Super-Heróis

Arrow: 8ª Temporada (2019/20)

• Proteção e sacrifício

Eu comecei a ver Arrow lá em 2016. Desde então, minha jornada com a série foi cheia de altos e baixos. Gostei da primeira temporada, amei a segunda. Tive sentimentos divididos com a terceira, e, a partir da quarta, a obra alternou entre (poucos) bons e (muitos) maus momentos. Seis anos depois de ter iniciado e dois anos após o lançamento da temporada final, eu enfim encerrei a minha trajetória. Do fundo do meu coração, eu achei que os dez últimos episódios tinham grande potencial, mas a probabilidade de ser uma tortura também existia. Surpreendentemente, a temporada de encerramento é boa. Falemos mais sobre isso a seguir.

 

Sinopse

Oliver Queen foi incumbido de realizar a missão mais importante do universo, ou melhor, do multiverso. O Arqueiro Verde precisa completar alguns objetivos para o Monitor, a fim de se preparar pra Crise nas Infinitas Terras. Com isso, as últimas aventuras do Capuz são uma mistura de volta ao passado e expectativa pelo futuro. E, como sempre, o nosso herói terá a ajuda de seus amigos. Além disso, a história da oitava temporada também explora tramas que acontecem décadas após o presente, envolvendo os filhos de Oliver, Diggle e Rene.

Ficaram faltando apenas seus aliados Mouse, Teclado e Gabinete

Crítica

Quando eu percebi que a última temporada seria uma espécie de tributo às anteriores, eu fiquei genuinamente curioso pra conferir o que estava por vir. Pô, eu adoro tributos. Já fiquei pensando na minha cabeça que cada episódio abordaria uma temporada diferente até chegar o oitavo, que seria um crossover com as outras séries, e então se encaminharia o desfecho de Arrow.

No começo, parecia que seria isso. No entanto, eu não conseguia me livrar do sentimento de estar assistindo a mais do mesmo. Os três primeiros episódios são assim. O Oliver indo atrás de alguma coisa, derrotando inimigos pelo caminho e fim. Durante o terceiro capítulo, eu quase cochilei um monte de vezes (e isso também aconteceu com os dois anteriores). Decidi que, assim que acabasse o episódio, eu desligaria a televisão e iria dormir, e foi então que tudo mudou.

O final do terceiro capítulo é incrível. Assim que acabou, eu me ajeitei na cama e decidi ver pelo menos o comecinho do quarto, só pra ter uma ideia de como o enredo se desenrolaria. Naquela mesma noite, vi o quarto episódio inteiro, e na manhã seguinte tratei de assistir ao quinto. Eu não ficava empolgado com Arrow desde a segunda temporada. Sim, eu gostei do início da sétima e de alguns pontos da quinta e da sexta, mas não desta forma.

A empolgação continuou até o sétimo episódio. Em um espaço de dois dias, vi cinco capítulos e querendo mais, algo que eu não imaginava ainda ser possível em Arrow. Neste exato dia em que escrevo este pitaco, assisti aos três últimos. O oitavo foi meio mais ou menos. Tudo bem que eu fiquei com a cabeça girando porque era a Parte 4 da Crise nas Infinitas Terras, e eu não me dei ao trabalho de ver as outras três. Ainda assim, eu achei o próprio episódio meio fraco, mas escreverei mais sobre isso nas Observações Spoilentas, caso alguém queira saber.

Os dois últimos episódios não foram tão bons quanto os demais. O nono parecia outra série, e o décimo foi uma verdadeira enrolação. Uma enrolação com alguns momentos emocionantes, é verdade, mas uma enrolação do mesmo jeito. No contexto geral, a oitava temporada de Arrow tem quatro episódios realmente muito bons, um episódio bom e cinco episódios medianos. Percebam que, mesmo a temporada tendo sido melhor do que eu esperava, teimou em não ser espetacular.

Os velhos problemas dão as caras. Coreografias ruins, diálogos sofríveis e repetitivos (não aguentava mais ouvir a frase “eu fiz isso para proteger vocês”), histórias confusas e com pouca inspiração são marca registrada. Além disso, a ausência de Emily Bett Rickards, intérprete de Felicity Smoak, deixa tudo mais estranho. Eu entendo que a atriz precisou sair da série por conta da sua agenda, mas a justificativa que deram pra personagem não aparecer na trama foi pra lá de fraca. Pra completar, as séries da CW parecem ter uma dificuldade impressionante de colocar pontos finais em suas histórias. Tudo precisa ter um gancho pro futuro, é um saco.

Mesmo com todos os insistentes defeitos, que não vou ficar repetindo aqui (se quiserem saber mais, leiam meus pitacos antigos), é uma competente última temporada. A decisão criativa que aparece ao fim do terceiro episódio dá um fôlego impressionante à série e cria novas possibilidades que não haviam sido abordadas antes. O fato de ser uma temporada com apenas dez episódios também auxilia no processo de tornar o enredo mais coeso, algo que faltou nas outras temporadas.

rene e dinah
Membros essenciais do grupo!!

Veredito

A última temporada de Arrow conseguiu a façanha de me deixar nostálgico, assim como ocorreu em Shadowhunters. Pra uma série que me fez ter tanta dificuldade em terminar devido à qualidade duvidosa de seu conteúdo, isso é dizer o bastante. O miolo da temporada é inesperadamente empolgante e dá vontade de desbravar mais as relações expostas em tela. Os episódios possuem os mesmos defeitos que se repetem desde a terceira temporada, e o universo da CW me dá a impressão de que se tornou grande demais pro seu próprio bem. No entanto, foi um encerramento muito digno. Nota final: 3,7/5.

Yanny ou Laurel?

 

>> Crítica da 1ª Temporada de Arrow

>> Crítica da 2ª Temporada de Arrow

>> Crítica da 3ª Temporada de Arrow

>> Crítica da 4ª Temporada de Arrow

>> Crítica da 5ª Temporada de Arrow

>> Crítica da 6ª Temporada de Arrow

>> Crítica da 7ª Temporada de Arrow

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber quais exatamente são as notas das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Eu acho que a ideia de trazer de volta personagens antigos nos episódios iniciais da temporada seria ótima, se não fosse por um pequeno detalhe: a morte é algo muito banal em Arrow. Por esse motivo, ver novamente Tommy, Moira e outros não foi tão impactante quanto poderia ser, porque eles frequentemente aparecem em flashbacks ou realidades paralelas.
  • Cara, no momento em que Mia, William e Connor foram transportados pro bunker após a morte de Zoe, eu imediatamente me aprumei. E fiquei muito surpreso em querer ver cada vez mais da relação paterna do Oliver em relação aos seus filhos, sobretudo com a Mia. Eu definitivamente tenho um ponto fraco por tramas envolvendo pai e filha.
  • Ainda assim, foi legal também de ver o desenvolvimento do Oliver com o William. A cena em que o filho se abre a respeito de sua sexualidade foi muito boa, e a reação do pai foi a cereja do bolo.
  • Eu gosto muito de loops temporais, então naturalmente curti o episódio do Oliver precisando salvar o Quentin. E a despedida da Laurel foi bonita de se ver, decretando de vez a evolução da personagem.
  • Não vou mentir, fiquei em choque com o braço do Roy sendo decepado pelo Connor. Eu jamais imaginaria que Arrow faria algo tão dark daquele jeito. É claro que, em universos do tipo, perder um membro serve mais pra gerar um visual robótico estiloso do que pra impor uma dificuldade física, mas mesmo assim. Pelo menos o Roy pôde sorrir no final, ao ficar com a Thea.
  • Sobre a Crise nas Infinitas Terras. Eu cheguei a considerar a possibilidade de ver as outras partes pra entender melhor o panorama, mas fiquei com preguiça. E, sendo bem sincero, não me arrependi. Fiquei com a cabeça girando um pouco, mas foi uma conclusão muito anticlimática. A batalha final dos heróis ser com um bando de fumaça ambulante e depois a galera ajudando o Oliver com a força da ENCARADA me fez torcer o nariz. E também não gostei dos últimos momentos do Arqueiro Verde, não cheguei nem a ficar remotamente emocionado. Por outro lado, foi uma surpresa positiva o Barry Allen do DCEU aparecendo. Não esperava por aquela.
  • Que coisa esquisita o negócio da alteração de destinos. Quer dizer então que todas as temporadas anteriores de Arrow fazem parte de uma linha do tempo excluída? Achei meio blé, de verdade. Sem falar que as idas e vindas entre passado e futuro causaram inúmeros paradoxos que a série sequer quis explicar direito. As linhas do tempo são fixas ou mutáveis? Vamos pegar o exemplo de quando o Connor contou pro Diggle a respeito da vilania do JJ. Diggle decide então educar seu filho de outra forma. Nesse cenário, quando Connor retornar ao futuro, JJ será uma pessoa diferente? Com isso, o próprio Connor também não seria uma pessoa diferente, com memórias diferentes? Como isso é possível? Sei lá, acho que viajaram demais na maionese. E, na moral, a Laurel daquele universo não ter voltado à vida não fez sentido algum. Por que a morte dela transformou a trajetória do Oliver e as mortes de Tommy e Moira não? Foram partes essenciais de sua evolução como ser humano e herói.
  • O retorno da Felicity foi legal e tudo mais, deu aquele sentimento de nostalgia, mas poderiam ter dado um álibi melhor. Ela não participar dos eventos da temporada porque estavam com medo de bagunçar a linha do tempo é um motivo risível, pra dizer o mínimo. Ela poderia ter sido presa em alguma dimensão, impossibilitando as suas intervenções. Sei lá, algo mirabolante que pelo menos fizesse sentido com os personagens. Em circunstâncias normais, jamais teriam deixado a Felicity fora da ação, sendo que literalmente todo mundo estava participando. Afinal de contas, era o destino do multiverso em questão.
  • Ok, John Diggle sendo o Lanterna Verde nem chegou a ser uma surpresa, né? Isso já era teorizado pelos fãs há anos. Mas não vou ser chato, foi legal de acompanhar.
  • Tudo bem, eu confesso que foi fofinho o final de Olicity. O shipp estragou muita coisa da série, é verdade, mas pelo menos os dois viveram felizes para sempre.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Oliver Queen (menção honrosa a Laurel Lance)
A temporada inteira foi uma homenagem a ele, então nada mais justo do que ser escolhido como Melhor Personagem pela última vez. Porém, a disputa foi mais acirrada do que o normal. Não seria loucura colocar a Laurel neste posto aqui também.

A Rainha é a peça mais importante do xadrez

+ Melhor episódio: S08E04 (“Present Tense”)
Foi este capítulo que me fez ficar empolgado com a temporada. Destaque para um ótimo trabalho de relações entre personagens.

Will.I.Am

+ Maior evolução: Mia Queen
Tudo bem que a atuação da Katherine McNamara não é exatamente sublime, mas a sua personagem passou de irritantemente revoltada pra interessante. Se isso não é evolução, não sei mais o que é.

A faca combinando com a paleta de cores do ambiente, isso que é fotografia de verdade

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).