• Interligados pela solidão
O ator norte-americano Bob Harris está no Japão pra uma série de eventos publicitários. O que prometia ser uma viagem tediosa ganha um novo significado quando ele interage com a jovem Charlotte, hóspede no mesmo hotel.
Por causa de sua fama, eu tinha uma expectativa grande pra Encontros e Desencontros. Direto aparecia pra mim prints interessantes de cenas e relatos positivos, então finalmente corri atrás do prejuízo. Porém, confesso que saí meio desapontado.
Encontros e Desencontros chama a atenção mais pela experiência sensorial do que pela história. A trama é simples, sobre duas pessoas que criam um laço improvável em um lugar mais improvável ainda. É um filme que comunica o seu significado não através (somente) das palavras, mas muitas vezes da falta delas. A diretora Sofia Coppola aposta em uma fotografia nostálgica e opaca, combinando com a mensagem a respeito da solidão humana.
Embora seja uma obra capaz de ser dissecada em várias camadas e gerar debates, não é o tipo de experiência que conversa comigo. Senti algo semelhante com o recente Dias Perfeitos, que também possui cenas esteticamente belas, mas me deixou entediado. Antes que alguém fale, eu não tenho problema com filmes lentos, mas essa é a prova final de que filmes contemplativos acabam não me conquistando.
Além disso, Encontros e Desencontros envelheceu mal na sua representação do Japão. O filme claramente tem uma visão xenofóbica a respeito do país, com um inegável senso de superioridade por parte dos protagonistas. E o pior é que não precisava disso pra comédia funcionar. As diferenças socioculturais, como a alimentação e a baixa estatura dos japoneses, poderiam sustentar muito bem o humor – e em alguns momentos isso ocorre. Em outros, o roteiro abusa do estereótipo. A cena com a “massagista” me deu uma vergonha alheia absurda.
Encontros e Desencontros é um filme muito bem aceito por público e crítica. As atuações principais são boas, o texto toca em pontos sensíveis e a história tem partes bonitas, mas o conjunto não mexeu tanto comigo quanto eu esperava.

CURIOSIDADES
- Bill Murray foi a única escolha de Sofia Coppola pra viver Bob Harris. Se ele tivesse recusado o papel, o longa não teria sido feito. Curiosamente, este se tornou o filme favorito do ator entre os que ele esteve.
- O pai da diretora Sofia Coppola, o lendário Francis Ford Coppola, falou pra filha filmar Encontros e Desencontros em alta definição por ser o “futuro”. Ela optou por filmar em filme por ser “mais romântico”.
- Há teorias sobre o que Bob sussurra para Charlotte no final. No entanto, as únicas pessoas que sabem o que realmente foi dito na cena são Sofia Coppola e os atores Bill Murray e Scarlett Johansson.
- Encontros e Desencontros foi filmado em 27 dias, com orçamento de US$ 4 milhões. Somente na América do Norte, ele arrecadou US$ 44,5 milhões. No mundo todo, foram US$ 119,7 milhões.
FICHA TÉCNICA
Nome original: Lost in Translation
Duração: 1h42
Países: EUA, Japão
Diretora: Sofia Coppola
Elenco principal: Bill Murray, Scarlett Johansson, Giovanni Ribisi, Anna Faris, Akiko Takeshita, Fumihiro Hayashi
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