Séries, Super-Heróis

Arrow: 5ª Temporada (2016/17)

• A novela preferida

Um milionário que se veste de Robin Hood e combate o crime com arco e flecha em uma cidade repleta de gente com fantasias de látex. É um cenário tipicamente quadrinhesco, que alcança seu quinto ano de produção. Porém, se você acha que Arrow é uma história de super-heróis com muita ação e combate, está parcialmente enganado. Na temporada de número cinco, a série mais famosa da junção entre CW e DC chegou em um patamar de novelão, com as características boas e ruins do gênero.
Se eu não fosse eu, teria abandonado Arrow sem remorso algum, sobretudo depois daquela sofrível quarta temporada. Contudo, eu não consigo deixar as coisas de lado sem terminá-las, mesmo que eu demore semanas ou meses para voltar a consumir. Com Supernatural, por exemplo, já deve fazer pelo menos uns dois, três anos que eu vi a quinta temporada, e provavelmente só vou retomar quando estiver muito sem nada pra fazer e quando a produtora finalmente decidir finalizar a produção. Coincidentemente, a produtora é a mesma de Arrow.
Comecei o quinto ano da obra sobre o Arqueiro Verde sem grandes expectativas, mas com a consciência da opinião geral de que tinha ficado surpreendentemente boa. Comecei a assistir e realmente tive a mesma impressão, mas tava mais cauteloso que fã da DC no cinema. Tinha um anjinho no meu ombro e um diabinho no outro. O primeiro dizia: “viu? Você pegou tanto preconceito da série que não conseguia perceber que ela pode melhorar”. O segundo rebatia: “espera alguns episódios que vai voltar tudo ao normal”. Os dois estavam certos, de certa maneira. Agora vou explicar o porquê.
A trama da temporada tem muito a ver com os demônios internos de Oliver Queen. Com a presença do último capítulo dos flashbacks – graças a todos os deuses -, um novo vilão aterroriza a Star City do presente. Seu nome é Prometheus, um cara que começa agindo nos bastidores, mas vai ficando cada vez mais ousado e parece ter uma rixa pessoal com o Arqueiro. A série retoma algumas dinâmicas parecidas com as duas primeiras temporadas e o retorno agrada. O cenário que circunda Oliver está um pouco menos mirabolante, ainda que suas flechas agora tenham adquirido novos poderes, como: cortar ao meio uma bala em pleno movimento e entrar dentro de um revólver; fazer 100% em Through The Fire and the Flames no Guitar Hero III; cozinhar um yakisoba; atravessar dimensões paralelas dentro do espaço-tempo e explodir em fogos de artifício.
Com um começo mais sério, Arrow realmente volta às suas origens em vários aspectos. Com uma equipe reduzida, a boa química entre o protagonista e Felicity Smoak se destaca, sem precisar ficar forçando todo aquele melodrama. A adição de novos personagens é uma grata surpresa, e a trama geral é bem mais cativante do que sua antecessora. Em alguns momentos, dá aquela preguicinha de saber que a temporada conta com mais de 20 episódios, com fillers desnecessários entre eles e enrolações que poderiam ter facilmente sido condensadas, eliminando a parte ruim do fator novelão. Em relação aos fatores técnicos da obra, três coisas não mudaram, infelizmente.
Comecemos pela sonoplastia. Eu não sou o tipo de cara que costuma reparar nessas minúcias, mas em Arrow sou obrigado a falar. As músicas-tema e o barulho dos socos são pra lá de defeituosos, causando até mesmo uma quebra de clima em inúmeras cenas. O segundo demérito técnico é o dos diálogos. Se eu contasse quantas vezes o Oliver ou alguém diz “nos deixe a sós” durante a temporada, eu provavelmente ficaria louco e perderia a conta. Isso sem mencionar a insistência com a questão da “escuridão interior”, algo tão batido que me faz revirar os olhos. Em terceiro, temos as fracas cenas de luta, tão mecanicamente coreografadas que não dão um pingo de realidade, nenhuma se salva. Assistir a uma briga de Arrow e depois ver uma de Demolidor, por exemplo, dá um desânimo grande e até uma certa vergonha. E sabe como os combates poderiam melhorar? Se a série tivesse menos lutas. Isso mesmo, menos lutas. Não precisa ter trocação de porrada todo episódio, isso banaliza e torna cansativo até mesmo cenas de ação.
Outros pontos fracos da temporada têm a ver com a construção e o destino de alguns personagens, que claramente não foram feitos para aquilo em que foram inseridos. Não vou entrar em detalhes porque alguém pode considerar spoiler, mas é como se você colocasse o Oliver da série (não o dos quadrinhos) pra fazer um papel de alívio cômico. Simplesmente não combinaria. Além disso, não dá pra entender o motivo pelos quais alguns rostos permanecem no universo do Arqueiro, sendo que claramente não têm mais espaço na trama. Acho que era a hora da série enxugar um pouco algumas pessoas e dar uma renovada no elenco.
O quinto ano de Arrow, porém, apresenta muita melhora e traz um vilão bem legal. Não é melhor que o Slade e o Malcolm (que é mais um anti-herói do que um vilão), mas é consideravelmente superior ao Ra’s e ao Damien. Se bem que isso não é lá muito difícil, né. Suas motivações não são lá as mais espetaculares, mas a gente acaba aceitando, levando em conta também a personalidade do antagonista. Entretanto, uma coisa poderia ser mudada – por que diabos todo mundo tem que usar arco e uma roupa escura com capuz? Tá faltando criatividade nessa bagaça.
No apanhado geral, pode-se dizer que Arrow voltou a ser uma série interessante. Recheada de defeitos, a quinta temporada ainda assim consegue proporcionar um bom entretenimento, deixando-nos no mínimo curiosos pela sequência. Não me iludo mais em pensar que algum dia o nível de qualidade vai voltar a ser o dos dois primeiros anos, mas o quinto me deu a esperança de que talvez a obra possa se consolidar como a minha novela preferida.

 

{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}

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{Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota desta temporada, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/gabarito-do-leleco/}

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Eu demorei um total de cinco episódios pra perceber que o Ragman não era o mesmo personagem que o Prometheus. Inovem os figurinos, pelo amor de Deus!!!!
  • Aquele episódio 8, envolvendo o Flash e a Supergirl, foi foda pra caramba e deu até vontade de ver as outras séries, pena que eu perderia tempo demais com isso.
  • Por que ainda existem ladrões de rua em Star City se eles sabem que vão ser pegos pelo Arqueiro? Sempre me pergunto sobre isso em histórias de super-heróis.
  • Esse bagulho de desconhecidos na equipe eu acho muito legal, pena que com o tempo o time foi ficando cada vez maior e agora até o Batman já sabe quem é o Arqueiro.
  • Tava bem óbvio que o Prometheus seria o Adrian Chase, né? Foi massa a revelação e tudo mais, mas ficou bem na cara porque todos os outros da série já são caras conhecidas. Além disso, teria sido legal se o Chase fosse alguém genuinamente do bem e o vilão fosse alguém de fora do círculo do Oliver, o qual tá ficando cada vez mais fechado.
  • Aquele episódio 13 foi bem fraquinho, hein. Tentou colocar em debate a questão das armas, mas ficou mais em cima do muro que qualquer outra coisa. Pelo menos serviu pra desenvolver o Rene.
  • Que hino de episódio
  • Fiquei um tempão pensando “ué, cadê a Artemis/Evelyn?”. Jurei que tinham esquecido a bichinha, tadinha. Se bem que tadinha o caraio, mó Judas.
  • O legal é que eu coloquei nas minhas observações da temporada, antes de terminá-la de fato, que teria sido perfeito se o Chase tivesse se suicidado logo depois que o Oliver escapou de sua tortura. Acabou que o cara se matou mesmo, mas não no momento que eu pensei.
  • Ah não, aquele Curtis de Sr. Incrível não me desce. Que coisa mais ridícula, façam ele voltar a ser assistente da Felicity de novo que dá mais certo. Aquela cena dele com as bolotas mágicas tecnológicas e os caras fugindo com medo me deu vergonha alheia.
  • Adrian Chase é um nome muito mais foda que Simon Morrison, realmente.
  • O que o Quentyn ainda tá fazendo em Arrow? O ciclo dele já acabou faz tempo.
  • Graças a Deus acabaram os flashbacks, aehooo. Mas pra ser justo, a história final foi bem legalzinha, ainda mais porque eu curto bastante o Anatoly.
  • Bom, sobre o final da temporada, teria sido muito mais foda se todo mundo realmente tivesse morrido ali, mas a gente sabe que não foi isso que aconteceu. Foi um cliffhanger legal, mas pecou pela série no qual ele foi inserido, assim como o próprio vilão.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Rene Ramirez
Ele é novo e normalmente entraria em Maior Surpresa, mas me agradou tanto que não pude deixar de dar a maior premiação pra ele.

Sexta-Feira 13 (2009)

+ Melhor episódio: S05E17 (“Kapiushon”)
Cara, fiquei muuuito indeciso quanto à essa premiação, porque gostei pra caramba do episódio 8, o de número 100 de Arrow. Porém, acabei optando por esse por ter mais a ver com a trama principal e por trazer um dos momentos em que Stephen Amell – pasmem! – melhor atuou em toda a série.

Maior mistério da temporada

+ Maior decepção: Curtis Holt
Foi um dos eu mais curti na lamentável temporada passada, mas aqui ele caiu pro nível da própria temporada em que foi introduzido.

Esta é a única imagem que eu gostaria de ter tido do personagem

+ Pior personagem: Thea Queen
Como que os fãs aguentam e até gostam dela? Putz, chata demais.

Assim como Sansão, Thea começou a enfraquecer depois de ter os cabelos cortados

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).