• A conclusão inacabada
Prison Break foi a segunda série que eu assisti na minha vida.
A primeira de todas foi The Walking Dead (se você leu meus pitacos de TWD já tá cansado de saber disso e provavelmente não aguenta mais ouvir), a qual eu assisti sozinho, pelo menos as primeiras temporadas. Prison Break, por outro lado, foi um pouquinho diferente. Senta que lá vem história.
Certo dia, estávamos eu e minha família na casa da minha tia mais próxima. Eu, meu irmão mais novo e meu primo nos encontrávamos sentados no sofá, contemplando a TV. Era o começo de nossas experiências com a Netflix, as possibilidades eram infinitas. Na época, TWD não estava ainda na plataforma de streaming, logo, eu ainda não havia visto nenhuma série diretamente pela Netflix. E eis que surge Prison Break.
Enquanto passeávamos pelo catálogo em busca de opções, o rosto de Michael Scofield e de Lincoln Burrows apareceram na tela. Meu primo já havia assistido à série, assim como meu pai e meu outro irmão. Pensamos um pouco e meu primo sugeriu que eu e meu irmão mais novo assistíssemos, que iríamos gostar. E lá fomos nós.
Foi vício à primeira vista. A primeira temporada é espetacular, a melhor que eu já vi até hoje, dentre todas as séries. Eletrizante, interessante, viciou a mim e a meu irmão em questão de minutos. Continuei assistindo em casa com ele, é claro. A segunda temporada também nos rende boas memórias até hoje, e minha maior lembrança é a de nós dois assistindo de madrugada no quarto do meu irmão mais velho, pois ele não havia dormido em casa no dia.
Agora que já fiz um passeio pela minha rica história, vamos voltar ao pitaco. Enquanto as duas primeiras temporadas de Prison Break podem ser consideradas obras-primas, sobretudo a primeira, a terceira já não foi lá essas coisas. A questão é que as duas primeiras foram originais – a season 1 foi basicamente sobre eles escaparem da prisão, enquanto a 2 contou com uma pegada diferente, a fuga das autoridades. A terceira, por sua vez, foi uma repetição mais sem graça da primeira. E, infelizmente, a quarta seguiu a linha da segunda, mas bem mais desinteressante.
Michael Scofield e sua trupe de criminosos honestos conseguiram fugir de mais uma cadeia. A temida cárcere de Sona foi despachada por nosso amigo tatuado e todos voltaram à perseguição nas cidades. Contudo, desta vez a ideia é diferente: acabar com a Companhia de uma vez por todas, com a ajuda do mais novo personagem da série, Don Self.
A quarta temporada, desde o início, tem uma pegada de conclusão. No último ano da série, os produtores conseguiram retomar a quantidade de episódios das duas primeiras temporadas e ainda aumentaram um pouco com dois especiais, totalizando 24 capítulos. Ainda que eu prefira temporadas com menos episódios, esta quantidade sempre funcionou com Prison Break. Uma prova disso é a própria terceira temporada, que, devido à crise de roteiristas, teve menos episódios e prejudicou o andamento da história.
Por isso, a última temporada da série é um tanto quanto corrida. A maior qualidade das primeiras temporadas era justamente a forma como o enredo se desenvolvia – ao mesmo tempo que era alucinante, era muito bem conduzido. Um dos principais defeitos da quarta temporada é apressar demais algumas tramas, o que acabou tornando as reviravoltas meio artificiais e desagradáveis. Talvez se tivessem feito mais uma temporada, teria dado mais certo, não sei.
Aliás, Prison Break pode ser definida somente em uma palavra: reviravoltas. Quem não se surpreendeu com T-Bag perdendo a mão? Quem não ficou de luto com Sara sendo morta pelas mãos dos vilões? Quem não ficou chocado quando descobriu o porquê das tatuagens de Scofield? Os plot twists sempre foram o elemento central da série, e sempre funcionaram bem. Já na quarta temporada, eles não têm o mesmo impacto, e algumas decisões me fizeram ter a impressão de que os produtores estavam com preguiça de pensar e colocaram qualquer coisa só pra chocar. Pode ser que tudo já tinha sido pensado desde o começo e que a greve de roteiristas atrapalhou tudo, mas neste sentido, o resultado final foi definitivamente negativo.
Além destes defeitos, o que mais me incomodou foi que às vezes alguns personagens não pareciam o mesmo. O T-Bag, principalmente, não teve a mesma graça, parecia que eu tava assistindo à outra série. Muitos personagens tiveram suas personalidades um pouco alteradas, não sei bem explicar, teve momentos em que eu pensava que aquilo tudo era fanmade.
Com esse tanto de aspecto negativo, você deve estar se perguntando “mas pqp, o cara só falou mal da temporada, como que a nota conseguiu ser 3?“. Já explico. Apesar de tudo, a trama da Companhia é bastante interessante. A figura do vilão e o andamento da trama, com acontecimento atrás de acontecimento, me deixou curioso pra saber aonde tudo iria dar. As adições de novos personagens também ajudaram a me deixar fisgado até o final. Se fosse pra classificar a terceira e quarta temporadas, levando em conta o que foram as duas primeiras, eu daria nota 2 pras duas últimas. Mas como eu não faço isso e analiso isoladamente cada uma, acho que uma nota 3 é justa. Poderia ser menor, mas vou dar um crédito. Afinal, a terceira temporada, ainda assim, consegue ser a mais fraquinha da série.
Agora, devo dizer que tô morrendo de medo da quinta temporada. Enquanto escrevo isto aqui, ainda não tive coragem de assistir à mais recente temporada de Prison Break. A maior qualidade da quarta foi justamente o final, muito poderoso e coerente. Eu não sei que merda deu na cabeça dos produtores que sugeriram novos episódios em uma série que já havia sido concluída, sem necessidade de continuação. Fico imaginando a reunião de pauta:
– E aí, galera, preciso de novas ideias para séries.
– Que tal criar uma nova com uma trama bem legal e diferente?
– Que tal pegarmos um estilo de história que não é muito popular e deixar interessante?
– Que tal fazermos uma nova temporada de uma série que acabou sem nenhum tipo de cliffhanger e provavelmente estragar ela no processo???????????
É. Triste. Pode ser que eu queime a língua e a quinta temporada seja espetacular. Mas a sensação que fica é que eles estão inventando moda. Me arrisco a dizer que Prison Break, apesar dos tantos erros cometidos nos últimos anos de vida, terminou de maneira perfeita. Agora resta assistir à nova e torcer para que ela não seja uma (nova) decepção.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}
{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Uau, que surpresa, não esperava que a Sara fosse estar viva!!!!!!! Realmente, nossa, foi um plot twist totalmente inesperado, ninguém nunca ia imaginar depois daquela TOSQUICE DE COLOCAR A CABEÇA DELA NUMA CAIXA E O LINCOLN NEM SE DAR AO TRABALHO DE CHECAR NUMA LUZ DECENTE
- Sério mesmo que Michael e Lincoln tecnicamente não são irmãos de verdade?? Putz, acho que essa foi a reviravolta que eu mais achei nada a ver. Se bem que também foi desnecessário a mãe do Michael estar viva, zzzzz
- Uma coisa tenho que reconhecer: o General foi um vilão bem foda.
- Ciclo do T-Bag: preso nojento – livre – ascensão no mundo real – preso nojento. Como não amar?
- Self vira-casaca do caraio.
- Aquele negão é muito filha da putaaaaa (desculpem-me, não me lembro do nome dele e tô com preguiça de procurar). Apesar de tudo, foi um bom antagonista, pena que durou menos do que deveria.
- Foi tão massa quando o C-Note apareceu, saudades.
- Quem te viu, quem te vê, hein Bruno & Mahone?
- Daora, a terceira temporada inteira foi sobre proteger o Whistler, e o cara me morre no primeiro episódio da quarta. Brincadeira, viu.
- Sim, eu sempre odiei o Bellick. Mas deu muita dó dele :/ acabou tendo uma morte digna.
- Geeente, chocado aqui. Eu pensava que aquela trama com a Sara na cadeia fosse um filme, meio independente da quarta temporada. Eu ia fazer um pitaco só dele porque pensava que fosse assim, porque até hoje temos um DVD aqui em casa chamado Prison Break: The Final Break. Agora que fui descobrir que na verdade ele é meio que um especial dentro da própria quarta temporada. Então lá vai. Achei muito bons os momentos com Sara, uma das melhores da temporada, por sinal. Só não coloquei ela como Maior Surpresa porque seria um spoiler. Gretchen também foi um ponto positivo, além do sacrifício do Michael e a punição do General. Terminou com chave de ouro uma temporada mediana.
- Foi triste, foi. Porém, tem final mais perfeito do que a morte do Michael? Fiquei bastante sentido, mas foi uma ótima conclusão ele ter se safado de tanta coisa e morrido por um tipo de doença. Bastante poético.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Michael Scofield
Confesso que assisti à última temporada há muuuito tempo e não lembro direito quem eu achei que foi o melhor. Por isso, coloquei o melhor personagem da série, né. E de qualquer forma, por tudo o que ele fez, é um prêmio mais do que justo.
+ Melhor episódio: S04E09 (“Greatness Achieved”)
Redenção e vingança. Dois acontecimentos marcantes, com significados totalmente distintos.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?