• Allons-y!
E a Era Tennant finalmente chega ao fim.
A volta de Doctor Who em 2005 foi uma grande aposta. Depois de se consolidar láááá atrás como uma das melhores séries de ficção científica da história e uma das pioneiras do gênero, recolocá-la no ar depois de tantos anos era algo que tinha iguais chances de dar muito certo ou terrivelmente errado.
Claro que DW sempre teve milhares de fãs espalhados pelo mundo e que era difícil as pessoas não gostarem do retorno, você pode alegar. Porém, devo deixar uma coisa bem clara pra quem ainda não sabe: os fãs de Doctor Who são incrivelmente chatos. Na verdade verdadeira, toda fanbase é chata de alguma maneira – a maioria dos admiradores de GoT é convencida, com o argumento de que a série é adulta e madura demais pra quem não curte tipo os fãs da DC; os de TWD acham que todo mundo tem que obrigatoriamente achar a série boa, assim como os de Supernatural; os de Breaking Bad pensam que a história não tem defeito nenhum, e por aí vai.
A fanbase de Doctor Who é bastante exigente, mais do que a média. Qualquer episodiozinho ruim já toma uma proporção gigantesca, como se fosse a torcida de um clube grande de futebol. Não estou dizendo que isso é positivo ou negativo, mas por causa deste detalhe o risco de relançar a série de ficção científica era considerável.
Para convencer os fãs antigos e conquistar novos, a BBC primeiramente precisava contar com dois elementos essenciais, um bom Doutor e uma boa companion. E sim, ela conseguiu. Christopher Eccleston fez um belo e importante trabalho como o Nono Doutor, aliado ao carisma de Rose Tyler, com tramas interessantes mesmo com efeitos especiais bem fracos.
Depois de uma temporada, Doctor Who conquistou de vez a galera, introduzindo David Tennant como o Décimo Doutor. Assim como eu disse nos outros pitacos (eu acho), Tennant é considerado por uma grande parte dos fãs como o melhor Doctor da nova geração, pelo menos até agora. Seu jeito sonhador e divertido conquistou imediatamente a maioria dos que acompanham a série, e depois de duas temporadas ele enfim ganhou sua última, se despedindo com emoção.
O primeiro episódio da quarta temporada a ser lançado é na verdade um minisódio (nem sei se existe essa palavra) com apenas 7 minutos de duração. Este minisódio não entra de fato na contagem da temporada, é meio que um episódio 001. E além dele há o episódio 002, o famigerado Especial de Natal, e mais 5 especiais e outros minisódios – estes últimos não fazem parte exatamente da quarta temporada, mas pra facilitar e também porque a Netflix tinha colocado desse jeito tô simplificando as coisas.
Continuando, o primeiro minisódio (eu tô adorando essa palavra e nem sei se fui eu que inventei. Peraí que vou checar) termina exatamente aonde começa o Especial de Natal. Esses especiais já se tornaram uma tradição na série, sempre contando com roteiros legais e interessantes. O desta temporada envolve uma réplica do Titanic voando pelo espaço. Como eu amo as ideias desta série, mano.
Não vou me demorar no que achei de cada episódio por dois motivos. Primeiro porque normalmente quando faço isso me empolgo demais e deixo o texto mais longo que a minha prova de matemática do ensino médio. Segundo porque não lembro muito bem das particularidades de cada capítulo e não achei nenhum resumo decente, lembro mais do básico mesmo. E não vou assistir tudo de novo por agora, até porque comecei a jogar The Witcher 3 e ele tá tomando bastante do meu tempo. Nem sei por que mencionei isso, mas blz
O primeiro episódio oficial, com um indiscutível número 1 estampado é muito legal de assistir. Confesso que não curti muito a Donna em sua primeira aparição na terceira temporada, e até mencionei isto no pitaco dela, mas nos outros ela pareceu bem mais natural. Ríspida e ácida, a nova companion protagoniza uma relação diferente das outras com o Doctor, iniciando seu ciclo em um episódio que conta com seres feitos de gordura. Sim, isso mesmo que você leu. Seres feitos de gordura, os Adipose.
O segundo episódio conta com um fato interessante. Aqui temos a primeira participação de Peter Capaldi, o futuro Décimo Segundo Doutor. O mais intrigante é que até então ele não é o Doctor, mas sim um simples habitante de Pompeia. Isto é explicado nas vindouras temporadas do Twelfth, mas isto é assunto pra outro pitaco, né. O que importa é que este episódio tem uma trama mais legal do que a do próprio filme Pompeia, que Jon Snow me perdoe.
Você, caro leitor, lembra dos Oods? Aqueles alienígenas com uma boca não muito atraente e uma pokébola nas mãos? Eles estão de volta num arco que aborda o tema de escravidão, o que resultou em um bom capítulo, não espetacular, mas que chama a atenção.
E temos outro retorno no quarto e no quinto episódios. Martha Jones, a companion mais adorada de todos (rs) surge uma vez mais para pedir a ajuda do Time Lord mais badalado da galera. É uma boa aparição da personagem, que se estendeu também até o sexto capítulo, o qual possui uma personagem bem diferente, sendo que a atriz que a interpreta é nada mais nada menos que Georgia Moffett. Quem é essa mina, Leleco? Ora, na vida real ela é filha do ator que fez o Quinto Doutor e esposa do próprio David Tennant. Legal, né. E fica mais ainda quando descobrimos quem é a personagem dela.
O episódio 7 é regular, apresentando a figura de Agatha Christie (inclusive a atriz lembra muito a autora). Fui olhar aqui e nem lembrava que a Felicity Jones – a protagonista de Rogue One – tá nele. Coisas que fogem da memória.
O oitavo e o nono marcaram todos os fãs. Doctor e Donna visitam a maior biblioteca do mundo, abrangendo um planeta inteiro. Contudo, chegam lá e pasmem!, não tem uma viva alma no local. Os dois dão uma de Sherlock Holmes e investigam, e a história vai evoluindo, evoluindo, até que apresenta uma nova personagem que pelo jeito conhece o Doctor muito bem. O nome dela é River Song e sabe o que é mais esquisito? O Doctor não a conhece.
Os episódios são muito bem construídos, com vilões assustadores e um final que deixa a gente com um misto de emoções e uma expectativa de ver River Song novamente na série. E depois dele vem “Midnight”, um capítulo considerado por muitos fãs bastante subestimado, sendo que é surpreendentemente forte.
Os três últimos fazem parte de um único arco, tendo aparições que deixaram todo mundo (inclusive este que vos fala) comemorando. Não vou dizer nada que é pra não spoilar nenhum detalhezinho, mas digamos que a temporada é concluída com chave de ouro.
Os especiais que mencionei ali em cima podem ser organizados como episódios 14, 15, 16, 17 e 18, ainda que esteja transgredindo o que a BBC instaurou. Como eu sou um fora da lei, vou fazer isto também, então se eu parar de postar é porque fui preso pela Interpol.
Vou passar correndo por estes especiais, porque não quero cansar vocês com minhas palavras e minha beleza. Os três primeiros tem tramas separadas, mas não menos interessantes. Entretanto, todo o potencial de Doctor Who é despertado furiosamente nos dois últimos, e enquanto escrevo aqui minha cabeça não para de martelar com o som de quatro batidas. Pros que ainda não viram e estão aqui só de zoas, assistam e entenderão o porquê desta informação e o porquê destes dois especiais serem tão maravilhosos.
Acho que é isso. Cês com certeza já devem ter percebido que eu tenho duas maneiras de dar pitaco. De vez em quando faço um resumão da temporada pra só depois dizer o que achei, ou às vezes disserto sobre cada episódio e já vou falando o que achei. Claramente este pitaco saiu da segunda maneira, e caso estejam se perguntando, vou rapidamente explicar o motivo. Séries que têm uma trama contínua durante a temporada inteira – a maioria delas, na realidade – favorecem a primeira abordagem. Porém, quando uma série possui um enredo contínuo mas com uma separação de arcos na própria temporada, prefiro usar o segundo jeito. Há exceções, mas só quis explicar a Metodologia dos Pitacos™ mesmo.
A quarta temporada é a melhor da Fase Um na série moderna de DW. Fase Um é uma coisa que acabei de criar, porque a partir da quinta temporada a série muda BASTANTE visualmente, até mesmo o seu estilo. Uma boa despedida de Tennant com ótimos momentos, a quarta temporada definitivamente não decepciona os exigentes fãs de Doctor Who.
Obs.: fui no Google checar se a palavra “minisódio” existe. Pelo jeito sim, porque quando pesquisei apareceu um monte de vídeo do Cartoon Network. Desapontado, já tava me achando o criador de tendências.
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Não vou chorar, não vou chorar, não vou chorar, não-vou-chorar, nãovouchorar. I don’t wanna go. Chorei.
- Cara, desenvolvi um afeto tão grande pelo Wilfred. Me simpatizei mais por ele do que pela Donna, não me matem.
- Queria tanto que a Jenny aparecesse em outras temporadasssssss
- Já até sei que vou sofrer muito com essa River no futuro. Adoro personagens enigmáticas.
- Ver a Donna perdendo a memória foi tão doído, mano. Depois o Wilfred chorando e despedindo do Doctor aaaaaaa
- Que vilãozão foda o Mestre. Sei que ele é um antagonista clássico da série e que até mesmo já tinha aparecido como o Professor Yana, mas a versão de John Simm foi sensacional.
- Nem é spoiler de nada, mas agora que fui parar pra pensar no nome do David Tennant. Ele é o Décimo Doutor, número 10, “Ten” em inglês. David TENnant. Daora, né.
- Rose Tyler, Sarah Jane Smith, Martha Jones, Jackie Tyler, Mickey Smith e o motherfuckin’ melhor personagem ever Capitão Jack em uma só trama, que ainda tem o(s) Doctor(s) e a Donna. Como não amar?
- Aquele episódio “Midnight” dá medo até no mais corajoso, assim como o “The Waters of Mars”. Credo.
- Toda temporada de Doctor Who tem uma raça extraterrestre hostil que se destaca. Já tivemos os Daleks na primeira, os Cybermen na segunda, os Weeping Angels na terceira e agora os Vashta Nerada na quarta. Qual será a próxima?
- Adorei aquela Lady Christina de Souza, seria legal se ela aparecesse mais vezes. Mas sinceramente duvido.
- Fiquei meio “ué” quando o Doctor regenerou no episódio 12. Pensei “como assim, ainda tem alguns eps, será que o Matt Smith já vai aparecer”. E então tudo fez sentido.
- Aliás, final fofinho que deram pra Rose. Pra Martha e o Mickey também.
- David Morrisey e o estranho caso do Governador que queria virar Doutor.
- O tema de “Turn Left” é um negócio que sempre me deixa pensando. Um simples ato como virar pra um lado específico de uma rua qualquer pode influenciar toda a sua vida. Fico horas pensando nessas coisas.
- Allons-y, Alonso!
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Doctor
Olha, xô deixar uma coisa bem clara. Nas três primeiras temporadas, o meu personagem favorito foi o Capitão Jack, mesmo nem aparecendo tanto assim. Aqui na quarta, o meu favorito foi o Wilfred. Porém, como o Doctor aparece bem mais e é desenvolvido com uma maior profundidade, acho que vou sempre dar o prêmio a ele como melhor personagem. É como se meu cérebro escolhesse o Doctor mas o coração escolhesse o Wilfred. Filosofei agora, putz.
+ Melhor episódio: S04E18/S04SP05 (“The End of Time (2)”)
Eu não tô nem aí se você argumentar que este episódio nem faz parte da quarta temporada oficialmente. Quando assisti na Netflix eu não sabia disso e no meu TVShow Time ele aparece claramente como um bônus desta temporada. E é isso aí (foi difícil decidir o melhor, viu).
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?