Ação, Missão Impossível

Missão Impossível #04, #05, #06 – Uma Nova Abordagem (2011/15/18)

missão impossível 4 5 6

• Escanteados pelo sistema

É possível notar com clareza a transição entre o estilo antigo de Missão Impossível e o mais novo. Muito disso se dá por conta do avanço dos anos, com novas tecnologias e formas de se contar histórias. A partir de Protocolo Fantasma, toda a parte audiovisual e estrutural é alterada, inserindo algumas doses de humor aqui e ali, e espetacularizando ainda mais os momentos de ação frenética. Além disso, todos esses três filmes sobre os quais escreverei agora têm algo em comum: em todos eles, Ethan Hunt e seus amigos de alguma forma são abandonados pelo governo dos EUA. Isso diz muito sobre muita coisa, mas não tô aqui pra falar disso. Vamos aos filmes! E ah, lembrando que os spoilers estão liberados, então leia por sua conta e risco.

 

Missão Impossível: Protocolo Fantasma – Operação nas alturas

Um grande parceiro meu, Ricardo, é um grande fã de Missão Impossível: Protocolo Fantasma. É um dos favoritos dele da franquia, até por conta de uma relação pessoal com o filme. Por isso, fui assistir com grande expectativa, empolgado também pela perspectiva de que o quarto capítulo dá um novo tom para a saga, e é sempre legal ver novidades.

Devo dizer, no entanto, que Protocolo Fantasma não me chamou a atenção. É óbvio que toda a sequência no Burj Khalifa, com a Jane e o Brandt fingindo ser os dois criminosos, a Jane chutando a Moreau rumo a uma morte terrível de dezenas de andares e o Ethan grudando e desgrudando as mãos no prédio é muito boa. O problema é que a abordagem mais cômica do filme não me agradou muito, e devo dizer que tirou um pouco da identidade.

Protocolo Fantasma em alguns momentos me parece mais um filme qualquer de ação do que uma sequência de Missão Impossível. Este é o filme em que Ethan Hunt está mais apagado, e a presença do Tom Cruise não é tão marcante assim. O roteiro também é meio preguiçoso, no sentido de que é o lugar comum mais comum de filmes de ação pegar códigos nucleares como a grande ameaça, ainda mais envolvendo russos no processo. Até a arma biológica de Missão Impossível 2 é mais interessante, pra ser bem sincero.

Vou repetir que Protocolo Fantasma tem sim boas partes de ação, e destaco também todas aquelas cenas do Kremlin, sobretudo aquela em que Ethan e Benji estão caminhando pelo corredor com um projetor gigantesco. Contudo, infelizmente a maneira com que o filme é conduzido não funcionou pra mim, embora eu entenda aqueles que preferem esse estilo.

Eu e os parças indo assistir Barbie nos cinemas

Missão Impossível: Nação Secreta – O pulo do gato do Sindicato

Depois de não ter gostado tanto assim de Protocolo Fantasma, confesso que fui assistir Nação Secreta com a expectativa um pouco baixa e um medinho de também não curtir. Eu não poderia estar mais errado, porque esse quinto filme é maravilhoso e um dos meus favoritos até então. Inclusive, não é loucura dizer que é o melhor.

Logo de cara, a gente tem uma sequência onde o Ethan Hunt pula em cima de um maldito AVIÃO em movimento. Cara, eu amo como essa franquia desafia os limites da capacidade humana, sem que esses momentos pareçam exagerados demais. Com certeza o Tom Cruise é um pilar dessa característica. Quando você tem um ator que faz a maioria esmagadora das coreografias de seu personagem, incluindo essa sequência do avião, o filme ganha um ar de realidade, mesmo diante de tantas situações mirabolantes. E haja situação mirabolante em Missão Impossível: Nação Secreta.

Uma das coisas que eu mais gostei neste filme é como ele explora a vulnerabilidade do Ethan. A parte em que ele morre afogado e é salvo pela excelente personagem Ilsa Faust, uma novidade mais do que bem-vinda na saga, e a sua confusão mental enquanto dirige o carro em busca do pen drive, são sensacionais. Vulnerabilidade em filmes de ação faz com que a gente se identifique mais com os heróis. Ora, se até o Ethan Hunt se machuca e perde algumas batalhas, cai por terra aquele status de “imortal” e estreitam-se os laços com nós, espectadores.

O vilão Solomon Lane pode não ser tão bom quanto Owen Davian, de Missão Impossível 3, mas eu devo dizer que gostei bastante dele. O cara parecia uma raposa, e em vários sentidos foi de fato o nêmesis do Ethan Hunt. O antagonismo é apenas um dos tantos acertos de Missão Impossível: Nação Secreta, que desenvolve muito bem a sua história e possui espetaculares cenas de ação, com destaque para a sequência na ópera. Esse filme aqui vai ficar na memória.

Uma das melhores sequências da franquia, sem dúvidas

Missão Impossível: Efeito Fallout – O poder do bigode

Cara, eu acho que esse é o filme mais bonito da franquia, e não só por causa do Henry Cavill. É claro que ele contribui, mas a fotografia é o grande fator. Os planos abertos, os cenários, as perseguições, tudo contribui para um formidável espetáculo visual, potencializado por mais uma série de coreografias suicidas. A trama, embora não seja a mais brilhante da saga, é boa o suficiente para prender a nossa atenção, mas obviamente o grande destaque do filme está nas sequências de ação, mais do que nunca. Só aquela luta do banheiro já coloca no chinelo muitos outros filmes por aí.

É bizarro pensar no quanto o Tom Cruise se dedica aos seus papéis, em especial o de Ethan Hunt. E também é incrível pensar em como ele inspira os companheiros de elenco a fazer o mesmo. Se eu precisasse pular de paraquedas cinco vezes por dia a fim de completar o treinamento para uma única sequência, eu abandonaria o projeto na hora, até porque minha acrofobia não deixaria. No entanto, foi exatamente o que Tom Cruise, Henry Cavill e a equipe de produção fez, tudo pra poder capturar uma cena que é pautada em sua maioria em efeitos práticos, rechaçando a necessidade constante da tela verde, como a gente tanto vê em Hollywood.

É por isso que Missão Impossível se destaca tanto no nicho de ação. Não é à toa que as cenas parecem tão reais, porque de fato elas são. É a adrenalina em sua mais pura essência, e Efeito Fallout aproveita esse elemento ao máximo. No fundo, a gente sabe que vai dar certo pros mocinhos, mas quem não ficou tenso com a briga do Ethan e do Walker nos helicópteros e no topo da montanha, ao mesmo tempo em que o resto da equipe desarmava duas bombas de forma simultânea e ainda lutava contra o Solomon Lane, não assistiu direito.

E, já que eu mencionei o Solomon Lane, ele se consolida de vez como um dos melhores vilões da saga, apesar de Ethan e Walker roubarem a cena. Quanto aos outros personagens, eles são funcionais. O Luther ganha um pouco mais de espaço em relação a Nação Secreta. Já a Ilsa acaba ficando mais ofuscada e não brilha tanto quanto outrora. Benji mantém o nível, e as novas adições, como a Viúva Branca, cumprem o prometido. Por fim, o arco da Julia pra mim é um dos mais interessantes de toda a franquia, porque foge do lugar comum da esposa-que-morre e serve como “motivação” pro herói. Ela não depende do Ethan pra existir; o seu propósito vai muito além disso.

DC e Marvel, unidas pelo menos uma vez na vida

+ Veredito
Missão Impossível é a melhor franquia de ação que eu já assisti, posso dizer isso com tranquilidade. Sim, eu sou fã de Velozes e Furiosos, mas isso aqui é outro nível de qualidade. Protocolo Fantasma não me agradou tanto quanto eu gostaria, devido ao enredo batido e ao tom um tanto quanto esquisito da narrativa, mas ainda assim possui momentos icônicos. Nação Secreta pra mim é o melhor da saga (pelo menos até agora), trazendo um equilíbrio maior entre seriedade e humor, elevando a química dos personagens ao nível máximo e ainda por cima contando com uma ótima trama. Efeito Fallout é um dos mais empolgantes, mostrando que franquias grandes no cinema não precisam ser repetitivas, basta elas estarem abertas a se reinventar.

Grand Theft Auto: O Filme

 

>> Missão Impossível #01, #02, #03 – Os Primeiros Anos (1996/2000/06)

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: pra saber sobre quais filmes eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco: Filmes

Nota nº 4: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê acha dos filmes. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).