• Além do que os olhos podem ver
Poucas experiências são tão boas quanto assistir a um filme realmente bom no cinema. Hoje em dia, ir ao cinema é um programa que custa caro. Em um dia normal, você paga mais de R$ 20 pelo ingresso, sem contar o transporte até o shopping e o estacionamento, caso vá de carro, além da alimentação. O mínimo que a gente espera é um bom filme em troca, e Anatomia de uma Queda é um desses.
Um homem morre em frente à sua própria casa em circunstâncias misteriosas. A esposa vira a principal suspeita e o filho, a principal testemunha. Porém, um elemento deixa a situação mais complicada: o menino é cego, e a defesa da mãe fica mais difícil do que parece.
Anatomia de uma Queda é um filmaço, já começo por aí. São 2h32min de uma história tão bem contada que eu não senti o tempo passar, e ainda fiquei querendo mais assim que acabou. Acho que não tem como eu não começar pelas atuações. Sandra Hüller dá um show, em uma interpretação humana e cheia de camadas. O jovem Milo Machado-Graner também tá incrível. Há uma cena no final que me impressionou demais pela sutileza. O garoto tem futuro.
A trama de Anatomia de uma Queda pode parecer básica, mas é mais complexa do que aparenta. Normalmente, em um mistério envolvendo a morte de alguém em um filme, as circunstâncias por trás são múltiplas, justamente pra dar material o suficiente pro longa trabalhar. Aqui, as condições da morte são mais simples, mas abrem margem pra interpretações diferentes.
A direção de Justine Triet faz questão de nos deixar do lado da protagonista, mas o filme em si não diz explicitamente a verdade, através de flashbacks ou coisas do tipo. É quase como se a gente fizesse parte do júri, tentando encontrar a verdade frente a uma situação no mínimo complicada. Como eu disse, obviamente há uma parcialidade da nossa parte, mas de um jeito menos carregado.
Anatomia de uma Queda prende a atenção e desenvolve uma história amarradinha, potencializada por grandes atuações. O roteiro é nota 10 e o filme ainda reserva debates após os créditos subirem na tela, permanecendo vivo mesmo depois de terminar.
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