• Esquadrão, me suicida
No momento de trevas, eu era um dos poucos que botava fé na DC. Depois de tantas críticas contra Batman vs Superman, eu defendi a obra e aguardei ansioso o próximo capítulo do Universo Estendido. Minha confiança foi traída e me deparei com o que talvez seja o pior filme de super-heróis que eu já vi até hoje.
A proposta de Esquadrão Suicida é pra lá de interessante. Uma organização secreta do governo dos EUA “contrata” uma equipe de supervilões para que os mesmos ajam de acordo com os interesses norte-americanos. Com isso, é desenvolvida uma equipe com esses elementos, e eles acabam tendo que cumprir missões de acobertamento, mesmo que não sejam exatamente do bem. Mas como convencer uma cambada de criminosos violentos e psicopatas a seguir na linha e não tentar fugir durante as operações? Simples, instale um chip na cabeça de cada um, e se por acaso houver desobediência, com o aperto de um botão o aparelho eletrônico simplesmente explode, decapitando o indivíduo rebelde. Ainda por cima, prometa uma redução na pena deles e a combinação pode se tornar efetiva. Até porque não haveria muita escolha – ou eles colaboram e saem com um prêmio no final, apesar de estarem arriscando suas vidas, ou eles não colaboram e morrem. Não é um bagulho muito difícil de escolher.
Essa é a temática do terceiro filme do DCEU. Para emplacar ainda mais a boa premissa, a obra aposta nas faces conhecidas de Will Smith, como o Pistoleiro/Deadshot, e Margot Robbie, a Arlequina/Harley Quinn. Para colocar a cereja no bolo, é anunciada a primeira aparição do novo Coringa interpretado por Jared Leto, sucedendo o icônico Heath Ledger. E não para por aí: temos Viola Davis no papel de Amanda Waller, a líder da instituição secreta a que me referi, uma legítima pica grossa sem escrúpulos, Cara Delevingne dando vida à Magia/Enchantress, uma antagonista mística com um visual foda, e os outros membros do Esquadrão Suicida, como o incendiário El Diablo (Jay Hernandez), o monstro Crocodilo/Killer Croc (Adewale Akinnuoye-Agbaje), o sarcástico Capitão Bumerangue (Jai Courtney) e o acrobata Amarra/Slipknot (Adam Beach). Para completar a lista, temos um soldado tão estadunidense que seu nome é Rick Flag (Joel Kinnaman), junto de sua protetora Katana (Karen Fukuhara).
O filme tinha tudo pra dar certo. Um bom ponto de partida, personagens interessantes, um visual espetacular… mesmo antes do longa ser lançado, a fantasia da Arlequina já havia estourado por todo o mundo. Esquadrão Suicida chegou até mesmo a ganhar o Oscar de Melhor Maquiagem contra Star Trek: Sem Fronteiras, bicho. Além disso, a trilha sonora só tinha música boa, em uma seleção incrível. “Bohemian Rhapsody”, “Seven Nation Army”, “Sympathy For The Devil”, “Fortunate Son”, ao lado das canções feitas pro filme: “Sucker For Pain” e “Heathens”. Porra, é uma sequência pra não botar defeito, e nem mencionei todas.
Tinha tudo pra dar certo, mas deu terrivelmente errado. Eu nem sei dizer qual é a coisa mais bizarra do filme, então vou falar um pouco de cada uma. Pra começar, o roteiro parece que foi feito por um amador. Isso vindo de mim é uma puta crítica, porque eu não sou o maior especialista no assunto. Porém, o enredo é tão ridiculamente fraco que chega a doer. Ainda assim, poderia ter sido perdoado porque até a sua metade o filme é um bom entretenimento, mas depois vira uma bagunça total. Os diálogos são pobres e na questão das atuações, Will Smith e Margot Robbie carregam a história, e a gente vê que eles estão se esforçando, mas nem isso salva. A vilã é fraca, suas motivações ainda mais. A trilha sonora é tão mal colocada nas cenas que dá uma tristeza de ver o desperdício que foi. Toda hora começava a tocar alguma coisa, deixou a impressão de que os responsáveis pela edição só foram colocando aleatoriamente as faixas. Aliás, toda a edição e montagem do filme é mal feita.
Pra piorar, o Coringa ficou ruim. Seu visual já não era o dos melhores, realmente parecia um funkeiro ostentação. Contudo, se ele tivesse sido bem representado o assunto seria outro. Eu não me importo com releituras, acho até saudável, mas putz, não deu pra defender. Jared Leto não convence na pele do maior vilão dos quadrinhos e o pior é que provavelmente nem é totalmente culpa dele. Toda vez que ele dava sua risada, eu ficava com vergonha alheia. A verdade é que ele não parecia nada orgânico, com atitudes quadrinhescas demais pra uma produção de cinema.
O Homem de Aço foi um ótimo filme, e pra mim Batman vs Superman foi espetacular. Agora, Esquadrão Suicida foi um erro, principalmente porque tinha a faca e o queijo na mão. Se fosse um filmezinho qualquer ainda dava pra relevar, mas não foi o caso. Eu assisti pela segunda vez na esperança de que fosse melhor pra mim, só que não rolou. Pra vocês terem uma ideia, eu vou ver Mulher-Maravilha pela primeira vez só agora, tamanho o desânimo que eu fiquei. Ainda assim, eu opto por botar fé na DC.
Aviso: Tem uma cena pós-créditos.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
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~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~
- O mais bizarro do filme foi o El Diablo falando “eu já perdi uma família, não vou perder outra”. Ah não, véi. O cara acabou de conhecer a galera, não tem nem um dia direito. Vai falar que virou família agora? Não força a barra.
- A Magia tava foda pra caramba, mano. Aquela parte dela aparecendo pela primeira vez pra galera do governo lá, chega a arrepiar. Entretanto, aquele segundo visual dela destoou, ficou parecendo sei lá o quê. E aquele Incubus, pqp, que vilão ruim, parecendo o The Rock naquele filme, Escorpião Rei.
- A Arlequina ficou no limite de personagem lunática e forçada. Em algumas cenas ela transparecia um pouco de cada. Talvez tenham exagerado um pouco na dose, mas deu certo.
- Não quero nem lembrar da cena em que o Pistoleiro grita pra Magia que ela é ‘do mal’. Foi meu primo de 6 anos que escreveu isso?
- O Amarra foi o melhor personagem, apareceu por uns segundos e depois teve a cabeça explodida ao ver o tanto que o roteiro era ruim. Que homem.
- Eu não consigo listar uma cena em que o Coringa ficou bom, de verdade. Simplesmente não consigo. Ele deitado rodeado de facas chegou a ser cômico, não impressionante. Por que fizeste isso, DC? Será que foi culpa única do diretor David Ayer? Acho que não.
- Um dos pontos positivos foi a interação do Pistoleiro com o Rick Flag, seus momentos realmente ficaram bons.
- Eu não consigo entender uma coisa. O mundo tava quase acabando com a destruição daquela cidade, mas nas ruas não se via uma viva alma correndo e gritando. Mas o que mais me incomodou foi a ideia de que o grupo dos vilões seria capaz de derrotar uma entidade mística superpoderosa. Sério, parem pra pensar na composição do Esquadrão Suicida, com exceção talvez do Pistoleiro e do El Diablo. A Arlequina é só uma doidinha criminosa, o Capitão Bumerangue só sabe jogar frisbee e o Crocodilo não passa de um cara forte. Em um universo que tem Flash e Aquaman, como eles não foram nem considerados? Toda a ideia do Esquadrão era lidar com acobertamentos, foi pra um lado totalmente sem sentido.
- Aqueles zumbis criados pelo Incubus foram copiados do jogo The Last of Us, certeza. Eu quase fiquei esperando que os protagonistas procurassem por tijolos e garrafas de vidro pra distrair os meliantes.
- Beleza, mas e aí, o que aconteceu com o Griggs (Ike Barinholtz), o soldado da foto ali no texto que simplesmente desapareceu?
- Mais uma cena horrível: o El Diablo escrevendo “bye” com chamas. Deu vontade de rir.
- Será que se o Batman tivesse aparecido mais o filme teria sido melhor? Acho que nunca saberemos.
- Pqp, agora que fui ver aqui, o El Diablo morreu? Mano, foi tão ruim que eu nem percebi isso kkkk e qual foi aquela dele saber a língua da bruxaria? Entendi merda nenhuma.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Arlequina
Uma das únicas a se destacar positivamente ao lado do Pistoleiro, ela chegou a ficar forçada em alguns momentos, mas não apagou a sua boa atuação, além de contar com um visual que vai marcar gerações.
+ Maior decepção: Coringa
Fiquei entre ele e a Magia, porque ela tinha tudo pra ser boa, mas ficou ruim. Porém, devido ao fato de que o Coringa tem um nome de muito mais peso, ele acabou sendo mais decepcionante.
+ Pior personagem: Incubus
Interpretado por Alain Chanoine, eu não tenho nada de bom pra falar sobre o vilão. Nada mesmo.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?