• Estados Munidos da América
OOOOOO SAY CAN YOU SEE, BY THE DAWN’S EARLY LIGHTTTT!!
Acima podemos ver a primeira frase do hino da nação mais poderosa do mundo, a mais justa, a mais livre e a mais perfeita: a América. Com um alicerce democrático e lutas pela liberdade, o país que tem a Casa Branca como base é a coisa mais linda já criada por Deus. Calma, não se assuste. Essa foi apenas uma replicação da descrição estadunidense sobre a própria pátria deles, e que infelizmente passou a ser adotada também em Designated Survivor, uma série que se destacava justamente por não ter muito disso.
Em sua segunda temporada, a obra decepciona, ainda mais se levarmos em conta a sua predecessora. Ela é tão mais fraca que ao longo de minhas maratonas com meu pai nem consegui ficar triste com o fato dela ter sido cancelada. Porém, as coisas evoluem bastante nos episódios finais e fica um gostinho de “quero mais” quando os créditos sobem na tela pela última vez. Por isso, fiquei parcialmente feliz pela Netflix ter resgatado a produção, confirmando uma continuação. Para que eu fique totalmente alegre com a renovação, basta a série voltar às origens e corrigir todos os erros cometidos aqui.
A história retorna a partir do ponto em que foi encerrada a temporada inicial. Com a ameaça de Patrick Lloyd, o responsável por explodir o Capitólio, o presidente Tom Kirkman, agora mais calejado, precisa neutralizar o problema e dar seguimento às outras inúmeras questões que vão surgindo em sua mesa. Isto porque no universo de Designated Survivor uma conspiração é como uma refeição rotineira de café da manhã, uma ameaça de guerra é nada mais que um tópico da lista diária e invasões em países estrangeiros acontecem na mesma medida que você toma água durante o dia – tá, essa última deve ser verdade mesmo. Como se trata de uma obra fictícia, a gente até aceita essas coisas pra que a trama permaneça movimentada dentro dos 22 episódios. Entretanto, um enredo agitado demais é tão ruim quanto um exageradamente lento.
É tanta coisa que acontece no ambiente que circunda Tom Kirkman que alguns grandes problemas vão ficando cada vez mais corriqueiras e causam desinteresse. Está aí o defeito número 1. O defeito número 2 está incrustado nos personagens: ninguém brilha. Na primeira temporada, Kirkman era legal por retratar um governante justo, Emily e Aaron faziam contrapontos e tinham uma excelente interação, Seth cumpria muito bem seu papel de alívio cômico e porta-voz da presidência e a família do sobrevivente designado tinha uns arcos interessantes. Tudo isso se perdeu. Kirkman agora está tão irritantemente justo e bondoso que chega a ficar caricato, Emily e Aaron nem conversam direito – a primeira se tornou uma personagem chata, enquanto o segundo virou alguém dispensável -, Seth tornou-se alguém mais importante do que deveria e o núcleo da família presidencial tá um porre.
O parágrafo a seguir eu reservei quase que exclusivamente para o defeito número 3, Hannah Wells. Uma de minhas favoritas anteriormente, ela se tornou simplesmente a pior de todas. Na primeira temporada, suas aparições eram pontuais, serviam para desenrolar o emaranhado conspiratório contra o governo estadunidense. Agora, ela é chamada pra tudo naquela caralha. O presidente precisa de um café? Chame Hannah Wells, do FBI. Tá faltando presunto e queijo na geladeira da Casa Branca? Chame Hannah Wells, do FBI. Quer conselhos amorosos? Chame Hannah Wells, do FBI. Suas participações estão tão banalizadas e a série perdeu tanta a qualidade do roteiro – defeito número 4 – que a personagem acabou perdendo seu charme. Damian Rennett, um novo rostinho, ainda dá um gás em seus arcos, mas nem isso consegue salvar.
Coisas ruins à parte, vamos falar das qualidades. Ainda que a história não seja mais tão interessante quanto antes, a temporada se destaca em duas frentes: a coragem em tomar algumas decisões, causadas muito por fatores externos, e os novos personagens, os quais são os verdadeiros destaques. Além do já mencionado Damian, o secretário (sei lá o nome correto do cargo) Lyor Boone acaba sendo o melhor personagem logo em sua estreia, com seu jeito sistemático e estranhamente carismático. Suas peculiaridades de vez em quando ficam um pouco exageradas, mas dá pra relevar. As adições da advogada Kendra Daynes e de Trey Kirkman, o irmão do presidente, também funcionam. Porém, a mais interessante é a de Ethan West, que surge mais pro final da temporada. Interpretado pelo lendário Michael J. Fox, o Marty McFly de De Volta para o Futuro, também conhecida como a melhor trilogia do cinema, Ethan dá um novo brilho à série. Além disso, é de certa forma emocionante ver o ator fazendo outros papéis mesmo vivendo a vida inteira com o mal de Parkinson.
No apanhado geral, se tivesse sido finalizada, a série teria deixado saudades por causa da primeira temporada e dos episódios finais da segunda. Vou repetir, se a Netflix conseguir colocar em prática a base do início com os pontos positivos de agora, Designated Survivor pode voltar a surpreender no mercado cada vez mais amplo das séries.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}
{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Coisas que acontecem em todo episódio da segunda temporada de Designated Survivor: Kendra dizendo a palavra “circunstancial”, pessoas abotoando o terno quando levantam de uma cadeira ou sofá, Tom Kirkman avisando que “precisam achar alguma outra maneira”, Seth fazendo caretas e Hannah fazendo merda. Pronto, resumi tudo.
- Estranho como a morte da Alex não gerou muita comoção em mim. Não sei se foi porque eu não curtia muito a personagem ou se foi porque inicialmente não acreditei que ela tinha morrido. De qualquer forma, achei corajoso o fato deles terem matado alguém super importante na série, ainda que tenha sido motivado pela saída da atriz para outra produção. E quem costuma ler meus pitacos sabe que eu adoro decisões corajosas e a falta de medo em matar personagens principais. Não é à toa que acho GoT tão foda, principalmente os livros.
- O Damian realmente morreu? Sei não, hein.
- Não posso deixar de dizer que a Penny é a coisa mais fofinha do mundo.
- Ah, a insistência com o núcleo da mãe da Alex e o arco chato da Emily baixaram bastante o nível de tudo. E por que inexplicavelmente acabaram com a relação entre ela e o Aaron, uma das melhores características do seriado? Emily com o Seth foi tipo a Rachel com o Joey, pqp.
- Onde que foi parar aquela Hookstraten?
- Nota para eu lembrar em uma possível terceira temporada: relacionamento do Kirkman com a Andrea Frost e Dax Minter sendo o vilão infiltrado, tendo hackeado o governo várias vezes e traído a confiança de seu amigo presidente. Ah, lembrar também dos novos personagens – Ellenor Darby, a atual vice-presidente, Trey, o irmão do Kirkman, e aquela personagem que vira uma espécie de ajudante na Casa Branca, que é determinada pra caramba e o Lyor acabou contratando. Esqueci o nome dela, que cu
- As cenas com o Ethan West me geraram várias emoções diferentes. Ao mesmo tempo que eu queria ver mais do personagem, com aquele jeitão excêntrico, eu ficava bem receoso dele não conseguir realizar um bom trabalho por causa de sua doença crônica. Ainda bem que deu tudo certo, sou fã do cara.
- O Chuck ainda vai hackear a Casa Branca e instaurar a ditadura comunista, escrevam o que eu tô falando.
- Mano, que atitude retardada do Kirkman em declarar guerra a aquele país lá, Kunami. Aliás, muito estranho ver nações como as Coreias recebendo novos nomes fictícios na obra – Hun Chiu do Oeste e do Leste. Kunami, inclusive, é o Irã, não é?
- R.I.P. Forstell, o chefe da Hannah no FBI. Se bem que ele não era grandes coisas também.
- Putz, é bem irritante o presidente tomar somente decisões íntegras, com tudo dando certo no final. Meio fora da realidade, né. Pode estar acontecendo o caos, tudo se resolve miraculosamente do nada. Ai, ai.
- Quero até ver a disputa da eleição entre Kirkman e o Moss, ela promete. Se tivesse sido o último episódio mesmo, teria sido perfeito se o primeiro tivesse renunciado ao cargo.
- É sério que vão transformar a Emily numa vilã, depois dela ter feito alguma espécie de trato com a Valeria, a russa lá?
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Lyor Boone
Poucos na segunda temporada são desenvolvidos com qualidade, mas Lyor traz um alívio cômico muito bem-vindo e até suas partes dramáticas são interessantes.
+ Melhor episódio: S02E18 (“Kirkman Agonistes”)
Com tons emocionantes, é o melhor disparado da temporada. Me surpreendi ao ler os comentários do pessoal, dizendo que tinha sido um capítulo bem mais ou menos, mas a participação de Michael J. Fox tornou este aqui especial pra mim.
+ Maior decepção: Aaron Shore
Antes um dos melhores personagens, Aaron não só perdeu espaço, como também deixou de ser aquele cara carismático que a gente tinha se acostumado. Uma pena, espero que resgatem-no em breve.
+ Pior personagem: Hannah Wells (menção [des]onrosa a Emily Rhodes)
Um saco. Esta é a síntese da agente do FBI nesta temporada. Emily fica entre Aaron e Hannah na escala negativa, por pouco não entra nas premiações não tão desejadas deste blog renomado, somente porque ainda conta com alguns momentos agradáveis.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?