Séries, Super-Heróis

Arrow: 4ª Temporada (2015/16)

• Não há nada tão ruim que não possa piorar

Se alguém me perguntar sobre as minhas maiores decepções no mundo, eu não vou falar de desilusões amorosas. Não vou falar de amigos que traem pelas costas. Não vou falar sobre as notas ruins que eu tirei em várias matérias. Eu vou citar Arrow, amigos. Vou citar Arrow e dizer “eu sou da época em que a série era boa”.
A primeira temporada foi surpreendentemente boa. Meu irmão mais velho não curtiu, disse que o protagonista era um Batman travestido de Arqueiro Verde e que as flechas dele eram muito absurdas. Ainda assim, eu achava legal uma “simples flecha” ser capaz de hackear computadores, jogar pôquer, lavar a louça, fazer o almoço… não me importava com isso não. Isso me lembrou meu primo perguntando se na primeira temporada, as flechas hackers tinham que ser lançadas em alguma entrada USB. Cara, eu ri demais daquilo. Respondi que na verdade era HDMI.
De qualquer forma, a segunda temporada é ainda melhor. Com uma trama mais madura e um vilão interessantíssimo, o enredo me deixou preso até o final, me decepcionando somente em algumas partes isoladas. Então veio a terceira temporada. Não gostei muito do fato de terem escolhido o Ra’s al Ghul, um vilão tão Batman, como o antagonista. Mas decidi dar uma chance. A primeira metade da temporada é bem legal, eu gostei bastante. Talvez não no nível da segunda, mas tinha uma premissa interessante. Infelizmente, o trem de Arrow descarrilou e o terceiro ano da série deixou-nos com um sabor amargo na boca. Devido à quantidade de críticas acerca da qualidade da temporada, eu fui na fé que eles melhorariam no ano seguinte. Estava errado. Ah, como eu estava errado.
O grande vilão da quarta temporada é o misterioso Damien Darhk, que já fora mencionado no arco de Ra’s. Interpretado pelo conhecido Neal McDonough, de Band of Brothers Capitão América: O Primeiro Vingador, Darhk traz mágica à série. Não mágica no sentido bom. Mágica no sentido de elementos místicos, que são tão mal aproveitados na história que só de lembrar eu fico com vontade de chorar. Essa temporada foi tão sofrível que comecei em novembro de 2015 e só fui terminar em fevereiro de 2018, mês em que escrevo este pitaco.
Se não fosse minha agonia de começar uma série e não terminar, além do meu compromisso de escrever neste blog, mesmo quando demoro, provavelmente eu não teria continuado a assistir Arrow. De vez em quando, a temporada apresentava flashes da série que costumava ser, como no episódio 18. Curtis Holt é uma agradável novidade, ainda que um pouco caricato às vezes. Lonnie Machin é o ponto alto, um novo personagem que foi bem quando exigido. Em alguns capítulos, a série é assistível – cheguei até a me divertir em alguns momentos, somente para ver a obra cometendo erros toscos logo depois.

A temporada é ruim, mas o pôster é bom

Uma das coisas que mais me dão saudade em Arrow é a equipe reduzida. Eu amava quando era só o Oliver, o Diggle e a Felicity (em sua época legal). Gostei pra caralho quando o Roy passou a fazer parte. Mas agora, Laurel, Thea, Quentyn… não, cara. Não. Agorinha até a Moira vai ressuscitar e virar a Mother Arrow ou algo do tipo. Tá tudo muito cheio de gente, e devo dizer que isso não me agrada nem um pouco.
Outro defeito da temporada é melhor eu comentar nas Observações Spoilentas, porque se você é um pouco fresco, que nem eu, não vai querer saber nem um pouquinho sobre o andamento da história e algumas revelações. Agora, se você ficou curioso e ainda não viu os episódios, fique à vontade para olhar ali embaixo, por sua própria conta e risco.
Mais uma prova de que a temporada é horrível surge no formato dos personagens: nenhum dos principais se destaca. Eu sinceramente não faço ideia de qual foi o melhor. Oliver tá chato pra caramba com sua vibe mais Batman do que nunca. Diggle é o pior de todos. Thea tá um porre, não consigo gostar dela desde que se tornou a Speedy. Malcolm Merlyn, antes tão bem construído, perdeu a graça. O vilão é ridículo. Felicity foi reduzida a uma personagem dispensável e que forçadamente ajuda os companheiros com coisas tão absurdas, que flechas que hackeiam parecem coisa pouca perto de suas ações. Quentyn e os outros secundários me dão preguiça. Não sobra quase ninguém, velho. Vou colocar o Oliver como melhor simplesmente por falta de opções.
Quer mais um defeito? Então toma: os malditos flashbacks. Bicho, perdão por ser tão rude, mas vai tomar no cu, né. Alguém continua ligando pro que aconteceu com o Oliver no passado? Confesso que eu nem me dei o trabalho de tentar entender o que tava rolando. Como eu comecei a ver a temporada e parei por um tempão, só voltando a assistir meses depois, eu não lembrava de nada que tinha acontecido. Em relação à trama principal, eu li resumos pra eu poder me recordar e entender melhor. Quanto aos flashbacks, nem fiz questão.
No resumo da ópera, dei a inédita nota de 1,5 Lelecos. Até hoje, a menor tinha sido a quarta temporada de American Horror Story, com 2 Lelecos e nota exata de 2,1. Este ano de Arrow consegue ser pior que a terrível Freak Show de AHS. De vez em quando, a série conseguia prender um pouco a atenção, mas mano, eu nunca tinha demorado mais de dois anos pra ver uma temporada. Quando terminei, deu uma sensação de alívio. Parecia uma tortura.
Ouvi falar que a quinta temporada melhora, e eu ainda vou assistir. Não porque eu quero, mas porque, como eu disse ali em cima, tenho agonia de deixar coisas pendentes. Contudo, definitivamente Arrow estará em último lugar na minha lista de prioridades.

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}

{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Tá, vamos lá. A ameaça final da temporada é um supervilão planejando destruir o mundo inteiro. O planeta prestes a ser completamente destruído e os únicos que podem salvá-lo são um playboy que sabe lutar e tem um arco especial, um ex-soldado que virou guarda-costas, uma hacker e uns lutadores. Sério, velho? Esse é o tipo de coisa que até Os Vingadores deveriam ter sido chamados, se possível. Pelo menos o Flash deveria ter dado as caras. Foi muito tosca toda a construção desse arco, ridículo. Arrow é o tipo de série que funciona quando foca em inimigos locais, mais ou menos igual ao Batman mesmo. Alguém imagina o Morcego enfrentando sozinho uma ameaça que deveria ser contida pela Liga da Justiça? Com certeza deve ter algum quadrinho assim, mas seguindo a lógica, é algo fora do aceitável.
  • NINGUÉM AGUENTA MAIS OS FLASHBACKS NEM SEI MAIS O QUE TÁ ACONTECENDO E NÃO TÔ NEM AÍ TAMBÉM
  • Um dos únicos momentos realmente bons da temporada – Laurel, em seu leito de morte, dizendo para Oliver: “Eu sei que não sou o amor da sua vida, mas saiba que você é o amor da minha”. Aquilo doeu na alma, bicho, mesmo tendo quase certeza que ela vai voltar em algum momento da série.
  • Pra mim é o cúmulo da falta de criatividade construir tramas em cima da iminência de um ataque nuclear. Cara, é manjado demais. Toda vez que filmes de ação fazem isso, eu automaticamente já reviro os olhos. Uma série de super-herói fazer isso, meus olhos até saíram do rosto.
  • Outra coisa batida: um herói perceber que seus métodos não funcionam e recorrer à política para tentar mudar as coisas de uma maneira diferente. Brincadeira, viu. O roteiro inteiro não passa de uma sucessão de clichês.
  • O nome do “amigo” da Felicity é Cooper Seldon, sério? Parece que esse nome me é familiar.
  • Obrigatoriedades em todos os episódios da quarta temporada: a palavra “escuridão”, que só no último episódio deve ter sido repetida 4095045940 vezes, e o levantar de sobrancelhas do Oliver. É tiro e queda.
  • Irônico o fato dos mocinhos saírem matando geral dos capangas mas quando chegam nos chefões, hesitam. Vai entender.
  • Machin tem um visual muito badass, mano. E ainda matou a chatinha da Ruvé Darhk. Tem meu respeito.
  • Cara kkkkk aquela troca de tiros entre o Diggle e o Andy, que coisa mais bizarra. Não é possível que sejam tão ruins de tiro daquele jeito, dois caras treinados.
  • Aliás, esqueci de falar sobre isso, né. A volta do Andy foi uma das decisões mais sem sentido da série, acabou com uma grande parte da personalidade do Diggle. Totalmente desnecessário.
  • O que é mais bosta, o “grito” da Laurel ou o capacete de Magneto do ~Espartano~?
  • Se eu gravar eu mesmo lutando capoeira com a parede, vai render uma coreografia melhor que as cenas de luta em Arrow.
  • Oh, não, o namorado da Thea morreu!! A comunidade da série está de luto.
  • “Rubicon”, o programa de controle das armas nucleares lá, é um puta nome de remédio, né.
  • Agora só me resta torcer para que a quinta temporada seja melhor. Se for pelo menos do nível da primeira parte da terceira, já vai ser um avanço e tanto.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Oliver Queen
Em uma temporada com personagens sem profundidade nenhuma, quase ninguém se destaca positivamente. Botei o Oliver puramente por falta de opção.

Você vê que o nível tá baixo quando ele é o melhorzinho

+ Melhor episódio: S04E18 (“Eleven-Fifty-Nine”)
Um dos únicos capítulos maduros nesta bagunça atual de Arrow.

Miga, não olha agora, mas tem um cara de olho em você

+ Maior surpresa: Lonnie Machin (Anarky)
Com uma personalidade diferente dos outros, foi um dos pontos positivos da quarta temporada. Se tivesse aparecido mais, teria sido o melhor personagem disparado. Curtis também foi uma adição interessante, acabou se tornando uma válvula de escape em alguns momentos.

Sons of Anarky

+ Maior decepção: Damien Darhk
Tinha tudo para ser um vilão foda. Tinha.

Namore alguém que te olhe desta maneira

+ Pior personagem: John Diggle
Praticamente todos poderiam entrar nesta categoria, sobretudo os personagens do arco dos flashbacks do Oliver – a Taiana e o Reiter. Contudo, são muito secundários e em alguns episódios nem aparecem. Já Diggle tá lá sendo chato e irritante em basicamente todos. Uma pena, porque costumava ser um dos meus favoritos.

Entendedores entenderão

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).