Drama

Lost: 6ª Temporada (2010)

lost 6

• Efeito Mandela

Em 11 de setembro de 2001, o grupo terrorista Al Qaeda foi responsável por derrubar as Torres Gêmeas. No Brasil, milhares de adolescentes afirmaram que o Plantão da Globo naquele dia, anunciando a tragédia, interrompeu a transformação de Goku em Super Saiyajin 3 no anime Dragon Ball Z, que passava na TV aberta. Por anos, essa informação foi compartilhada como se fosse a mais absoluta verdade, só que… nunca foi. Todo mundo criou a falsa memória de que isso ocorreu, por algum motivo. Pra quem não sabe, o nome disso é Efeito Mandela – termo criado depois de muita gente achar que Nelson Mandela morreu na prisão na década de 1980, sendo que o cara foi até presidente da África do Sul na década de 1990. E o que isso tem a ver com o pitaco de hoje? Bom, eu acredito piamente que a aversão geral pelo final de Lost seja mais um produto advindo desse fenômeno de delírio coletivo.

 

Sinopse

Depois de tentar explodir a ilha pra apagar da história tudo o que levou à queda do voo Oceanic 815, Jack, Kate, Sawyer e companhia percebem que a estratégia não teve o resultado esperado. Ou será que teve? O que eles sabem com toda a certeza é que nada parece ter mudado, mesmo após a detonação da ogiva nuclear. E agora, qual será o próximo passo? E quem é o homem fingindo ser John Locke?

Nada como uma bebidinha à beira da praia

Crítica

Em comparação com as temporadas anteriores, a sexta talvez tenha passado por uma ligeira queda de qualidade. Os arcos narrativos dos primeiros episódios são meio aleatórios e não tão interessantes assim, com a introdução de novos personagens que pouco agregam, ainda mais quando nos lembramos de que o encerramento da série está no horizonte. Por isso, é difícil se importar com eles, e alguns dos personagens mais antigos e consolidados não se encontram em seus melhores momentos, como Sayid, cujo núcleo não me agradou muito.

A dinâmica da última temporada de Lost é um pouco diferente. De certa forma, a quarta e quinta temporadas tiveram uma construção mais voltada para um desfecho do que a sexta, que parece não ter inspiração suficiente pra desenvolver um enredo que seja emocionante e faça jus aos caminhos finais de uma obra que se reinventou constantemente, passando pelo drama e se firmando na ficção científica.

Contudo, à medida que os episódios vão avançando, a temporada vai melhorando gradualmente. Não, ela não atinge um pico tão grande quanto nos três anos anteriores, mas consegue resgatar a curiosidade e investimento que eu tinha em relação a como aquilo tudo iria acabar. Não há mais flashbacks ou flashforwards pra “competir” com a linha do tempo principal, mas isso não significa que a série tenha deixado de criar uma nova divisão narrativa, que eu não darei detalhes aqui pra não entrar em território de spoilers. Na minha opinião, essa nova escolha passa por altos e baixos, como de costume, mas é válida por ser diferente do habitual e entregar outras perspectivas.

Agora, sobre o final, utilizando uma linguagem mais vaga e guardando as especificidades pras Observações Spoilentas: eu definitivamente acho que o “final ruim de Lost” foi um delírio coletivo potencializado pelo Efeito Mandela. Relaxa, eu não tô dizendo que seja proibido desgostar da conclusão; na verdade, acho que tem diversos argumentos válidos pra justificar essa visão. A questão é que, na maioria das vezes em que eu questionei pessoas que já tinham assistido à série sobre por que não gostavam do final, elas trouxeram como explicação uma versão deturpada do que realmente aconteceu.

Não sei bem por que isso rolou. Não sei se teve algo a ver com a greve de roteiristas pela qual Lost passou, o que pode ter motivado algumas pessoas a parar de assistir e continuar só depois, até por conta do formato novelesco. Meu pai, por exemplo, afirmou que não se lembrava de absolutamente nada da quarta e quinta temporadas, e desconfia que nunca chegou a ver, apenas pensou que tinha visto. Ou talvez isso tudo tenha sido uma espécie de fake news que ganhou força no boca a boca. Ou então as pessoas criaram uma teoria e tomaram-na como verdade, ignorando a resposta que a própria série deu. Eu realmente não sei o motivo, mas tenho plena convicção de que ocorreu.

Mãe é mãe, né mores

Veredito

A sexta e última temporada de Lost pode até não ser a melhor. Consigo entender os motivos pelos quais alguém gosta menos desta do que das outras, devido a certas descaracterizações de personagens e uma história que tem momentos menos inspirados. Ao longo dos capítulos, porém, acredito que o enredo evolui e culmina em um desfecho bastante satisfatório, respondendo praticamente todas as perguntas que surgiram desde o primeiro episódio da série e fechando o ciclo de um modo que credencia a obra como regular do início ao fim, sem quedas bruscas de qualidade, mas com bons momentos de auge. É uma pena que muita gente tenha interpretado o final de maneira errônea, causando o que eu considero uma injustiça contra o legado de uma das melhores séries de todos os tempos do gênero a qual pertence.

Reunião do elenco após o fim das filmagens

 

>> 1ª Temporada de Lost

>> 2ª Temporada de Lost

>> 3ª Temporada de Lost

>> 4ª Temporada de Lost

>> 5ª Temporada de Lost

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Gostei da história do Richard. Eu realmente não esperava que ele fosse espanhol e tivesse desembarcado “apenas” alguns séculos antes na ilha, e que o poder dele de não envelhecer não era tão complexo quanto parecia. A minha aposta, antes do episódio centrado nele, era de que ele seria ainda mais velho do que aparentava, talvez da época do Império Romano ou algo parecido, porque já haviam se referido ao dito cujo como “Ricardos”. Mas enfim, gostei.
  • Mano, que agonia de nunca ter sido revelado o nome do Fumaça Preta, ou Homem de Preto, ou Locke do Mal, ou Lúcifer Gasoso, ou seja lá como você deseja chamá-lo. Também gostei da simplicidade por trás da história dele com o Jacob. Eram apenas dois irmãos gêmeos, criados por uma mulher esquisita e que se separaram pelas circunstâncias da própria criação deles. E, cá entre nós, senti mais raiva do Jacob do que do irmão que, por mais maligno que fosse, só queria dar o fora daquela ilha depois de passar centenas de anos preso lá. Qualquer um ficaria biluteteia das ideia naquela situação.
  • É, eu não gostei do que fizeram com o Sayid nesta temporada; quase o coloquei como Maior Decepção. Ele merecia, sendo bem sincero, mas vou deixar pra lá. Ele morreu, voltou como alguém irreconhecível, e eu mal senti a sua segunda morte, assim como não tinha sentido a primeira, pois sabia que algo iria acontecer pra ele voltar. Isso foi bem diferente do que rolou com Sun e Jin, porque eu fiquei tristão no momento em que se afogaram juntos, deixando a filha deles órfã 🙁
  • Desmond, o Nick Fury da Ilha. Sério, que cara bom, juntando todo mundo na linha do tempo alternativa e fazendo com que se lembrassem da realidade original. Ele pode até não ter sido o melhor personagem de alguma temporada de forma individual, mas definitivamente Desmond é um dos cinco melhores personagens de Lost como um todo.
  • Sobre o final: NÃO, ELES NÃO ESTAVAM MORTOS O TEMPO TODO!!!! Bicho, não consigo entender como as pessoas interpretaram desta forma, sendo que o pai do Jack diz com todas as letras que tudo que tinha acontecido na ilha realmente aconteceu. Só faltou dar uma piscadela pra câmera. Grande parte dos personagens morreu, é claro. Os únicos que realmente sobreviveram no final das contas foram o Lapidus, Miles, Sawyer, Kate, Penny, Desmond, Hurley, Ben, Claire, Aaron, Richard, Eloise e Walt Jr., se não me falha a memória. Acho que a Rose e o Bernard também. Todos os demais de fato morreram, como Jack, Locke, Jin, Sun, Sayid, Juliet e tantos outros ao longo do caminho, mas esse não era o ponto do final. Aquela igreja era um local desconectado do tempo e espaço, como se estivesse todo mundo em uma bolha dimensional que não obedece às leis da natureza. É um final metafórico e até um pouco piegas, entendo quem não goste. Mas não dá pras pessoas que interpretaram de um jeito totalmente equivocado dizerem que não gostam por causa disso. Pronto, desabafei.
  • Acho que todo fã de Lost sabe disso e os mais atentos também repararam, mas a série começa e termina do mesmo jeito: com a câmera voltada pro olho de Jack. No início, porém, é ele abrindo os olhos. No final, é ele os fechando. A única diferença na composição da cena é que, no desfecho, o Vincent tá junto. Tá aí, mais um que sobreviveu!

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Jack Shephard
Desde a primeira temporada, sempre houve um personagem diferente que eu escolhi como o melhor. Na ordem, da primeira para a quinta, foram Locke, Jack, Juliet, Ben e Sawyer. O meu lado metódico gostaria de ter escolhido um outro personagem como o melhor da sexta, pra lista ficar bonitinha. Desmond foi um grande candidato e quase conseguiu essa façanha. No entanto, acredito que Jack foi novamente o grande destaque individual e merece ficar com esse posto.

Todo fã de Lost reconhece esse olhar

+ Melhor episódio: S06E14 (“The Candidate”)
De longe o capítulo mais impactante da temporada, se excluirmos o fato de que o último episódio de uma série costuma ficar na memória de forma natural.

Ajudando o próximo <3

+ Maior evolução: Claire Littleton
Não vou mentir, eu nunca liguei muito pra Claire, sempre foi uma personagem meio OK pra mim. Nesta última temporada, ela tá muito diferente. Até entendo quem acha que ficou muito descaracterizada, mas pra mim ela nunca foi tão bem desenvolvida quanto aqui.

Não confie em um homem careca, Claire! Se ele já perdeu o cabelo, não tem mais nada a perder!

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).