Filmes Solo, Quadros

Blade Runner 2049 (2017)

• Blade Runner 2:43

Olha, eu nem ia fazer esse pitaco.
Sabe quando você assiste um filme e termina tendo a certeza de que não vai se lembrar de boa parte dele depois de algumas semanas? Pois foi este o caso entre eu + Blade Runner 2049.
O dia era 7 de outubro, um sábado. Eis que meu amigo Murilo anuncia que tinha ingressos de cinema praquele dia e que se nós fôssemos não precisaríamos pagar. Eu e meus outros amigos Pedro e Daniel aceitamos, é claro, e logo combinamos de assistir Mãe!. Mas como dizem que alegria de pobre dura pouco, mais tarde Murilo avisou que não teria como ele ir, o que acabou melando o cinema.
A ideia havia sido plantada, eu havia sido fisgado, mas acabou não dando certo. Pedro foi pra casa do Daniel dormir lá, zerar a noite jogando videogame. Eu estava meio com preguiça de dormir fora de casa, mas estava com vontade de sair, principalmente se fosse pro cinema. E aí veio a salvação.
Eu e outros dois amigos, Brenno e Ricardo, temos um grupo no Zap Zap em que falamos sobre filmes. Os dois, inclusive, são aqueles que participaram da postagem sobre o Oscar 2017 deste lindo blog (aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/02/26/oscar-2017/). De qualquer forma, era mais ou menos 18h e pouco quando Ricardo anunciou que ia no cinema naquela noite e que queria que a gente fosse. Ficamos indecisos entre três filmes: DetroitKingsman: O Círculo Dourado Blade Runner 2049. Detroit foi a primeira opção, mas logo descobrimos que ele já tinha saído de cartaz.
Restavam as outras duas opções. Brenno ainda não tinha confirmado se ia ou não, então eu e Ricardo fizemos um trato de que se o nosso amigo também fosse, a gente assistiria Blade Runner. Se ele não fosse, assistiríamos Kingsman, porque o Brenno já tinha assistido.
Nós três acabamos confirmando e Blade Runner 2049 foi o grande escolhido da noite. Se você por acaso tá se perguntando se eu já tinha assistido ao primeiro, saiba que a resposta é não. Se a gente tivesse combinado antes, eu teria feito questão de assistir ao original pra poder ter uma maior noção do universo do filme. Contudo, como foi tudo decidido no dia, não deu nem tempo. Eu nunca tive interesse em assistir ao primeiro Blade Runner, eu só o veria caso tivesse combinado de ver o segundo.
Por que eu contei toda essa história? Não sei. Mas o blog é meu e eu faço o que eu quiser  A verdade é que eu faço isso várias vezes, ainda mais quando o assunto é filme. Eu poderia mencionar que apareci GIGANTEMENTE na tela de cinema – porque eu gravei um comercial pro jornal local daqui e acabei aparecendo por dois segundos no telão. Eu também poderia comentar que o vale-ingresso que meu pai me deu vinha com direito a uma pipoca, e como eu e Brenno já tínhamos comprado sanduíches, acabei dando a minha pro Ricardo; o problema é que ele derrubou metade no chão na sala de cinema, antes mesmo de começar o filme. Além disso tudo, eu poderia falar que o cinema do shopping em que estávamos começou o filme errado, colocando o do Danilo Gentili. Contudo, se eu me demorasse em todos esses detalhes, eu nem iria querer escrever sobre o filme em si.
Blade Runner 2049 se passa em um universo alternativo em que os seres humanos criaram uns tipos de robôs chamados replicantes, o qual tinham a única função de servir. Estes replicantes foram substituídos por modelos mais modernos, quase uns seres humanos melhorados. Estes novos modelos são capazes de sentir emoções devido à memórias implantadas em suas “mentes”, mas são em geral fiéis aos humanos. Além disso, os novos replicantes, como eu disse ali atrás, são como se fossem seres humanos melhorados, capazes de nem se machucar direito quando atingidos por balas ou lâminas.
A trama do filme se inicia quando o policial K (aviso, isso não é 007), interpretado por Ryan Gosling, descobre que um Exterminador do Futuro  uma replicante deu à luz um bebê, algo que deveria ser impossível. O enredo basicamente gira em torno da investigação de K sobre esse acontecimento, com a história inteira se desenrolando a partir disso.
Vamo combinar que a ambientação e o tema do filme não são lá muito originais, né. Esse negócio de inteligência artificial, de questionamentos acerca do que é a vida e se robôs capazes de ter emoções podem ser considerados seres vivos é um artifício que já foi usado inúúúúúmeras vezes no cinema. Entretanto, eu curti a premissa do começo do filme e fiquei curioso pra saber o que a obra iria nos apresentar.
O maior problema do filme é sem dúvidas a sua duração. Com longas 2h43min de duração, o filme tá longe de ser fluido. Vou fazer uma comparação com Forrest Gump, que tem 2h22min. Este último é um dos meus filmes favoritos e eu sempre fico torcendo pra ele nunca acabar, nem vejo o tempo passar. Já Blade Runner 2049 é o contrário. Em diversos momentos do filme minha mente ficou vagando, distraída por pensamentos mais interessantes. O filme é muito lento.
Posso listar vários longas com a temática lenta e que conseguem ser interessantes. O problema de Blade Runner é que essa velocidade é um tanto entediante, com várias cenas do protagonista andando por uma paisagem, as quais parecem durar uma eternidade.
Vi muitos críticos elogiando a técnica do filme, e ela é realmente boa. As atuações são legais, a fotografia é bonita (com cores frias e sem emoção, combinando com a ambientação), a trilha sonora é bem produzida. Contudo, pro meu gosto não se faz um filme bom apenas com técnica – ele tem que ser interessante. Pego como exemplo o filme Um Limite Entre Nós. Com um show de atuação e um formato teatral, eu achei o filme bem maçante em alguns momentos. Eu não julgo quem classifica filmes bons por sua técnica, só não é o meu estilo. O meu único real problema é com quem fala que se você não gostou de algo considerado “cult”, é porque você não entendeu. Beleza, fera.
As reviravoltas do filme são um pouco previsíveis e muitos personagens são mal aproveitados, como o de Jared Leto. A obra deixa muitas pontas soltas, principalmente as que eu mais queria ter visto sendo resolvidas. Além de tudo, Blade Runner 2049 não me deu uma impressão de originalidade como Westworld conseguiu fazer, uma série com uma temática maaais ou menos parecida em alguns aspectos, que mesmo explorando um tema batido foi capaz de trazer inovação.
Ainda que a técnica seja o ponto mais alto do filme, ele tem sim outros pontos positivos, normalmente presentes em algumas cenas isoladas – sobre as quais eu vou comentar melhor nas Observações Spoilentas. Algumas ideias do longa são bem pensadas e me mantiveram interessado até em cenas mais paradas. Contudo, pegando o filme como um todo, achei-o bem mediano.
Assim que o filme acabou e os créditos subiram, Ricardo soltou um “que filmão!” e Brenno falou “muito bom“. Enquanto isso, eu fiquei lá olhando um pouco decepcionado e cansado. Nem me senti motivado a escrever um pitaco, mas senti que deveria. Eu não posso só fazer críticas de filmes que eu gostei, né. E, infelizmente, Blade Runner 2049 não foi um deles.

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Vamo lá, cenas que merecem destaque. Em primeiro lugar, temos a melhor do filme inteiro. O momento em que a personagem Joi se “sincroniza” com aquela bela moça e as duas se movem juntas como se fossem uma só é genial. Toda a execução foi perfeita; em segundo lugar, temos o momento em que K explode em frente à filha de Deckard (não no sentido literal, tá). O modo como Ryan Gosling interpretou alguém em súbita fúria foi incrível; e em terceiro, as cenas de luta, ainda que poucas. Todas elas foram de tirar o fôlego.
  • Pqp aaaaaa que raiva daquela discípula do Jared Leto (não lembro o nome das personagens e tô com preguiça de procurar agora). Por que ela foi pisar no pen drive da Joi??? Pisa menos, vilã.
  • Fiquei o filme inteiro confuso pensando que os replicantes não precisavam de oxigênio. Fiquei “ué” no momento em que o K aterrissa no lugar do orfanato lá e dá pra ver ele respirando. Depois, fiquei mais “ué” ainda quando a Discípula do Jared Leto™ morre afogada/sufocada. Somente quando Brenno e Ricardo me falaram que eles estavam mais para seres humanos turbinados foi que eu entendi melhor.
  • Drax, o Destruidor sendo morto logo no começo. Em que mundo estamos vivendo?
  • Cara, o filme tinha tanta coisa legal que poderia ter sido explorada. Aquela flor solitária no início poderia ter tido um maior significado, ainda que tenha sido poética a simbologia da mesma. Poderiam ter explicado melhor como diabos uma replicante teve um filho, se o personagem do Harrison Ford tem poderes especiais ou algo assim. Tanta coisa que poderia ter sido melhor.
  • Morgan saiu de The Walking Dead pra fazer uma ponta em Blade Runner 2049 como… Morgan, na sua época de alucinado.
  • Outra personagem que poderia ter sido mais explorada: a senhora caolha do guarda-chuva, que me lembrou uma vilã de Crash Bandicoot. Tantos recursos e potenciais histórias paralelas, mas não, vamos mostrar cenas de 10 minutos do “K, I’m Joe” andando pelo deserto e pela casa do Deckard!
  • Se tem uma coisa que eu tenho agonia, é de cenas de luta no escuro. Agora, cenas de luta no escuro e na ÁGUA, quer me matar de tensão.
  • Querido Ridley Scott, se você está lendo isso e estiver pensando numa continuação, por favor, explore mais alguns recursos que este filme deixou em aberto. O senhor deixaria um fã de cinema extremamente contente.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Luv
Uma vilã mais legal do que o antagonista principal.

Luv hurts

+ Maior decepção: Niander Wallace
Devo dizer que eu gosto muito do Jared como ator. Ele arrasou em Clube de Compras Dallas e, mesmo tendo sido um fiasco em Esquadrão Suicida, achei que ele foi o menor dos problemas. Por isso, estava ansioso pra ver o ator nos entregar um bom personagem, uma pena que o roteiro não soube aproveitá-lo.

Fun fact: Jared Leto realmente não estava enxergando em suas cenas

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).