termo.
  • Eu tenho certeza que o nome da Patterson é meio que uma referência à palavra “pattern” (“padrão”). Ou pode ser somente minha mente afiada para piadas.
  • O filho da Sarah vestido de vesícula biliar foi o melhor, hueheuheuehe
  • Bow ties are cool, Reade.
  • Que cuzão o pai do Kurt, hein. E que dó do Kurt.
  • Aquela cena final, manoooo. Preciso da segunda temporada.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Patterson
O ponto de equilíbrio dos personagens, Patterson conquista todo mundo com seu jeito de ser, apesar de Jane também ser uma forte concorrente.

A princesa e a rainha, respectivamente
A princesa e a rainha, respectivamente

+ Melhor episódio: S01E18 (“One Begets Technique”)
Vários capítulos merecem destaque, como o 7, o 17 e os três últimos, mas escolhi este pelo fato de ter sido o que mais me divertiu (valeu, Rich).

Rich, bitch

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).