Comédia dramática

Crashing (2016)

crashing minissérie

Friends às avessas

Eu procurei alguns artigos na Internet e não achei uma resposta concreta e definitiva sobre a seguinte questão: Crashing foi concebida como uma minissérie ou acabou sendo cancelada devido à baixa audiência na época? No mesmo ano em que essa obra foi lançada, estreou a 1ª temporada de uma outra série chamada Fleabag, criada por Phoebe Waller-Bridge, que também interpreta a protagonista – a mesma situação de Crashing. Talvez o sucesso estrondoso de Fleabag em comparação a essa outra produção tenha sido determinante na decisão de não dar continuidade a essa última. Mas, no final das contas, o que importa é se esta aqui vale a pena ou não, e é sobre isso que vamos falar hoje.

 

Sinopse

Lulu faz uma visita surpresa a um velho amigo de infância, Anthony, que vive junto com outras pessoas em um hospital abandonado, onde todos trabalham como “guardiões” em troca de moradia. Lulu também está buscando um local pra se instalar, mas a convivência não será fácil – isso porque Anthony está noivo de Kate e a intimidade com Lulu gera uma certa instabilidade no relacionamento. Enquanto isso, o dramático Sam, o tímido Fred, a artística Melody e o triste Colin lidam com seus próprios problemas.

A refeição mais estranha do mundo

Crítica

Crashing é uma daquelas séries que você por acaso encontra na Netflix, decide assistir e, quando dá por si, já acabou. A minissérie tem somente seis episódios, com cerca de 20/25 minutos cada, o que significa que maratonar tudo de uma vez é tão fácil quanto assistir a um filme de mais ou menos 2h30, com uma narrativa acessível e que transcorre com fluidez, sem a gente perceber.

Eu acredito que o primeiro episódio seja decisivo. Se aquele tipo de humor funcionar pra você, provavelmente terá vontade de continuar assistindo. Caso logo de cara você perceba que esse estilo não te agrada, pode até ser que assista por se tratar de algo curto, mas precisará se acostumar com a abordagem. O fato é que Crashing é uma comédia dramática britânica, e comédias britânicas possuem uma identidade muito particular. As piadas são mais secas, a comédia corporal é bastante utilizada e o sarcasmo é praticamente obrigatório.

Eu gosto de comédias britânicas, então pude me divertir com essa parte. É claro que alguns gracejos não funcionaram tão bem comigo, mas em geral achei o roteiro bem afiado e engraçado. Mesmo assim, acredito que o mérito de Crashing, ainda falando dessa parte do humor, está mais na vibe que a série cria desde o início. Não é uma série em que eu saio gargalhando toda hora. Eu solto ocasionais risadas, mas a sensação de estar acompanhando uma história divertida é que faz a diferença.

Crashing é praticamente uma paródia de Friends. Nessa outra, a trama aposta o tempo todo na relação forte que os personagens nutrem entre si, seja de maneira fraternal, amorosa ou ambas. Em Crashing, é o inverso. Os personagens são caóticos, os relacionamentos construídos são claramente tóxicos e é nisso que o roteiro encontra o seu diferencial. A graça da minissérie de Phoebe Waller-Bridge está justamente no fato de que os personagens são diferentes uns dos outros, e que a convivência entre eles gera mais discórdia do que paz e tranquilidade.

Por causa desse caos, os personagens não são individualmente notáveis. Na verdade, a grande maioria deles é até meio chata. Mas, como conjunto, eles funcionam e despertam o nosso afeto, nem que seja pra vermos qual será a próxima confusão que vão criar. Infelizmente, a história termina com um considerável gancho e nunca saberemos se isso foi intencional ou se a pretensão era de continuar desenvolvendo o enredo em uma eventual 2ª temporada.

I’ll be there for you ♫

Veredito

Se você está procurando por uma comédia descompromissada, que foge ao roteiro comum das sitcoms e conta com uma pitada de drama, Crashing pode ser uma boa pedida pro final de semana. O humor britânico é ótimo pra quem curte esse estilo irônico e a série passa voando por causa da leveza de sua narrativa, sem se tornar superficial ou boba. Dá pra assistir a tudo em uma só madrugada e eu até recomendo que você faça essa experiência, pois logo se sentirá apegado aos personagens e ficará com vontade de saber o que acontece nos capítulos seguintes.

Aham, “amigos”…

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Eu ainda não assisti Fleabag, mas baseado no que vi aqui em Crashing, talvez eu goste mais da Phoebe Waller-Bridge como roteirista do que como atriz. Não sei se é porque sua personagem é talarica e meio “pick me girl” aqui, mas o seu humor não me pegou tanto. E acho que a Lulu deveria ficar com o Anthony mesmo, eles claramente têm fortes sentimentos um pelo outro e a Kate tá fora dessa equação.
  • Por falar em Kate, gostei muito dessa personagem. O seu jeito certinho rendeu vários bons momentos nas suas tentativas de se encaixar e imitar a Lulu pra fazer todo mundo rir, como naquele episódio do curry. E todos sabemos que o seu verdadeiro amor é a Jessica, que a beijou naquele restaurante. Brincadeirinha, Kate!
  • Sim, eu sei que o Sam é feito pra ser aquele personagem complexo que usa o humor como escudo pra esconder seus verdadeiros sentimentos, e isso funcionou bem pra mim no primeiro episódio. Depois disso, comecei a ficar meio incomodado com ele, confesso. Não que o australiano bonzão fosse grandes coisas, mas foi foda o Sam destruir o relacionamento do Fred. E só pra pincelar rapidamente, também gostei do Fred no primeiro episódio, mas depois disso o achei meio apagado.
  • Dei uma boa risada quando a Melody revelou ao Colin que o homem por trás de seus quadros era seu pai. Acho que Freud daria cambalhotas pra trás se visse isso. E Melody e Colin formam o melhor e mais puro casal da série. Todos de acordo?

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Melody
Assim como eu disse lá na seção da crítica, os personagens de Crashing não se destacam individualmente, e acredito que os dois principais – Lulu e Anthony – tenham sido provavelmente os que eu menos gostei. Fred, Sam e Kate têm seus momentos, mas oscilam. Melody (não confundir com a MC Melody) fica mais afastada da trama principal do que os outros, mas achei bem engraçadas as suas participações e interações com o Colin.

(insira aqui alguma frase francesa)

+ Melhor episódio: S01E04 (“Episode 4”)
Da mesma forma que ocorre com os personagens, não acho que tenha havido um episódio muito acima dos demais, pois eles funcionam mais como um conjunto. Contudo, acho que neste aqui tivemos várias partes divertidas.

Essa mulher gosta de um ukulele, né, pqp

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).