Ficção científica, Séries

Sense8: 1ª Temporada (2015)

• A importância da diversidade

Enfim assisti à série L A C R A D O R A da Netflix.
Tive que aguentar meu irmão mais novo e minha amiga falarem sobre esta série por mais de um ano; aguentar os dois falando de como a Sun era destruidora, a Riley inútil e do quão icônica é a cena do surubão. Justamente por isto eu ficava um pouco com o pé atrás, por pensar que a única função da série era promover a diversidade e a igualdade entre as raças e as orientações sexuais. Porém, de fato Sense8 é bem legal.
Lembro que sempre que eu perguntava o enredo da série para os dois, eles hesitavam e só diziam pra eu ver logo. Realmente é meio complicado explicar, mas vou tentar: Sense8 conta a história de oito pessoas espalhadas pelo mundo que passam a compartilhar experiências e sentimentos que os unem. Não deu pra entender nada, né. Vou dar um exemplo – imagine que você não saiba falar inglês e que nós temos esta ligação mental proposta pela trama. Como eu sei falar inglês, automaticamente você saberá também, e esta regra se aplica a todos os campos possíveis (se você sabe lutar e eu não, terei suas mesmas habilidades devido à nossa ligação e por aí vai).
Além das habilidades compartilhadas, se você estiver passando por um momento de muita tristeza eu também sentirei o mesmo, e isto vale para todo tipo de emoção. Ou seja, a ligação dos sensates da série é profundamente íntima e forte.
Agora que expliquei mais ou menos a questão dos sensates, vamos falar da história e dos personagens em si.

Sun, Will, Riley, Kala, Capheus, Nomi, Wolfgang e Lito
Sun, Will, Riley, Kala, Capheus, Nomi, Wolfgang e Lito

Vamos começar pelo Will, por claramente ser o heroizinho americano benevolente. Will é um policial de Chicago que começa a investigar o conflito principal da série – o suicídio de uma mulher misteriosa – com seu parceiro que eu nem lembro o nome. O personagem não tem nada muito especial, mas é o tipo de pessoa que a gente gosta logo de cara, ainda mais por ser corajoso e útil em cenas de tiro.
Riley é uma DJ islandesa morando em Londres que presencia uns conflitos muito loucos envolvendo seu boy. Com isso, ela deve buscar coragem dentro de si mesma e passa a contar com a ajuda dos sensates. Ela também não é lá muito espetacular, o que justifica um pouco a fama que ela tem de inútil, risos.
Sun já é aquela personagem criada para ser foda. Inteligente e boa de luta (em outras palavras, asiática), a garota deve enfrentar as adversidades provocadas pela empresa de seu pai e ainda assim arranjar tempo somente para ser badass em brigas.
Nomi é uma mulher transsexual zika dos hack. Morando em São Francisco e namorando Amanita, uma das favoritas dos fãs e uma versão sem censura de Martha Jones, ela no começo não é muito impressionante. Contudo, ao longo dos episódios, Nomi foi crescendo e se tornando uma das melhores.
Wolfgang, um jovem alemão famoso por seu talento como ladrão, está focado em não cometer os mesmos erros do pai e em se dar bem numa vida muito digna. Pra mim foi o personagem mais bem trabalhado, e por isto o meu favorito até então.
Lito é um ator mexicano muito bom em sua profissão e um pegador nato diante das câmeras. Porém, temos um porém: Lito é gay e namora um cara chamado Hernando (outro personagem ótimo). Como seus filmes são focados em cenas de explosões e combates, Lito pensa que pegaria mal se descobrissem a natureza de sua sexualidade, e por isto esconde tudo das câmeras. Confesso que no começo não o curtia muito, mas arrisco dizer que suas subtramas se tornaram minhas favoritas, talvez por contar com personagens tão cativantes, como Daniela, além dos dois já mencionados.
Capheus mora precariamente na África com sua mãe e dirige uma van-ônibus para ganhar dinheiro. Entretanto, começa a se envolver com gente perigosa a fim de ter condições para comprar remédios e sua vida toma uma direção inesperada.
Kala é uma indiana submetida à cultura própria daquele país, ou seja, deve casar com um homem que não ama de verdade. Seu arco basicamente gira em torno disso, com todo o seu conflito interno em relação ao seu futuro e ao de sua família.
Ufa! Vamos partir pro próximo passo agora. Quem é o vilão? A verdade é que o vilão da série é meio sem graça. Talvez na próxima temporada ele seja mais ameaçador, mas aqui não ganha muito destaque.
Como tudo na vida, Sense8 possui seus prós e seus contras. E como eu sou um cara de bem com a vida, vamos começar pelas coisas boas. A principal qualidade da série é sem dúvida alguma a representatividade. Hoje em dia, é importante este tipo de coisa, mas a Netflix precisa ter muito cuidado para Sense8 não se tornar apenas um grande fanservice LGBT. Toda obra que foca demais em romances, sejam eles héteros ou homos, vai perdendo um pouco o sentido (não é, Arrow?). Contanto que a história continue boa, por mim pode ter quantas cenas de sexo a Netflix quiser.
Além da representatividade, Sense8 conta com uma premissa original e personagens muito diferentes um do outro. As cenas em que eles compartilham momentos são muito bem feitas, e com certeza ficarão ainda melhores na próxima temporada.
Agora vamos ao trabalho sujo. O principal defeito de Sense8 é justamente o que o torna tão único: a personalidade estereotipada de cada um. Pense bem: o policial é honesto e bonito, o casal gay é lindo e musculoso, a asiática sabe lutar… talvez se o Hernando fosse gordo ou quem soubesse lutar fosse a Riley, as coisas ficariam mais reais. Mas tudo bem.
Outro defeito que deve ser corrigido é o desenvolvimento lento da história principal. Às vezes a série foca tanto nos conflitos dos personagens que os vilões ficam de lado, não dando uma sensação de perigo real aos sensates (exceto o último episódio, que foge à esta regra).
Sense8 tem tudo para se tornar uma grande série. Consertando estes pequenos defeitos e melhorando os arcos, é bem provável que a série esteja no topo daqui a alguns anos. Resta esperar pra saber se a segunda temporada, a qual sai neste ano, será ainda melhor que a primeira. Confiamos em você, Netflix!

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Porra, Will, cê tinha que ter olhado pro Sussurros, né?
  • Amanita e Hernando são sensates morais, sem mais.
  • MANO AQUELA CENA DOS PARTOS FOI AO MESMO TEMPO ESQUISITA E BONITA, CHOREI.
  • O Capheus é muito fofinho, gente, não guento.
  • Kala fica com tromba ou sem tromba?
  • Jurei que o Wolfgang fosse derrotar seus inimigos tocando música clássica. Tá, essa foi ruim.
  • Cara, me diverti muito com as cenas envolvendo Lito, Hernando e Daniela. Melhor trio.
  • Aquela Angelica é bem sinistra, credo. Em compensação, o Jonas é pika.
  • Precisamos falar sobre a barba do pai da Riley. Urgentemente.
  • A cena do Will beijando o nada pela perspectiva do parceiro foi sensacional kkk
  • MANO AQUELA PARTE DO “HEEEEY EEEEY EEEEY EEEY EEY HEEEEY EEEY EEEEY I SAY HEY WHAT’S GOIN’ ON” FOI MUITO FODA.
  • Friendship goals: Wolfgang e Felix.
  • Lito batendo no Joaquin, Sun derrotando geral e Wolfgang usando um RPG – chega arrepio.
  • Van Damme da África >>>> Van Damme original.
  • Eu pensava que aquela cena de orgia fosse ser mais louca. Mas me disseram que a do especial de Natal tá mais intensa ainda.
  • Tomara que a Sun destrua aquele irmãozinho dela.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Wolfgang Bogdanow
Mais da metade das pessoas escolheria a Sun como a mais foda. Porém, o Wolfgang pra mim foi mais interessante, e como o blog é meu eu o escolhi mesmo.

GTA San Andreas feelings
GTA San Andreas feelings

+ Melhor episódio: S01E10 (What’s Human?)
O último capítulo, assim como o quarto, também mereciam o prêmio, mas o diferencial deste aqui é definitivamente a cena final.

Quando seu amigo leva um fora e você tenta animá-lo
Quando seu amigo leva um fora e você tenta animá-lo

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).