• O Clube dos Otários
Toda vez que eu vou no cinema é uma aventura diferente.
Em Homem-Aranha: De Volta ao Lar tive que sentar logo atrás de uma gentil moça que não conseguia calar a boca durante o filme e tentava fazer todo mundo rir, até nos momentos dramáticos. Em praticamente todos os filmes de terror que fui com meu amigo Ygor, ele ficava fazendo piada (embora isso fosse útil quando o filme era uma bosta). Em Capitão América 3: Guerra Civil, meu irmão foi inventar de comprar milk-shake com a namorada logo antes do filme e acabamos todos perdendo o início. Em Dunkirk, o maldito shopping em que estávamos decidiu abrir as portas do cinema depois da hora marcada, e por causa da fila muita gente entrou com o filme já iniciado. Em Assassin’s Creed, o ar-condicionado da sala de cinema em que estávamos estragou e tivemos que assistir ao filme num calor insuportável. É, acho que deu pra entender que não tenho lá muita sorte com cinemas.
Desta vez, fui assistir It com meu irmão mais novo e três amigas nossas. Meu irmão e uma de nossas amigas haviam lido o livro, enquanto eu e outra amiga tínhamos só assistido ao filme antigo e a Amiga Número 3 só sabia que a história tinha um palhaço do mal. Por isso, tenho que ressaltar aqui que não vou levar em conta se It é uma boa adaptação, até porque nem li o livro. Vou levar em conta apenas o que assisti.
Antes de começar a crítica de fato, só queria dizer que o filme de 1990 é muito ruim. Sério, aquele é um dos filmes mais bostas que eu já vi na vida. O roteiro é horrível, os atores não convencem e os efeitos são bem ruinzinhos (eu sei que o filme é antigo, mas já assisti váááários mais antigos ainda com efeitos melhores). A sorte é que eu não me importo tanto com efeitos especiais bons se a história é boa. O azar é que nem isso o primeiro filme consegue fazer, sem contar que ele tem 3 TORTURANTES FUCKIN’ HORAS DE DURAÇÃO. Eu só assisti até o final porque acabei ficando curioso pra saber como acabava.
O remake de 2017 dá uma surra no antigo. Antes do filme sair, o hype estava gigantesco para saber se Bill Skarsgard convenceria como o palhaço Pennywise, até porque pelo menos em minha opinião o vilão foi a única coisa boa do antigo filme. Contudo, A Coisa de Skarsgard é bem diferente d’A Coisa de Tim Curry, o ator original. Enquanto o antigo era mais caricato e sádico, o novo é mais sombrio e aterrorizante.
Pra quem não viu o filme ainda e nem sabe direito do que ele se trata, xô dar uma sinopse aqui. A trama se passa em 1989 na cidade fictícia de Derry, um lugar com uma atração inexplicável por tragédias. O grupo de protagonistas é formado por sete crianças de mais ou menos 12 anos: Billy, o gago; Richie, o palhaço (no sentido de engraçado); Ben, o novato gordinho do colégio; Eddie, o garoto de saúde frágil; Beverly, a única menina do grupo; Stanley, o judeu; e Mike, aquele-que-menos-tem-destaque.
Os sete acabam tendo o destino entrelaçado quando [mais] uma série de coisas esquisitas começa a acontecer na cidade. O grande problema? Parece que ninguém tá dando a mínima, exceto eles. O problema maior ainda? O maligno palhaço Pennywise, o qual eles começam a chamar de “A Coisa” – It em inglês, começa a fazer aparições que só as crianças conseguem perceber, dando a largada para o começo da história.
O ponto mais positivo do filme é sem dúvidas o carisma e o entrosamento dos personagens. Que bando de atores mirins talentosos, pqp. O filme tem uma pegada bem Stranger Things, que aliás se baseou na obra de Stephen King. Então quem acha que A Coisa que se inspirou em Stranger Things, pode ir tirando o Georgie da chuva, porque é exatamente o contrário.
Como eu ia dizendo, todos os atores vão muito bem, com destaque para Richie, interpretado pelo ator que fez o Mike em Stranger Things – Finn Wolfhard. O moleque manda bem demais, acho que quase ninguém esperava que ele fosse se tornar um alívio cômico tão bom, considerando seu personagem na série da Netflix. Todos os outros do grupo das crianças também vão muito bem, sem exceção, gerando uma química incrível e gostosa de se ver.
E já que estamos falando dos personagens, vamos partir pro palhaço. Pennywise, como eu já disse, está bem diferente neste filme em relação ao antigo. Apesar de sua aparência parecer meio cartunizada, ele bota muito mais medo que o anterior, mas isso não quer dizer que tenha sido melhor. Eu mesmo não consigo decidir qual dos dois eu gostei mais. Pra mim o maior problema dele, assim como do filme em si, foi que o palhaço realmente não parecia real, uma mania dos atuais filmes de terror, investir mais em CGI do que em maquiagem.
No entanto, It é um puta filmão. Consegue dar alguns sustos, ainda que o foco seja a história (o que ele conta muito bem) e nos mantém entretidos até o final. Não sei bem o que me segurou a dar 5 Lelecos. Talvez tenha sido pelo fato de eu ter dado azar novamente no cinema e ter tido que ficar ao lado da Amiga Número 3, que ria de nervoso nas partes de terror. Acha que isso é de boa? Na primeira cena do palhaço ela acabou soltando uma risada alta e disse “gente, que bicho feio!”.
Ainda assim, acredito que não tenha sido exatamente isso. Ficou faltando algo no filme, algo que me marcasse mais, não sei. Posso até ser um crítico ruim por nem saber o que me fez não dar nota máxima, mas enfim.
Pra você que não assistiu ao filme ainda, corra pra um cinema assistir, de preferência um que esteja com o ar condicionado funcionando e sem pessoas rindo nas partes de susto. Não vá achando que It é um daqueles filmes com jump scares, o foco dele não é esse. Uma coisa é certa, porém: vale a pena pra caralho.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Como resumir a cena em que o Pennywise devora o braço do Georgie: choque total.
- Mike derrubando o Bowers no fundo do poço (literalmente) foi digno de palmas.
- Senti falta do Richie ser mais explorado, seus dramas e tudo mais. Embora eu tenha adorado ele e seus momentos engraçados, acho que teria sido legal mostrar os dilemas dele.
- Eddie confundindo “placebo” com “gazebo” foi sensacional kkkkk
- Velho, eu gelei quando o Billy deu o tiro na cabeça do Georgie zumbi e por um momento ele ficou lá estatelado no chão. Jurei que o irmãozinho tinha sobrevivido de alguma maneira e o Billy tinha matado ele. Imagina que plot twist fodido?
- Coitado do Ben, ele mó romântico, fez poema, beijou a Beverly Adormecida e ela foi e ficou com o Billy kkk
- Aquela sequência na casa da Rua Neibolt foi muito boa, putz.
- Dica Número 1: Se você ouvir algo saindo do ralo de sua pia, corra o mais rápido possível! Com certeza não é uma coisa agradável.
- Dica Número 2: se você por acaso ouvir alguma voz sussurrante te chamar no escuro, não vá até ela. Pode confiar em mim.
- Beverly Hills matou o pai escroto? Longe de mim incentivar o patricídio, mas boa, mano!
- Você gosta de tiroteios? Que pena, pois eu prefiro uma apocalíptica guerra de pedras™
- “You’ll float too“, essa frase chega arrepia os cabelos da nuca.
- E o prêmio de cena mais assustadora vai paraaaaa… isso mesmo, a cena do palhaço saindo do projetor!
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Richie
De longe o mais divertido do filme, o garoto nos arranca risadas sem parecer forçado.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?