• Sede de sangue
Eu sou fascinado por ideias fora da caixa. É o caso de O Conde, obra chilena disponível na Netflix e com uma indicação a Melhor Fotografia no Oscar de 2024. Não tem como não dizer que a premissa deste filme é interessante, mas será que vale a pena?
Augusto Pinochet é um vampiro. Sim, isso mesmo que você leu. Nascido há séculos e tendo presenciado eventos históricos como a decapitação de Maria Antonieta, o homem parte para a América do Sul e se torna um infame ditador no Chile. Cansado da vida, ele pensa seriamente em morrer, mas a chegada de uma freira muda tudo.
Sério, eu duvido que você não fique pelo menos curioso em saber como vai se desenvolver uma história mirabolante sobre uma das figuras mais terríveis da história. É tipo pegar a vida de Adolf Hitler e dizer que ele na verdade sempre foi um lobisomem.
O ponto de partida em O Conde é indiscutivelmente instigante, e o filme faz de tudo pra sustentar esse sentimento. Há aqui uma constante narração em off, destrinchando toda a trajetória de Pinochet como se aquela fosse uma história real. Violência não falta e o filme não economiza em sangue. Não é exatamente aquela sanguinolência à la Tarantino, é algo muito mais animalesco e, de certa forma, perturbador.
A primeira hora de O Conde é realmente muito boa. É importante dizer que uma boa premissa não significa um bom filme, até porque é preciso transformá-la em um enredo sólido até o fim. O desenvolvimento começa promissor, com um tom sarcástico maravilhoso de acompanhar, cheio de ironias sutis e críticas sociais cômicas, apesar de não ser exatamente um longa engraçado.
Infelizmente, o filme se perde no meio do caminho. A montagem passa a ficar confusa e a narrativa parece querer seguir diferentes rumos, deixando as coisas à deriva. A fotografia e a trilha sonora são ótimas, assim como os diálogos, mas os personagens são contraditórios e a obra vira de cabeça pra baixo muito tarde na trama, deixando a impressão de que são vários filmes em um.
O Conde é esteticamente bonito e tem uma ideia excelente em mãos, mas tropeça nas próprias pernas e não consegue fazer jus a tudo que propôs.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?
