• Saia daqui, cara pálida!
Não ironicamente, eu não esperava que a franquia de Pânico fosse ser tão boa. Nunca fui o maior fã dessas sagas intermináveis de slasher com Jason, Michael Myers, Freddy Krueger e o próprio Ghostface. Pra mandar a real, eu achava até um pouco besta demais pro meu gosto. Porém, como eu dei chances pra Jogos Mortais, que eu jurava que não iria gostar, fazia sentido dar a mesma oportunidade pra Pânico, sobretudo por conta do hype positivo que o sexto filme gerou nos cinemas. Antes de seguir em frente com o texto, vou explicar brevemente algumas coisinhas pra quem não tá familiarizado com esse quadro. Daqui pra frente, vou abordar spoilers a torto e a direito, porque não se trata de uma crítica propriamente dita. Na verdade, é mais uma avaliação geral dos filmes, com detalhes pessoais e comentários a respeito dos acontecimentos. Bora lá?
Peraí, isso aqui é uma paródia?
Um elemento que eu não esperava que estaria presente em Pânico é o senso de paródia que o filme possui. Eu imaginava que seria algo meio trashzão, mas não contava que o roteiro não só teria noção disso, mas brincaria com isso. Aos poucos, fui percebendo que a história não se levava tão a sério, uma característica que foi primordial pra que passasse a ver aquilo tudo com outros olhos. Afinal, se o próprio roteiro estava zoando o subgênero do terror, por que não entrar na onda também?
Por conta disso tudo, eu gostei bastante do personagem do Randy (e, mais pra frente, da Mindy). Eu assistia com um sorriso no rosto às cenas em que ele ditava exatamente o que acontecia em filmes assim, de certa forma criticando a previsibilidade da indústria, brincando com esse fato e ainda subvertendo as próprias falas. Ainda assim, as coisas ficaram ainda melhores porque, eventualmente, Pânico acaba se transformando naquilo que sempre “falou mal”. É pra lá de irônico assistir ao primeiro filme hoje, sabendo que outros cinco vieram depois e ainda tem um outro a caminho.
Além disso, o Ghostface é muito desastrado. Ele não é aquele assassino mascarado imparável que caça as pessoas do jeito mais sombrio e enigmático possível. Ele é simplesmente um maluco (ou uma maluca) com uma faca na mão, roupa de Lorde Voldemort e máscara tosca que acabou se tornando icônica. O Ghostface tropeça, bate a cabeça na geladeira, escorrega e é golpeado constantemente. Se as vítimas utilizassem meio neurônio, conseguiriam escapar ou até mesmo matá-lo antes de ele voltar pra assombrar todo mundo novamente.
Se os filmes se levassem a sério, isso jamais passaria despercebido. Ao dar um tom cômico para a obra, Pânico consegue a proeza de construir um terror-comédia, que não é tão fácil de se fazer. A não ser que você acerte em cheio as doses de cada gênero, o resultado pode ser sem graça, esquecível ou apenas ruim mesmo.
Nem a Juliette sofreu tanto quanto a Sidney Prescott
Cactos, não me agridam, mas a Sidney Prescott sofreu mais do que a ganhadora do BBB 21. Cê tá louco, se eu sou perseguido duas vezes pelo Ghostface, já teria comprado uma passagem só de ida pro interior da Finlândia e começado a trabalhar de fazendeiro pra não ter que voltar a Woodsboro. Por esse motivo, faz muito sentido a personagem não ter voltado pro sexto filme, mas ainda assim senti falta da nossa grande super-heroína.
Os personagens de Pânico costumam ser memoráveis. Sidney, Gale e Dewey são a Santíssima Trindade. Não vou negar, fiquei bem tristão quando o nosso xerife favorito morreu no quinto filme. Eu até entendo ele ir de arrasta pra cima pra abrir espaço pra nova geração, mas que mortezinha besta, hein? Um cara experiente que nem ele atirar no peito do vilão e ficar enrolando pra meter uma bala na cabeça do bicho não faz sentido algum. Essa é a única coisa que me deixa um pouco blééé na franquia, mas ok.
Qual é o melhor filme – e o melhor Ghostface?
O meu filme menos favorito da saga é Pânico 3, e acredito que essa deve ser uma opinião bem popular. O assassino Roman Bridger é proporcionalmente tão esquecível quanto o filme em que antagoniza, e também é o Ghostface mais sem graça. Logo acima na lista, vêm Pânico 2 e os assassinos Mickey e a Sra. Loomis. O filme é legalzinho, mas eu tenho muita preguiça de como franquias que não planejaram um futuro sempre recorrem a familiares perdidos pra poder ressuscitar a história.
Conseguiram perceber um padrão? Quase toda a minha lista de melhores filmes está alinhada com os melhores vilões. Seguindo em frente, Pânico 6 aparece acima do segundo. Daqui para frente, todos os filmes eu considero pelo menos bons. Esse aqui é mais brutal e o Ghostface parece mais ameaçador do que nunca. Infelizmente, a revelação de que aquela família era a responsável foi meio decepcionante, e acabou abaixando o nível geral.
Os três melhores filmes pra mim são, na ordem, Pânico 5, Pânico 4 e Pânico. O primeiro é o melhor por ser o mais original e clássico. Gosto muito do quarto porque, pra mim, é o que mais consegue misturar legado e novidade. O quinto pra mim é praticamente do mesmo nível, que se dá melhor no critério de reassistibilidade. Por isso, dá pra trocar os dois de lugar tranquilamente. Na verdade, dá pra botar o sexto no mesmo balaio, pra mim é difícil escolher. Neste momento, enquanto escrevo o texto, acho que o gabarito seria 1 > 4 > 5 > 6 > 2 > 3. No entanto, volto a reforçar: a ordem de 4, 5 e 6 é bem mutável, não consigo colocá-los de forma estável nesse miolo. Por outro lado, 3, 2 e 1 não saem de onde estão.
Quanto aos portadores do título de Ghostface, a relação dos piores para os melhores fica assim: Roman (3) > Mickey e Loomis (2) > Bailey, Quinn e Ethan (6) > Jill e Charlie (4) > Amber e Richie (5) > Billy e Stu (1). Os únicos que dá pra trocar de lugar são Bailey, Quinn & Ethan e Jill & Charlie. O trio formou um Ghostface pra lá de memorável enquanto estava com as máscaras. Porém, a partir do momento em que as tiraram, o desapontamento tomou conta. Já a dupla pode não ter sido um Ghostface mascarado muito singular, mas eu não esperava que fossem eles os assassinos e ambos se despediram em alta, ao contrário do trio.
No frigir dos ovos, Pânico é uma franquia que se repete exaustivamente, mas inexplicavelmente não dá sinais de cansaço. Eu não passei nem perto de ter a mesma sensação que tive quando assisti Halloween Kills, uma preguiça misturada com raiva do roteiro. Gostei bem mais do que eu esperava, e é muito possível que eu revisite esses filmes novamente no futuro.
>> TerrordoLeleco #01 – Jogos Mortais (2004 a 2010)
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: pra saber sobre quais filmes eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco: Filmes
Nota nº 4: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
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