• O Salvador e a Besta
Inicio este post comunicando que, sob nenhuma circunstância, eu gostaria de morar em Miami. Beleza, lá tem praia, muito brazuca, zoeira, sol e diversão, mas digamos que eu não gostaria muito de viver na terra dos serial killers. Porque, de acordo com Dexter, TUDO acontece naquela bendita cidade.
A sexta temporada desta série maravilhosa chega para compensar a quinta. Todos sabemos que não devemos muito considerar a 3ª e a 5ª, então a gente prefere esquecer um pouco. A 1ª e a 4ª vão ficar em nossas memórias para sempre, assim como a 2ª. A 6ª, por sua vez, não é tão boa quanto essas três citadas, mas é um avanço mais que considerável em relação a terceira e quinta temporadas.
O sexto ano de série tem a religião como foco. Não no sentido Deus Não Está Morto, mas no sentido de que os dilemas morais e religiosos de Dexter Morgan são postos à prova, e a trama se preocupa em mostrar as diferentes facetas deste assunto – desde o bem que pode trazer até o mal causado pelos fanáticos. Os vilões principais são chamados de “Assassinos do Apocalipse” (“Doomsday Killers”, em inglês), e só por esse nome já dá pra ter uma ideia da treta. Estes novos serial killers matam pessoas de uma maneira repleta de simbolismos e representações distorcidas de histórias da Bíblia. Entretanto, também temos personagens novos como o “Brother Sam”, que potencializam o que há de melhor na religião.
A relação entre o Brother Sam e Dexter, inclusive, me lembrou a breve amizade que Lúcifer tem com um personagem secundário, o qual não lembro o nome, na primeira temporada de Lucifer. Enquanto Dexter pode ser considerado um monstro que mata pessoas, Brother Sam reconhece que todos nós temos luz enraizada em nossos corações, só temos que ser corajosos o bastante para liberá-la. Esse é um dos diversos dilemas pelos quais Dexter passa na temporada. Como acreditar em um Deus com a visão que o protagonista tem diante do mundo, das coisas que ele já presenciou? Por outro lado, como compreender a bondade de algumas pessoas como o próprio Brother Sam?
Além das questões religiosas, a sexta temporada de Dexter foca muito no sentimento. E Deb é o centro dessa característica. Infelizmente, um dos elementos inseridos em sua storyline foi pra mim a pior decisão que os roteiristas já tomaram na série. Eu, pessoalmente, tenho um modo de “aceitar” isso sem ficar muito grilado, mas falo mais sobre o assunto nas Observações Spoilentas ali embaixo, porque não quero estragar nada pra ninguém.
A primeira temporada foi espetacular por ser o início de tudo, apresentando conceitos não muito explorados na televisão, motivações interessantes e personagens cativantes. A segunda foi uma continuação à altura, com momentos frenéticos e elementos muito bem utilizados. A terceira foi aquém do esperado, mas também mostrou um lado da história que não havia sido muito aproveitado, e isso trouxe coisas boas à série. A quarta foi icônica, e tem praticamente o mesmo nível que a primeira. A quinta foi a mais fraca de todas, com uma nova personagem extremamente sem sal e um Dexter meio perdido em relação às decisões que tomara anteriormente.
A sexta, por outro lado, possui o que possivelmente é o conceito mais fascinante até o momento. Como eu estou escrevendo após ter terminado a série inteira, posso dizer com certeza que nenhuma outra ideia de vilão foi tão boa quanto essa. Contudo, isso não quer dizer que os Assassinos do Apocalipse são os melhores vilões, não mesmo. Eles ainda ficam atrás dos marcantes Ice Truck Killer e Trinity Killer, bem atrás. Ainda assim, pra quem teve Jordan Chase e Lumen na temporada passada, os assassinos malucos religiosos parecem ter saído de um roteiro do Stephen King ou algo do tipo.
Quando eu assisti à esta temporada, teve algo que não gostei. Se fosse hoje, eu provavelmente conseguiria apontar com firmeza, mas na época não consegui identificar. Não sei se foi o ritmo que a história usou para conduzir o enredo, se foi culpa de alguns subarcos não tão interessantes assim, só sei que teve alguns elementos que me seguraram. Quando eu vi a temporada seguinte, por exemplo, achei ela melhor, e vou levar isso em consideração no próximo pitaco. Me surpreendi ao ver que muitos fãs consideravam a sexta beeem melhor, inclusive meu irmão, na época. Mas como eu sou um cara criterioso, vou me basear somente em minha própria opinião. Questão de personalidade, bebê!
O que mais posso dizer sobre a sexta temporada de Dexter? Bom, temos os arcos de Quinn, Batista, LaGuerta e caras novas como Jamie Batista, a irmã de Angel e a jovem que ganha a honra de ser a babá de Harrison, e Louis Greene, um admirador de Dexter que começa a trabalhar na Miami Metro e cria uma amizade com Masuka, além de outras coisinhas mais. Destes, as partes mais sem emoção são as de Masuka, que passou de um personagem com uma certa relevância, além de um bom alívio cômico, para um cara totalmente dispensável no contexto geral.
A sexta temporada também resgata elementos das histórias anteriores, mais especificamente da primeira e da quarta temporadas. São momentos que alternam entre maneiras de agregar valor ao enredo principal e meros artifícios para a construção dos episódios.
Ah, só um adendo, nada a ver com Dexter. Queria registrar aqui a minha satisfação em estar inspirado. Quem costuma escrever, sabe que tem dias que a gente tem bloqueio, ou que não estamos com um humor favorável, e eu sei que alguns dos pitacos que faço ficam bem padrões, seja por qual motivo for. Todavia, quero expressar minha alegria em estar contando, neste post, com um sentimento de inspiração, diferente de alguns outros, como o pitaco anterior. Só isso mesmo, agora vamos concluir o assunto principal.
A sexta temporada de Dexter não é a melhor da série. Na realidade, talvez seja a quinta mais legal, em uma obra que conta com oito partes. Entretanto, aqui conseguimos perceber que, se os produtores e a equipe responsável se esforçarem um pouquinho, conseguem entregar ao público uma coisa bem feita. O desfecho da season finale é o segundo melhor final de temporada da série inteira, só perdendo obviamente para a quarta. Pode não ser a melhor temporada, mas é inegável que possui uma certa qualidade.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}
{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Tá, vamo começar com a cagada magistral que a série fez. Que porra é aquela da Debra gostar romanticamente do Dexter??? Sério, isso faz tanto sentido quanto a mãe dele não ter morrido e estar sendo escondida pelo Serviço Secreto. Velho, que fita errada. Para não surtar com tamanho absurdo, eu penso da seguinte maneira em minha cabeça, e espero que isso possa te ajudar se você tiver a opinião igual a minha: na verdade a Deb não gosta romanticamente do Dexter. Devido ao fato de praticamente todas as relações amorosas dela serem trágicas e traumáticas, algo quebrou dentro dela. Com a incitação da psicóloga lá, a mente dela acabou criando a teoria de que ela ama o Dexter platonicamente para justificar o fato de nada dar certo com ela em sua vida amorosa. Mas, na prática, ela não gosta do irmão adotivo, foi basicamente algo incutido na cabeça dela por causa das tantas decepções, para dizer o mínimo.
- Não quero pagar de bonzão, mas ficou muito na cara que o Gellar estava morto o tempo todo. É um recurso muuuito utilizado em filmes, já tá meio saturado.
- É incrível como eu nunca me lembro do nome do capitão da polícia. Parece que apagam da minha mente, pqp.
- Ainda bem que o Quinn lidou bem com o término com a Deb, né?
- “Tem como um serial killer ser alguém verdadeiramente religioso?”. Essa foi a pergunta que eu fiz no post do Facebook e do Instagram. E acho que o Brother Sam respondeu bem, ao dizer que só porque alguém religioso está fazendo o mal, não quer dizer que a fé dele seja necessariamente menor. Questão complexa essa, não acham?
- “I’m a father, a son, a serial killer”. Cara, pode até ser um pouco herege, sei lá, mas é uma puta frase foda do caralho.
- Se Travis Marshall fosse baiano, será que ele gostaria de OloDoom?
- O Brother Sam é o tipo de personagem que a gente sabe que vai morrer desde o início, mas ainda assim sente um pouco pela sua morte.
- Tô me esforçando pra fazer alguma piada com o professor Gellar e o Ross Geller de Friends, mas não tá saindo nada. Desculpa, gente.
- Embora eu tenha um pouco de raiva daquele nerdão do Louis, confesso que sinto uma estranha pena dele.
- Confesso que morro de preguiça quando visões de pessoas mortas aparecem como alucinações em séries ou filmes, zzzz
- Precisamos falar sobre a Debra descobrindo o segredo do Dexter na última cena da temporada. Aaaaaaaaaa que cliffhanger maravilhoso! Lembro que quando assisti, fiquei de boca aberta, embora soubesse que em algum momento isso iria acontecer. Inclusive, acho que até já tinha visto o pôster da sétima temporada escrito “He saw. She saw”, que em português é “Ele viu. Ela viu”. Então acho que já sabia, não lembro bem. Só sei que não tenho um bom histórico com Dexter e seus respectivos pôsteres, morro de raiva quando soltam um spoiler gigante em imagens promocionais. Nem todo mundo teve a chance de ver quando saiu, caraio!!!!
- Que família fodida a dos Mitchell. Um pai assassino em série, uma filha que cometeu suicídio e um filho que matou a própria mãe em um ataque de fúria. Deus me dibre.
- Na sua opinião, qual foi a morte mais louca da temporada? Comente ali embaixo e não esqueça de dar like no vídeo e se inscrever no canal!
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Dexter Morgan
Responsável pelas melhores partes da temporada, seja de ação, de drama ou de questionamentos, também é obviamente o mais multifacetado (falei que nem um intelectual agora, hein).
+ Melhor episódio: S06E12 (“This Is The Way The World Ends”)
Se não fosse pelo choque do final da quarta temporada, esta seria a melhor season finale da série.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?