• Nas portas da guerra
É surreal pensar em como a guerra faz parte do cotidiano de tanta gente. Eu olho pela janela do meu quarto e vejo apenas prédios e um horizonte calmo à distância. É esquisito pensar que, neste mesmo momento, outras pessoas não estão vendo nada além de destruição.
Com o despontar da Guerra da Ucrânia, um jornalista internacional decide documentar os primeiros dias da invasão russa na cidade de Mariupol.
Um dos documentários mais marcantes da minha vida é Para Sama, de 2019, que mostra cinco anos da vida de uma mulher vivendo em meio à Guerra na Síria. A experiência com 20 Dias em Mariupol é similar, mas com um viés mais jornalístico e uma narrativa mais fria.
Nos primeiros minutos, o filme balança perigosamente entre a representação crua de uma realidade aterradora e uma forma apelativa de explorar as nuances da guerra. Quando falamos de pessoas perdendo a vida em um conflito, é preciso muito cuidado pra não transformar a dor em espetáculo. 20 Dias em Mariupol parece que vai escorregar por esse caminho, mas calibra as suas ações.
A narração monocórdia de Mstyslav Chernov, responsável pelas imagens e concepção do documentário, ajuda a transmitir a sensação de cidadãos desesperançosos, que não têm forças pra lutar contra uma ameaça tão esmagadoramente superior em questão de poderio militar. A montagem é crua, mostrando que a vida em Mariupol é ter de lidar com sangue e morte todos os dias, sem cessar.
Em relação aos problemas do filme como obra cinematográfica, algumas perguntas jornalísticas me incomodaram. Por exemplo, tem uma cena em que uma mulher fala repetidas vezes que a casa dela foi destruída, apontando para os escombros. O repórter vai até ela e pergunta se aquela é a sua casa. Dá pra entender o que eu tô dizendo? São questionamentos óbvios até demais pra jornalistas claramente capacitados. Ou talvez eu só esteja sendo chato.
20 Dias em Mariupol é um documentário alarmante que mostra como a maior parte de uma guerra acontece nas sombras. Pra quem se interessa por História, jornalismo e cinema, isso aqui é indispensável.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?
