Ação/Policial, Séries

Dexter: 7ª Temporada (2012)

• O início do fim

Uma coisa é pegar seu irmão no flagra assistindo televisão de madrugada, jogando videogame de castigo ou vendo algum vídeo não recomendado pra sua idade. Outra totalmente diferente é presenciar o seu irmão cometendo um assassinato ritualístico. Isso se torna ainda pior se você por acaso trabalha na polícia e tem um histórico meio complicado com serial killers. Debra Morgan precisou passar por tudo isso. No final da temporada passada (lembrando que eu não dou spoilers das temporadas que estou escrevendo, mas essa regra não se aplica para as anteriores), Dexter resolveu matar Travis Marshall numa igreja, mas foi surpreendido no último instante por sua irmã, que foi investigar o local e o avistou exatamente no momento em que ele fincava uma faca no corpo de seu inimigo. A sétima temporada de Dexter começa imediatamente depois daquilo, lidando com todas as implicações do intenso momento.
Antes de tudo, a Deb já havia tido uma jornada traumática. Ficou noiva de um matador maluco que acabou revelando-se como o irmão biológico de seu irmão adotivo, teve um relacionamento com um informante da polícia que acabou tendo o peito esfolado e resolveu vazar, e ainda por cima descobriu que durante esse tempo todo ela esteve apaixonada pelo irmão adotivo. Bom, essa última parte pra mim não existe. O suposto amor platônico de Deb por Dexter não passa de uma ilusão influenciada por aquela psicóloga da temporada passada pra que sua paciente achasse algum culpado pelo seu passado ruim com homens. Fazer a Deb gostar do protagonista dessa maneira foi o pior erro da série em minha opinião, mas pelo menos ele ficou um pouco sufocado após a sexta temporada. De qualquer forma, o que fica é que a tenente já tinha tido uma cota de sofrimento em sua vida até que tudo piorou ainda mais: a única coisa constante em sua vida, Dexter, também se revelou um ponto de equilíbrio perdido.
É claro que o foco da história é como os irmãos vão lidar com a vida dali para a frente. Analisando com o cérebro, Deb deveria prender o serial killer da família e lidar com as consequências disso, perdendo ele para sempre. Analisando com o coração, ela poderia simplesmente acobertar os acontecimentos e enfrentar isso de outra maneira, mentindo para as autoridades e desonrando seu distintivo. É um puta dilema difícil, eu não sei o que eu faria na situação dela. Porém, esse não é único tema da temporada. Uma certa pessoa relevante morre logo no primeiro episódio e faz com que uma investigação seja iniciada, envolvendo um mafioso ucraniano, Isaac Sirko. Ele é um personagem interessante e com camadas inesperadas, gostei bastante de suas aparições. A subtrama de Quinn e sua nova amiga, Nadia, também ganha muito espaço, além dos pequenos arcos de Batista e Masuka. Porém, as atenções estão voltadas para a nova fase de Dexter Morgan, alguém que conseguiu emplacar décadas de assassinatos sem ser pego. Com o passar do tempo, ele passou a ser meio descuidado, e isso meio que é explorado ao longo dos capítulos. Casos antigos são reabertos e o legista da Miami Metro volta a se sentir ameaçado e no fogo cruzado de tantos lados distintos. LaGuerta volta a ganhar força depois de momentos apagados.
Uma outra nova personagem nos é apresentada, a radiante Hannah McKay. Ela se torna peça-chave do roteiro após uma introdução que fez parecer que ela seria apenas mais uma adição secundária. Quando li os comentários dos fãs pra ver o que eles achavam dela, vi que as opiniões eram meio divididas. Eu particularmente gostei da proposta dela, embora o modo com que isso afetou Dexter pra mim ficou meio aquém. Pela primeira vez, Dexter não apresenta um inimigo forte na temporada, até porque o roteiro está muito ocupado explorando a relação entre os dois irmãos que encabeçam a obra. É indiscutivelmente uma mudança importante, e fica a cargo de cada um julgar se ficou melhor ou pior.
Pessoalmente, eu acho este sétimo ano o melhor desde o incidente com a Rita na season finale da quarta temporada. Ele só perde pra primeira, segunda e quarta, as quais são obviamente obras-primas. A sétima passa longe de ser bem escrita igual a essas que listei, mas possui núcleos interessantes e que mantêm o interesse, até porque colocam na mesa discussões que a gente sabia que iria acabar acontecendo desde o começo do seriado. Além de tudo, o capítulo final possui um momento chocante. Não chocante à la Rita, claro, mas com uma ocorrência de tirar o fôlego e deixar a gente curioso pela temporada final. Com seus altos e baixos, a Season 7 entretém e desenvolve melhor suas criações em relação às duas temporadas passadas, preparando bem o terreno para o grande desfecho de Dexter. Se esta história tivesse se passado na primeira metade da obra, provavelmente a minha reação teria sido diferente. Surpreendentemente, eu gostei bastante, embora tudo esteja com uma qualidade bem inferior aos anos dourados da adaptação do romance escrito por Jeff Lindsay.

 

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~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Poxa, a temporada já começa com o Mike morrendo. Uma pena, eu gostava dele.
  • Vou deixar registrado aqui que a Jamie Batista é uma gracinha. Só pra deixar registrado mesmo.
  • Aquele Louis Greene é um cuzão, né? Beleza que o Dexter foi meio rude com ele, mas o cara congelar o cartão de crédito dele foi vacilo. Depois que o Dexter fode com a vida dele expondo a venda do braço do Ice Truck Killer e a traição o cara ainda tenta se vingar DE NOVO afundado o barco de seu rival. Claro que ele não merecia morrer nas mãos do Sirko, mas foi muito imprudente e pé no saco também.
  • Velho, a Deb não merece o que tá acontecendo com ela!!!!! Matar a LaGuerta com certeza terminou de destruir o emocional dela. Aff, se tinha alguém na série que merecia tudo de bom era ela, e tá justamente o contrário. Aliás, que chocante as cenas finais do último episódio. Fiquei de boca aberta.
  • Me surpreendi quando foi revelado que o Viktor lá era amante do Sirko. Por aquela eu não esperava.
  • Não adianta, eu sempre vou ficar meio assim quando o Dexter estiver com outra garota sem ser a Rita. Nos momentos com ela, ficava claro em seus pensamentos que ele não era capaz de amar ninguém, mas que se sentia confortável na presença dela. Desde que ela morreu, é como se ele tivesse perdido um pouco de seu lado psicopata e saído se apaixonando por todo mundo. Eu gostei da Hannah, por exemplo, mas achei o Dexter muito passional, algo que não costumava acontecer no início.
  • O ator que interpretou o Ray Speltzer fez com que eu pensasse que o Demolidor iria aparecer a qualquer momento.
  • Dexter tá só quebrando regra atrás de regra do Código, né. Primeiro ele matou um inocente, agora foi pego por outra pessoa… tá foda.
  • Imagina se o Sal Price tivesse morrido de pressão alta. Haha, sacaram? O Sal morrer de pressão alta, haha. Assim poderíamos dizer que………ele paid the Price? – pagou o preço? Hahahahahaha, eu sou muito bom.
  • Mano, eu tava lendo o resumo da temporada (porque faz muito tempo que assisti) e não lembrava que o Bobby de Supernatural tinha participado como o pai da Hannah. Um dia eu vejo Dexter tudo de novo, tô enferrujado.
  • O Dexter garantiu que o Hector Estrada chegasse ao fim da linha, não acham? Me segurem que hoje eu tô que tô.
  • Quando a Astor e o Cody apareceram deu uma saudade do passado, aquela nostalgia boa. Ai, tempo que não volta mais.
  • Esse tópico é só pra reforçar o choque que eu tive com a morte da LaGuerta. Porra, sete temporadas acostumado com sua presença. Quando a cena se desenrolou, fiquei um tempão sem saber o que achava. Dá uma sensação ruim e ao mesmo tempo um alívio em ver que o protagonista se safou mais uma vez. Mas a que custo?

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Debra Morgan
Até hoje, é uma das mulheres mais fortes e incríveis já criadas em séries de TV.

Este telefone sem fio deve ter sido louco

+ Melhor episódio: S07E12 (“Surprise, Motherfucker!”)
Não chega a ser a melhor season finale da série, mas tá no páreo.

The Rolling Stones, Rita Lee e a DC aprovam esta garota

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).