Ação/Policial

Clickbait (2021)

clickbait

• O nome já diz

Todo mundo já caiu em algum clickbait na vida. Que diabos é isso, pra começo de conversa? Nada mais é do que um termo gringo para “caça-cliques”. Sabe quando você tá navegando pela Internet e de repente vê algo como “PERDEU TUDO!! MORANDO DE ALUGUEL? O DRAMA DE LEONARDO DICAPRIO”, ou “VEJA COMO GANHAR R$ 1 MILHÃO POR DIA SEM SAIR DE CASA”, ou qualquer conteúdo de coach quântico? Pois é, esses são os famosos caça-cliques. No YouTube, tal tipo de formato é muito comum, tanto no título quanto na imagem de capa, a famosa “thumbnail”. Clickbait pega um pouco dessa ideia, e é tão fiel à sua proposta que nos faz pensar que a série vai ser boa, e acabamos sendo enganados por isso.

 

Sinopse

Nick Brewer é um sujeito aparentemente esquentado. Certo dia, o homem desaparece e surge um vídeo dele na Internet. Nas imagens, Nick aparece ensanguentado e segurando um cartaz, dizendo ser um abusador e que, caso consiga 5 milhões de visualizações, será morto. A partir dali, a família e a polícia passam a investigar o caso e procurar por ele, descobrindo verdades ocultas a respeito da vida de Nick.

Para quem não sabe inglês, a tradução é: “com 5 milhões de views, eu ganho um celular novo”

Crítica

Não dá pra negar que a premissa de Clickbait é muito boa, pois levanta muitos possíveis questionamentos. Nick Brewer é realmente um abusador? Se sim, o abuso foi físico, sexual, psicológico ou todos juntos? Ele de fato vai morrer se o vídeo chegar a 5 milhões de visualizações? Isso tudo não passa de um experimento social? Essas foram todas as questões que passaram pela minha cabeça logo no primeiro episódio, quando a história começou a se desenrolar.

Contudo, a força positiva que há na premissa da série é diluída na quantidade de defeitos. O mais evidente é o roteiro que carece de inspiração, apresentando situações estúpidas e diálogos tão previsíveis que eu completei várias frases antes mesmo dos personagens terminarem de falar. Os personagens, inclusive, são pra lá de superficiais. Praticamente todos eles são irritantes, com destaque para a irmã de Nick Brewer, Pia.

Um bom roteiro é construído nos detalhes, e Clickbait erra feio em muitos deles. Os policiais são todos incompetentes, os jornalistas são apenas unidimensionais abutres atrás de carniça e os familiares têm conversas tão rasas que esvaziam a personalidade dos mesmos. Pra completar, o nível de atuação da série tá longe de ser brilhante, e isso acaba incomodando em alguns momentos.

Outro problema de Clickbait é a quantidade de pontas soltas que deixa depois de sua conclusão. A série ficou tão preocupada em encher os episódios de histórias paralelas, a fim de nos desorientar sobre a revelação final, que não soube como retomá-las e concluí-las de maneira satisfatória. Personagens ganham episódios inteiros dedicados a eles, apenas para serem descartados totalmente quando não servem mais aos propósitos da trama. Uma tática bastante preguiçosa de roteiro, e a reviravolta definitiva do último episódio é outra prova disso. Ela existe puramente para surpreender, sem muito sentido na narrativa construída até então.

No final das contas, a sorte de Clickbait é que o ponto de partida foi bom o suficiente para nos manter interessados até o fim. Se não pela qualidade do enredo, pelo menos a curiosidade joga a favor e acaba prendendo a atenção. Alguns arcos da temporada são genuinamente bons, mas são sufocados por eventuais tropeços criativos e facilitações narrativas baratas.

A família mais popular da escola

Veredito

A minissérie Clickbait faz exatamente o que o título diz: te prende a atenção por meio de um ponto de partida chamativo, mas o conteúdo em si é bem mais vazio do que aparenta. Os personagens são chatos e quase nenhum deles nos cativa, um presente de grego tanto do roteiro quanto dos intérpretes. Porém, como trata-se de uma história de apenas oito episódios, chega um momento em que, mesmo a história não estando lá essas coisas, a gente já está tão imerso nela que é impossível não querer continuar para descobrir o que vai acontecer. É uma série que usa truques baratos para entreter; eficazes até certo ponto, mas frágeis em sua essência. Nota final: 2,5/5.

Sexta-feira à noite

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Nick Brewer: eu pensei várias coisas diferentes sobre esse maluco, sinceramente. Primeiro, eu pensei que ele seria inocente. Depois, me convenci de que era culpado, pois a série não brincaria com a possibilidade de um homem acusado de agressão ser inocente, tendo em vista o quanto as mulheres são descredibilizadas quando o assunto é violência doméstica. Após o episódio do Simon, me convenci de que ele era realmente inocente, mas de um jeito diferente do que eu imaginava. Acabou que ele era gente boa e não fez praticamente nada de errado, mas a série poderia ter explicado por que diabos ele tinha um perfil em aplicativo de relacionamento. Será que era só por amizade, ou ele de fato estava traindo? Ah, e eu acho que teria sido melhor se nós espectadores tivéssemos convivido com o Nick por um pouco mais de tempo antes de ele morrer em tela, pra aumentar aquela sensação de não saber se estava mentindo ou não, colocando-nos na pele dos personagens.
  • Sophie Brewer: inicialmente, a personagem não me chamou a atenção porque a atriz parecia meio sem expressão. Ao longo da temporada, fui me simpatizando um pouco mais com ela, mesmo tendo traído o marido a troco de nada. Fico imaginando as coisas que devem passar pela cabeça de uma pessoa que trai alguém que morre de forma trágica. O sentimento de culpa deve ser gigantesco.
  • Ethan e Kai Brewer: me recuso a falar algo de positivo sobre o Kai. Meu Deus do céu, que moleque IDIOTA. Ah, mas ele é uma criança. Pelo amor de Deus. Como é que o menino vai pra casa de um potencial assassino com um TACO DE BEISEBOL e, depois de não se deparar com o que esperava, sequer cogitou a POSSIBILIDADE daquele casal não ser tão amigável assim. Eu quase torci contra ele. Sobre o Ethan, achei o ator meio ruinzinho, parecia que ele só tinha um mesmo jeito de demonstrar incredulidade. Ainda assim, foi legal a história com aquela menina com ansiedade social, e importante porque eles praticamente desvendaram o caso envolvendo o falecido pai.
  • Pia Brewer: cara, que menina mais irritante. Eu tenho uma preguiça enorme de personagens que se acham mais do que são, e “inconveniente” seria a palavra perfeita pra descrevê-la. Quase 30 anos na cara e agindo constantemente como se fosse uma adolescente parecia até o menino Ney. Os seus questionamentos para o Roshan, como se ele fosse obrigado a compartilhar informações confidenciais da polícia com ela, me tiraram do sério.
  • Roshan Amiri: ele não foi um personagem exatamente chato, mas que policial horrível, hein? O cara conseguiu quebrar todos os protocolos ao envolver, em todas as situações possíveis, os familiares de uma vítima de um caso em andamento. Não sou policial, mas não acho que o procedimento correto seria levar um bando de cidadãos comuns para um local isolado com possíveis assassinos e uma criança sequestrada. Nada contra ele no âmbito pessoal, tudo contra ele no âmbito profissional.
  • Simon Burton: não dá pra ficar totalmente com raiva do cara, o luto faz coisas extremas às pessoas. Porém, essa foi uma prova clara de que justiça com as próprias mãos não funciona. Se profissionais envolvidos com investigações cometem erros constantemente, imagina cidadãos comuns que não possuem o mesmo senso de julgamento?
  • Matt Aldin: pelo nível de qualidade da série, eu tinha completa convicção de que ele seria o culpado, pois o caminho estava mais do que óbvio. Acabou que ele não era assassino, mas era de fato um abusador, então o meu julgamento de caráter pelo menos estava certo.
  • Ben Park: personagem só pra preencher espaço e encher linguiça durante a temporada, pois no final das contas serviu pra pouca coisa no contexto geral da série. E nem teve uma conclusão digna, pois sumiu da temporada depois do episódio dedicado a ele.
  • Emma Beesly: não entendi qual foi a dessa mulher. Achei muito mal construída a jornada dela, fazendo parecer que tinha se encontrado pessoalmente com o Nick. Na verdade, achei um artifício muito fraco pra enganar a gente. Pô, então ela mentiu pra polícia esse tempo todo? Isso não deveria ser motivo pra obstrução de justiça? Sei lá, nada a ver.
  • Dawn e Ed Gleed: era impossível alguém adivinhar que os dois seriam os culpados pela morte do Nick, mas isso não quer dizer que foi uma boa reviravolta. Foi legal pela surpresa e tudo mais, só pareceu tão aleatório que a impressão é de que escolheram dois personagens secundários quaisquer só pra, novamente, enganar a gente. Mas, se tratando de uma série chamada Clickbait, era de se esperar.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Nick Brewer
Não ironicamente, Nick foi o único personagem que me deixou intrigado e com vontade de vê-lo mais em tela. A Sophie até evoluiu mais pro final da temporada, mas não o suficiente para eu considerá-la como a melhor personagem. Quanto aos outros principais, nenhum deles me agradou.

O homem das mil faces

+ Melhor episódio: E06 (“The Brother”)
Esse capítulo é totalmente fora da curva. Eu me surpreendi com as decisões tomadas pelo roteiro aqui, e realmente fiquei interessado e fisgado pela trama do episódio. Foi exatamente essa característica que me fez chegar na reta final da temporada com empolgação, e não com a indiferença que senti em outras partes da minissérie.

Quando você tá no Discord com os amigos e perde uma partida de Rocket League por erro do goleiro

+ Pior personagem: Pia Brewer
Parabéns, Pia, você conseguiu ocupar o posto de personagem mais irritante que eu já vi em muito tempo no mundo das séries! Mimada, infantil e cheia de si, ela roubou os holofotes de maneira negativa, prejudicando vários momentos da história. O Roshan também não foi lá essas coisas, mas não chegou a encher o saco, só me fez revirar os olhos devido à falta de profissionalismo por conta de um envolvimento pessoal forçado.

Grandes personagens da televisão

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).