• O Diabo veste nada
Não sei se vocês sabem, e nem tem por que saberem, que no último dia 13 de maio este blog completou três anos de existência. Eu cresci com ele, aprendi com ele. Comecei bastante animado, mas o gás foi acabando a partir do momento que estabeleci a ideia de fazer críticas de todas as séries que eu havia visto até aquele momento. Como tinha coisa que eu assistira há meses, às vezes anos, eu precisei procurar vídeos e textos de resumos na internet pra poder me lembrar dos acontecimentos marcantes. Foi cansativo, não vou negar, mas agora eu tô com tudo atualizado, e uma nova era chegou ao Pitacos do Leleco. Vou iniciar o quarto ano de existência do site (e que venham muitos outros!) falando sobre a quarta temporada de Lucifer. A repetição do número quatro foi mera coincidência.
Sinopse
Era pra esta série ter sido cancelada. A Fox decidiu descontinuar a produção, o que causou a ira de milhões de fãs espalhados pelo globo. Eles fizeram campanha para que alguém salvasse a bendita obra, com uma hashtag #SaveLucifer, o que acabou dando certo. A Netflix comprou a bronca e os direitos e anunciou que Lucifer teria uma nova temporada. As principais diferenças estavam na quantidade de episódios – em vez de mais de 20 capítulos, ela apostaria em somente 10 – e na classificação indicativa. Nudez, violência e sangue apareceriam com mais frequência.
E assim foi. Realmente teria sido sacanagem encerrar a série logo naquele momento em que Chloe Decker finalmente descobrira a verdadeira identidade de Lucifer, como se ele já não tivesse falado 893405834 vezes. Com Marcus Pierce, ou Caim, morto pelo Diabo, o próprio passou a sentir culpa por ter assassinado um ser humano pela primeira vez na vida. Por isso, o Satanás tem agora duas grandes preocupações para lidar: a indefinição de sua amada e o remorso por seus atos.
Depois de um mês afastada de Los Angeles, Chloe retorna à Cidade dos Anjos e volta a trabalhar como se nada tivesse acontecido. Um climão, porém, reina sobre ela e Lucifer. Acontece que a detetive entrou em contato com um certo Padre Kinley, e ambos estão trabalhando juntos em algum plano não tão favorável ao Rei do Inferno. Isso por si só já seria capaz de causar muita treta, mas uma figura promete deixar tudo ainda mais bagunçado. Eva, a primeira mulher da história da humanidade, está andando pela Terra. A inesperada aparição tem potencial para virar a vida de todos os personagens de cabeça pra baixo.
Crítica
Eu não consigo traduzir em palavras o tanto que fiquei aliviado pela Netflix ter encomendado apenas dez episódios. Na terceira temporada, o maior defeito foi a quantidade absurda de capítulos, que deixaram a história chata. Não foi à toa que dei apenas 3 Lelecos, e quem acompanha o blog sabe que isso é baixo pros meus padrões. Com a mudança para apenas dez fragmentos, a trama de Lucifer ficou mais coesa e fechadinha, sem aqueles incontáveis fillers que não deixavam os conflitos rolarem. Tá aí a primeira qualidade da quarta temporada: uma história bem mais atraente, viciante e fluida.
Os personagens também evoluem muito. Pra vocês terem um ideia, eu comecei achando a Chloe a melhor da temporada. Ela é, tipo, a pessoa mais sem graça de todo o universo. Como seus dramas são agora trabalhados com mais atenção e cuidado, ela acaba ficando mais próxima do espectador. Lucifer está bem como sempre – e os fãs realizaram o sonho de ver a bunda do Tom Ellis, já adianto isso. Dan pra mim foi uma grata surpresa, mas não é uma opinião muito popular. Depois da morte da Charlotte, ele ficou bem mais sombrio, revoltado. Isso acaba fazendo-o tomar atitudes pouco louváveis, mas no ponto de vista do personagem, faz sentido pra caramba. E eu acho muito paia as pessoas só gostarem dele quando era o cara bobalhão e bonzinho, como se ele não tivesse o direito de ter suas dores. Mais um ponto positivo para a temporada: a evolução dos personagens.
Isso não acontece somente com Chloe, Lucifer e Dan, mas também com Maze e Amenadiel. Linda tá um pouco mais apagada, o que pra mim não é um problema tão grande, porque eu gosto mais dela no papel de terapeuta. Quando ganha espaço demais na tela, fica meio forçada. Trixie é outra que tem aparições quase nulas, mas em compensação Eva chega com tudo. Ela é a melhor adição da temporada, de longe, e uma das melhores coisas no geral. É uma personagem clichê, mas isso não apaga suas qualidades. Por fim, o desfecho do último episódio deixa uma grande margem para o futuro, e é praticamente impossível a Netflix não renovar a produção.
Veredito
Vocês estão diante da melhor temporada de Lucifer até o momento. Magnética e bem construída, ela me fez maratonar todos os episódios em um espaço de poucos dias, e olha que eu faço faculdade de manhã e trabalho à tarde. Os personagens estão melhores, assim como a ambientação, mas a série peca em um aspecto definitivo: ela dá a impressão de que não tem um arco principal. Temos os núcleos de Eva, de Chloe e Lucifer, de Amenadiel e Linda, e nenhum deles é forte o suficiente pra sustentar a temporada inteira. Eu fiquei esperando o tempo todo por uma ameaça poderosa, mas ela não surgiu. Arrisco dizer que a season finale me decepcionou um pouquinho, mas eu entendo que optaram por guardar a ação mais pra frente. Resta saber se a estratégia vai funcionar.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}
{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Gostaria de puxar o saco da sequência inicial do último episódio, quando o Lucifer sai dançando com todo mundo e o Dan vira seu parceiro na diversão. Melhor cena da temporada.
- Em relação a relacionamentos, eu fiquei perdidinho. Obviamente, comecei torcendo por Lucifer & Chloe. À medida que fui vendo mais da nova personagem, passei a ser Lucifer & Eva. Depois, fiquei mais na dúvida ainda. Queria algo como Ella & Eva, mas jogaram isso fora em pouco tempo. Maze & Eva seria legal e acho que é o mais provável de rolar, mas eu preferiria muito mais Ella & Eva e Dan & Maze. Ella & Dan, por outro lado, não dá, né gente.
- Lucifer ficou parecendo uma harpia do God of War. O foda é que eu já sabia que as asas dele estariam daquele jeito, um dos pôsteres oficiais já revelava isso. Ainda assim, gostei deles terem caprichado mais no visual demoníaco do protagonista. Sua face do mal parece muito mais real.
- Ah, cara, a Chloe reagiu do jeito mais compreensível possível. Sinceramente, o Lucy foi meio cuzão de ficar naquele negócio de “ain, ela não me aceita do jeito que eu sou”. Bicho, o ser humano passa a vida inteira achando que o Satã é a personificação do mal, e do nada alguém diz o contrário. É lógico que demandaria tempo. E eu queria ver muito o Dan e a Ella descobrindo a identidade dele, imagina a reação.
- O bebê de Amenadiel e Linda tinha tudo pra ser um arco chatinho, mas foi legal pra caramba. Ainda rendeu aquela interessante relação do anjo com aquele garoto que havia sido preso injustamente, além de uma investida dos demônios pra tornar Charlie o novo Rei do Inferno. Isso deveria ser proibido, até porque Charlie não é um nome que inspiraria muito medo, né.
- Cante pra sua mina como a Maze cantou pra Eva. E por falar em música, gostei da trilha sonora dessa temporada, muitos momentos bons. Logo na primeira cena, quando o Tom Ellis canta “Creep”, a gente já percebe que as coisas vão ser boas.
- O Padre Kinley parece um personagem proveniente de algum livro do Dan Brown. Mas eu esperava mais, não foi tão ameaçador assim. O Lucifer só virou monstrão lá e derrotou todo mundo, inclusive ele, e pronto-cabou.
- Achei a Remiel meio desperdiçada. Apareceu só pra dar uma pressão no Amenadiel, apanhou e depois vazou. Blé.
- Como será que vai ser o novo reinado de Lucy no Inferno? Tem muito pra acontecer ainda naquela profecia, espero. E pelo amor de Deus, quando Ele vai aparecer na série?
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Lucifer Morningstar
O carisma de Tom Ellis é o foco do espetáculo, e ele não decepciona. Carrega a história com uma habilidade notável.
+ Melhor episódio: S04E08 (“Super Bad Boyfriend”)
A verdade é que nenhum capítulo específico se destacou pra mim; todos eles mantêm o bom nível. Coloquei o oitavo porque mistura num mesmo pote elementos dramáticos, românticos e de comédia.
+ Maior evolução: Chloe Decker (menção honrosa a Dan Espinoza)
Eu particularmente achei que o Dan evoluiu mais, mas ele tem muito pouco espaço se comparado à Chloe. Como ela foi mais explorada e a atriz Lauren German conseguiu entregar interpretações melhores, vou dar esse prêmio pra detetive.
+ Maior surpresa: Eva
Uma das melhores coisas da temporada. A Primeira Mulher é uma ótima novidade, sendo vivida pela israelense Inbar Lavi.
+ Mais subestimado: Amenadiel
Mesmo estando longe de ser o centro das atenções, ele em nenhum momento protagoniza um núcleo chato. E sua adaptação à Terra tá mais divertida do que nunca.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?