Super-Heróis

Gen V: 1ª Temporada (2023)

gen v

• The Kids

Indo direto ao ponto, fiquei bastante satisfeito com a notícia de que a quinta temporada de The Boys será a última da série. Na verdade, acho que daria pra fechar a história em quatro temporadas, mas acho que cinco é um bom número. Mais do que isso, as chances são altas de que a qualidade seja substituída por desgaste e repetitividade. No entanto, acredito que há espaço pra expansões dentro do universo de The Boys. E é com essa pretensão que nasceu Gen V.

 

Sinopse

Na Universidade Godolkin, super-heróis em potencial se reúnem a fim de treinar suas habilidades sobre-humanas e contribuir com a sociedade de maneira digna e benevolente… ou pelo menos é isso o que diz a publicidade. Na realidade, estudantes irresponsáveis estão no centro de brigas de ego constantes em uma escola que esconde segredos. No olho do furacão, a jovem caloura Marie Moreau busca superar os traumas do passado para se provar diante de todos.

E aí, galera, só nos computer

Crítica

Um amigo meu, que é grande fã deste universo, me disse que Gen V era tipo um The Boys versão Malhação. Portanto, fui assistir com o pensamento de que se tratava de uma série um pouco mais leve ou menos explícita, ou com tramas não tão pesadas quanto a obra original.

A verdade não poderia estar mais longe disso. A única semelhança com Malhação, guardadas as devidas proporções, é o detalhe de que o elenco de Gen V é majoritariamente mais jovem do que em The Boys. Como a história se passa em uma universidade com personagens de 20 e poucos anos, naturalmente há um espaço maior pra interações que não aparecem tanto na predecessora, como romances mais inocentes e uma certa dose de inocência. Fora isso, a quantidade de sangue, palavrões e bizarrices é praticamente igual.

Na minha crítica da terceira temporada de The Boys, eu escrevi que a série é muito mais do que um aglomerado de choques gratuitos e justificativas baratas pra configurar uma “série adulta”. Essa linha de pensamento, inclusive, mais atrapalha do que ajuda, pois, embora seja uma característica inerente à sua existência, a série é muito mais do que apenas isso. O mesmo acontece com Gen V: ela é muito mais do que apenas sangue, palavrões e bizarrices envolvendo jovens adultos, então é importante que não se limite.

Em questão de ritmo, Gen V possivelmente é melhor do que todas as três temporadas de The Boys lançadas até aqui. Precisamos lembrar, é claro, que sem a original não haveria spin-off. Gen V se aproveita do fato de que não precisa “perder tempo” apresentando conceitos, pois parte do pressuposto de que seu espectador já está familiarizado com aquele mundo. Ainda assim, a primeira temporada consegue equilibrar bem os seus dois lados – não se afasta demais da base de The Boys, mas cria uma história original o bastante pra entregar uma identidade própria a Gen V.

Os personagens são ótimos. Eles oscilam entre os episódios, é verdade. A maioria começa bom e melhora com o tempo, ou o contrário. A inserção pontual de rostos conhecidos de outros carnavais estabelece pontos de ligação e ajuda a gente a se manter imerso, mas a série faz questão de deixar claro que Gen V não é sobre Butcher, Homelander, Starlight e Hughie. Gen V é sobre Marie, Emma, Jordan e Cate.

A trilha sonora merece destaque, assim como o enredo objetivo e de boa condução, que reserva surpresas e expande a mitologia do universo, pegando emprestadas todas as qualidades presentes em The Boys e convertendo-as em uma trama de abordagem diferente, mas com alma similar. Há um gancho óbvio pra segunda temporada, que já foi confirmada de maneira antecipada.

R.I.P. Chance Perdomo

Veredito

Se você gosta de The Boys, eu não vejo como poderia não gostar de Gen V. A primeira temporada desta série derivada pode não ter a mesma polidez, sarcasmo e grandiosidade da obra original, mas entrega uma história recheada de personagens multifacetados e com um ritmo tão agradável que os oito episódios passam voando. E se você acha que a ambientação mais adolescente de Gen V, digamos assim, seria um indicativo de que haveria uma perda da essência sanguinolenta e maluca de The Boys, não precisa se preocupar com isso. Nem de longe.

Batman: O Cavaleiro dos Buracos

 

>> 1ª Temporada de The Boys

>> 2ª Temporada de The Boys

>> 3ª Temporada de The Boys

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Maaano, achei muito massa que a Marie tem o mesmo poder da Victoria Neuman, e que na verdade a habilidade da vice-presidente não é “só” explodir cabeças, mas sim controlar o sangue das pessoas e direcioná-los pra onde quiser. Eu não tinha pensado nisso antes, e achei uma sacada genial. Será que o pessoal da série já tinha elaborado isso antes de Gen V?
  • Certo, outra coisa que eu não esperava: o Luke morrer logo no primeiro episódio. Eu jurava que ele seria meio que um projetinho de Homelander, ou então uma versão com consciência do principal herói dos Sete. De repente, o cara simplesmente se matou. Me pegou de surpresa.
  • Gostei muito de como os poderes de praticamente todo mundo são alusões às inseguranças adolescentes mais comuns, principalmente em relação ao próprio corpo. O poder da Emma ter relação com bulimia, o pavor da menstruação no caso da Marie, a ansiedade provocada pelo toque na Cate, e tantos outros exemplos…
  • A pergunta que fica é: o Rufus conseguiu recuperar seu membro viril após ter a cabeça de baixo explodida pela Marie? Que aflição daquela cena, inclusive, meu Deus do céu.
  • Incrível como o Sam se tornou um reacionário vingativo após participar de uma única reunião do tipo. Diz muito sobre a natureza humana, em que as pessoas acham mais fácil o caminho do ódio do que da superação. E é uma pena, porque ele e Emma são fofos juntos.
  • Eu não consegui ficar com raiva da Cate depois de ela buscar o caminho da vingança, na moral. É óbvio que eu sei que ela não está do lado certo ao querer aniquilar todos os humanos. Porém, dá pra culpá-la totalmente, tendo em vista a sua experiência pessoal? Acompanhe comigo. Ela foi renegada pelos pais por causa de algo que não teve culpa, e cuja culpa é mais dos próprios pais do que dela, pois foram eles que quiseram colocar o Composto V na pobre coitada. Depois disso, Cate foi acatada pela reitora e construiu uma relação de confiança, mas esteve sendo usada durante todo o tempo. Na bolha dela, os seres humanos não toleram os supers de jeito nenhum e só querem fazer experimentos com eles. Quando paramos pra pensar, Cate é mais ou menos como o Magneto de X-Men.
  • Será que, durante todo o tempo, a Emma nunca precisou vomitar pra ser capaz de encolher? Será que, na verdade, essa habilidade sempre esteve mais atrelada aos sentimentos dela do que ao constante expurgo e alimentação?
  • Feliz pela participação do ator brasileiro Marco Pigossi, triste pela cabeça do personagem Edison Cardosa ter sido explodida.
  • Todo mundo concorda que a aparição do Soldier Boy como amigo imaginário da Cate foi espetacular, né? Me deu até saudade de The Boys. E ainda teve o Butcher aparecendo no fim, mostrando que o impacto de Gen V talvez seja maior do que a gente imaginava inicialmente.
  • O Andre não era o meu personagem favorito do grupo principal. Acho que, na verdade, era o que eu menos achava interessante. De qualquer forma, a morte do ator Chance Perdomo me pegou muito, pois o personagem tinha bastante coisa a entregar ainda. Que ele descanse em paz.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Cate Dunlap
Ok, vou explicar a minha escolha caso isso seja uma surpresa pra quem assistiu. Eu considero a Marie uma boa protagonista, e me senti engajado com sua jornada. Porém, ela é uma das personagens menos complexas, digamos assim, algo que costuma ser decisivo pra mim. Utilizando esse critério, três pessoas poderiam ter ocupado esse posto, por razões diferentes: Cate, Emma e Jordan. Emma é talvez a personagem mais divertida e regular da temporada, e nos surpreende com as suas várias camadas. Jordan é quem mais tem contornos imprevisíveis. Escolhi a Cate porque foi quem teve a curva de personagem mais cheia de bifurcações, sem que suas decisões parecessem meramente guiadas pelo roteiro.

A Magneta

+ Melhor episódio: S01E06 (“Jumanji”)
Um estudo psicológico, construção de tensão e a história se desenrolando cada vez mais em direção ao final da temporada carimbam esse capítulo como o mais sólido do primeiro ano de Gen V.

Os iPads estão ficando cada vez maiores mesmo, viu

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).