Obras de Época, Séries

Frontier: 1ª Temporada (2016)

• Assassin’s Creed III

História. Sangue. Conflitos. Jason Momoa. Discovery Channel. Netflix. Foi baseado nestas características que eu, meu pai e meu irmão mais velho decidimos assistir à nova série distribuída pela nossa querida e amada Netflix, Frontier.
Primeiro que a gente se amarra neste tipo de coisa, principalmente meu pai. Sempre fomos apaixonados por séries de época com este tipo de proposta, e como a Netflix não costuma decepcionar, partimos pra mais essa aventura. Ficamos surpresos pelo fato da temporada ter somente seis episódios, só que ainda assim fomos em frente.
A produção da série é muito boa, sem exageros como em Marco Polo, mas ainda assim muito bem feita. Uma sutil prova disso são os dentes amarelados de personagens que viveram sempre na pobreza, algo que eu nunca havia visto antes numa série, em que mesmo os mais miseráveis usam Colgate. As caracterizações chamam a atenção, além dos cenários frios do Canadá, aonde a trama se desenrola. E é aqui que cabe a minha primeira observação sagaz.
O modo como a história é contada é um pouquinho confuso. Após ter assistido três episódios, eu pensava que era só comigo, mas assim que mencionei o fato para meu irmão, perguntando como ele faria uma sinopse desta série, ele concordou. Frontier foca muito na construção dos personagens e em suas tramas, o que é ótimo, mas não dá um background para que possamos nos situar um pouco mais. Se você não se importa com o contexto histórico e tudo mais, isto não te incomodará muito, eu acho, mas confesso que me deixou um pouco perdido.
Já que mencionei a sinopse, vamos a ela (precisei de uma ajudinha do meu irmão, mas vamo lá): o enredo mostra Michael Smyth, um jovem pobre (que parece o Harry Potter sem magia) morando em Londres, que após uma série de acontecimentos acaba pegando um navio para o Novo Mundo, desembarcando no Canadá. Lá ele se envolve em diversos perigos, incluindo o domínio violento dos soldados britânicos no mercado de peles, liderados por Lorde Benton, e Declan Harp, um rebelde mestiço que ameaça a soberania inglesa. Claro que existem várias subtramas, porém basicamente tudo gira em torno disso.
Além dos três personagens apresentados, Frontier nos fornece vários outros, como o alcoólatra Padre Coffin – que eu esperava que fosse ser um dos principais, mas acaba perdendo espaço – o Capitão Chesterfield, um autêntico soldado cuzão, Sokanon, a índia habilidosa em combate, os ambiciosos irmãos Brown e o destaque da temporada, Grace Emberley. Não são só eles com importância na história, ainda temos o “investidor” Samuel Grant e seu capanga, mas não vou ficar aqui listando todo mundo, né.
Antes de começar a série, eu pensava que meu personagem favorito fosse ser o Declan Harp, protagonizado pelo homão da porra Jason Momoa (eu acho que se esse cara olhasse sério pra mim durante 3 segundos eu sairia correndo que nem um cãozinho assustado), mas a personagem de Grace, a administradora do bar onde as coisas acontecem, foi ganhando meu coração ao longo dos episódios. O Michael também é outro legal, só que às vezes é tão inocente que dá até raiva.
Ainda que a série possua alguns méritos, devo passar pra segunda informação sagaz que me deu muita agonia: a escuridão nas cenas, a qual infelizmente está virando uma mania das séries com os dedos da Netflix. Como em Demolidor, algumas cenas filmadas à noite são escuras até demais, e por diversas vezes eu nem sabia o que estava acontecendo. Espero que eles melhorem isso, porque tá foda.
As atuações em Frontier estão na média. Alguns demonstram que realmente são bons atores, como Alun Armstrong (o Lorde Benton), mas a maioria não nos impressiona. Em algumas cenas isoladas Jason Momoa se destaca, mas em geral todos ficaram no mesmo nível.
Caso você tenha se perguntado o porquê do título ser “Assassin’s Creed III”, deixe-me explicar. Pra quem já jogou os jogos, deve ter sentido que o enredo de Frontier caberia facilmente em um dos jogos da franquia. Pare pra pensar – a série contém muitos elementos que lembram a saga da Ubisoft, como a ligeira semelhança da história de Declan e Connor, o perfil dos vilões principais e secundários, os aliados, as cenas de luta, os diálogos… ah, não é possível que eu tenha sido o único que pensou isso.
O desfecho da temporada é algo no mínimo esquisito, pois acaba de uma maneira em que nenhum arco fica totalmente fechado, num cliffhanger meio bizarro. A gente já tá acostumado com o tradicional gancho pra uma nova temporada, mas Frontier fez isto de maneira totalmente bagunçada e nada a ver.
É aquele negócio, se você não se importa com o contexto histórico e só quer acompanhar uma básica história de vingança, perdas e conflitos, vai possivelmente achar esta série bem legal. Agora, se você esperava mais do que isto de uma série vinda da Netflix, muito provavelmente vai ficar decepcionado.

Edit: 
agora que passou um tempinho depois de eu ter assistido, percebi o principal motivo que me fez dar uma nota baixa. Nem é exatamente por Frontier ser uma série ruim, mas sim por não ser nada memorável. Garanto que a maioria das pessoas que assistiram nem lembrarão dos nomes da maioria dos personagens depois de algumas semanas. Uma pena.

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Na moral, me diverti bastante com aquele Malcolm Brown, muito mais que com o Padre Coffin – confesso que o achei meio forçado.
  • Aquela cena em que a Mary se finge de santinha foi sensacional, hahaha
  • Meu Deus, não aguento mais aquela Clenna. Tomara que ela tenha vazado da série mesmo.
  • Lorde Benton torturando o Declan foi bem foda, vamo combinar.
  • E pensar que o Michael sem querer resolveu um problemão matando o Johnson kk
  • O Chesterfield xonado na Grace, coitado. Tem nem chance.
  • Michael combina muito mais com a Sokanon do que com a Clenna, né.
  • O que é mais assustador? A expressão de Declan ou as sobrancelhas do Lorde Benton?
  • Nossa, que cuzão aquele Samuel Grant.
  • Falando nele, que figura seu capanga Cobbs Pond. Ainda bem que ele não morreu ainda, porque é sem dúvidas um personagem bem marcante.
  • Imogen mais inútil que um machado na mão da Clenna.
  • Ainda tô meio cauteloso em relação àquela Elizabeth Carruthers. Não decidi se ela é realmente foda ou só tenta ser.
  • Que porra de final foi aquele, mano? Aff, nem pro Chesterfield ter morrido pelo menos.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Grace Emberly
Mais uma prova de que as séries estão finalmente valorizando cada vez mais as personagens femininas, Grace surge de longe como a mais interessante. Ponto para Lorde Benton também pela atuação de Alun Armstrong.

Dá até medo de pedir uma cerveja pra ela

+ Melhor episódio: S01E05 (“The Disciple”)
Na realidade todos os capítulos mantiveram um mesmo nível meio nhe, mas algumas sequências deste episódio me fizeram escolhê-lo como o melhor.

Olha, eu sou hétero e tal, mas tenho que reconhecer que esse cara é um legítimo homão

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).