Drama, Séries

Família Soprano: 1ª Temporada (1999)

família soprano 1 série

• Pedaço da Itália em Nova Jersey

Algumas séries são capazes de criar um nome próprio tão forte que até quem nunca assistiu sabe de sua existência. Família Soprano é um desses exemplos. Desde que eu entrei no mundo do entretenimento audiovisual, essa produção sempre esteve presente em discussões das melhores séries de todos os tempos. Com tantos elogios, não faria sentido eu não dar uma chance.

 

Sinopse

Tony Soprano é um dos líderes da máfia de Nova Jersey. Com a iminente morte do chefão do crime, Tony tem seu nome vinculado para ocupar o topo, mas há um pequeno grande problema: ele sofre de depressão e tem consultas regulares com uma psiquiatra. Em um mundo que não tolera “fraquezas” de nenhum tipo, será que Tony vai conseguir administrar a sua vida dupla?

Freud explica

Crítica

Antes de assistir, eu sabia que Família Soprano era uma série sobre mafiosos, então conseguia imaginar qual seria a vibe. O que eu não imaginava era o quanto ela é engraçada. Não chega a ser uma sitcom, obviamente, mas a produção é recheada de tiradas engraçadas e toques de humor sarcástico. Isso dá uma sensação maior de familiaridade com aquele universo, como se estivéssemos ali, acompanhando a rotina dos personagens.

Os personagens, por falar neles, são bastante carismáticos. Eu vou destacar os melhores no final do texto (não tô dando uma de João Kleber, é só o estilo do blog mesmo), mas já adianto que o elenco representa muito bem cada engrenagem que o roteiro deseja encaixar. Os episódios têm ótima direção e dão um senso de unidade pra temporada, que ostenta início, meio e fim, ainda que demande uma continuação.

Apesar de todas essas qualidades, a temporada demora um pouquinho a deslanchar. O diferencial de Família Soprano, em relação a outras obras de máfia, é a terapia de Tony. No entanto, inicialmente isso é muito pouco pra realmente captar toda a atenção. Ainda que os personagens sejam carismáticos, a gente conhece muito pouco deles além da superfície, com exceção da família de Tony, Christopher e Junior. Mais pro final da temporada, temos um entendimento maior desses dramas pessoais, mas, durante a maior parte do tempo, os personagens secundários são meros NPCs.

Não poderia deixar de reservar um espacinho pra dizer o quanto a música de abertura é sensacional, algo característico da HBO. A montagem não tem nada demais – é apenas Tony dirigindo pelas ruas de Nova Jersey. Contudo, é o suficiente pra criar todo o clima necessário pra nos colocar dentro da série. Eu acho que pular essa abertura é um grande crime, por mais que ela seja longa.

Família, família, papai, mamãe e titio

Veredito

Família Soprano é uma das séries mais bem avaliadas da história. No IMDb, por exemplo, ela aparece em 9º lugar na lista das melhores, com média de 9,2/10. Em sua 1ª temporada, dá pra ter alguns vislumbres desse alto nível de qualidade, principalmente nos diálogos e na ambientação. Contudo, essa característica ainda é embrionária, e este aqui é um bom início tanto quanto qualquer outro; nada mais, nada menos. Estou curioso pra ver o que o futuro reserva.

Na estica até no funeral

 

+ Melhor personagem: Tony Soprano
Não poderia ser outro. O protagonista comanda a história com a mesma autoridade com que lidera os seus cupinchas na série. Na vice-liderança da categoria, eu coloco Carmela e Christopher, empatados. Eu não dava nada por eles no início, mas ambos evoluíram absurdamente ao longo dos episódios. Os meus últimos destaques principais ficam pra Dra. Melfi e pra Meadow, filha mais nova de Tony e Carmela. No campo das atuações, não há como não mencionar a atriz Nancy Marchand, que interpreta a odiável Livia Soprano.

A calvície é algo muito triste, né

+ Melhor episódio: S01E05 (“College”)
Assim que eu acabei esse episódio, tive a certeza de que era o melhor até então. Temos um arco pessoal muito bom entre Tony e Meadow, uma noite bastante curiosa entre Carmela e o padre esfomeado, e um dilema moral do Tony. Foi neste episódio que Família Soprano me fisgou de vez.

Ellie e Joel

 

CURIOSIDADES

  • Entre as diversas premiações que levou, a temporada venceu o Globo de Ouro de Melhor Série Dramática, Melhor Ator para James Gandolfini, Melhor Atriz para Edie Falco e Melhor Atriz Coadjuvante para Nancy Marchand.
  • Além dessas vitórias no Globo de Ouro, a série também ficou com o Emmy de Melhor Roteiro em Série Dramática para o episódio 5 (“College”).
  • Tony Soprano quase não foi interpretado por James Gandolfini. O criador da série considerou escalar Steven Van Zandt para o papel, mas mudou de ideia e Van Zandt foi escolhido para viver Silvio Dante.
  • Na mesma linha, Lorraine Bracco (Dra. Melfi) originalmente atuaria como Carmela, mas quis tentar algo diferente por já ter sido a esposa de um mafioso em Os Bons Companheiros.

 

FICHA TÉCNICA

Nome original: The Sopranos
Duração: 13 episódios
País: EUA
Criadora: David Chase
Diretores: David Chase, Dan Attias, Nick Gomez, John Patterson, Allen Coulter, Alan Taylor, Lorraine Senna, Tim Van Patten, Andy Wolk, Matthew Penn, Henry J. Bronchtein
Elenco principal: James Gandolfini, Lorraine Bracco, Edie Falco, Michael Imperioli, Dominic Chianese, Nancy Marchand

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO

 

  • Talvez eu seja meio burro, mas eu não entendi até agora o “parentesco” do Junior. Eu pensava que ele era tio de sangue do Tony, mas depois alguém comentou na série que eles nem faziam parte da mesma família. Só que a genealogia familiar não ficou tão clara assim em nenhum momento, porque em vários momentos ele foi citado como Junior Soprano. Mas eu é que não vou pesquisar no Google, vai que pego spoiler!
  • Eu fiquei com muita preguiça do Christopher nos primeiros episódios, mas, a partir daquele capítulo em que ele tá tentando escrever um roteiro e também quando fica ajudando a Adriana na indústria da música, o personagem cresceu muito pra mim. E talvez eu esteja lembrando errado, mas ele foi o único mafioso que não traiu a parceira até agora, né?
  • Cara, que RAIVA da Livia. É uma grande personagem, sem dúvidas, mas dá ódio do quanto ela é cínica e fica se fazendo de vítima o tempo todo – a sua capacidade de manipulação me lembrou a Gemma de Sons of Anarchy, mas a Gemma não era pobre coitada, pelo contrário. O Tony precisa parar de confiar na Livia, sério. Inclusive, achei engraçado quando ele jurou pela mãe dele que não havia queimado o restaurante do Artie. A cara de pau.
  • Ok, eu também pensei que o Pussy seria o traidor, mas acabou que era o Jimmy. Agora, o que será que aconteceu com o nosso mano de nome ilustre? Será que tem alguma outra grande coisa acontecendo em paralelo com os problemas do FBI, que levaram o Junior à cadeia?

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).