• Teatralidade e ilusão
Qual superpoder você gostaria de ter? Ser que nem o Luke Cage seria algo útil pra caramba, porque eu poderia andar de boa na rua sem medo de assaltos, uma das vantagens de ser à prova de balas. Seguir a linha do Flash também é uma ótima e ousada opção, porque daria pra bater o recorde de Usain Bolt e outras coisas menores, como dar a volta na Terra e desacelerar o tempo. Manipulações de probabilidades, como a Feiticeira Escarlate, e habilidades sobrehumanas como força descomunal, raio laser e capacidade de voar, tal qual o Superman, também são alternativas legais. Bruce Wayne não tem nenhuma dessas coisas. Ele poderia ser somente um ser humano comum, mas algo o separa dos demais: o maior poder do planeta, o foro privilegiado dinheiro.
Antes de dar continuidade ao pitaco de Batman Begins, farei um anúncio. Ano novo, vida nova. Desde que eu criei o blog, sempre escrevi da mesma maneira: dou a sinopse e faço a crítica em um único texto corrido sem spoilers, comentando mais abertamente em uma parte separada de cada postagem. Com o despontar de 2019, vou fazer diferente. No começo de cada post, farei uma breve introdução, com alguns comentários, e depois farei uma sinopse descontraída da obra em questão. Em seguida, farei a crítica e por fim o veredito, o qual será uma seção mais curta, com poucas linhas – uma verdadeira conclusão. Espero que gostem do novo formato!
Sinopse
Se por acaso você mora numa bat-caverna e não tem nem ideia da história do Batman, vou dar uma resumida básica. Um dos super-heróis mais clássicos da história, ele chama a atenção por não ter nenhum poder; é simplesmente um cara com dinheiro, que sabe lutar e audacioso o bastante pra combater o crime com uns equipamentos sofisticados. É claro que algumas coisas seriam bem improváveis de acontecer no mundo real, mas em tese o Batman é alguém que poderia existir no nosso universo. É provavelmente sua característica mais legal.
Desde que foi idealizado, ele passou por incontáveis adaptações em diferentes mídias. No cinema, por exemplo, ele foi vivido por Adam West, Michael Keaton, Val Kilmer e George Clooney antes de ser interpretado por Christian Bale nesta trilogia clássica da qual estarei fazendo pitacos. Dirigido por Christopher Nolan, o primeiro filme saiu em 2005 e apostou na origem do Homem-Morcego, contando sobre seu treinamento, suas motivações para se tornar um justiceiro, suas camadas e introduzindo a cidade fictícia de Gotham. Além de Bale, a obra conta com um elenco recheado de estrelas, como Liam Neeson na pele de Henri Ducard, Michael Quem? Caine como o mordomo Alfred, Morgan Freeman como Lucius Fox e Katie Holmes no papel de Rachel Dawes, além de Gary Oldman como Jim Gordon e Cillian Murphy como o Espantalho, meu vilão favorito do cânone do Batman.
Crítica
Batman Begins tem muito significado pra mim. Foi um dos primeiros filmes do gênero que eu assisti e sua versão de PlayStation 2 era um dos meus jogos favoritos. Porém, filmes que a gente costuma ver e gostar na infância possuem uma grande chance de não serem tão bons assim quando a gente volta a assistir anos depois. Ainda bem que não foi o caso. Há um tempo, eu revi toda a trilogia com meu irmão mais velho, agora está sendo a vez de ver com meu irmão mais novo e, de longe, com minha namorada. Minha opinião acerca do primeiro capítulo da série de Nolan não mudou e pra mim ele continua ótimo.
Obviamente, a trama não é tão original assim. O protagonista decide se tornar herói, um vilão aparece e o mocinho precisa eliminar a ameaça. É um defeito que não dá pra negar. Entretanto, Batman Begins é mais do que aparenta ser. Ele nos expõe os dramas pessoais de Bruce, apresenta vários personagens interessantes e conta com ótimos diálogos e boas atuações. As cenas de ação chamam a atenção, embora meu irmão não tenha gostado muito do jeito meio “sem cortes” das lutas. Pra mim, no entanto, é algo que não incomoda, acho até que combina com o estilo do Morcego.
O filme tem mais de um antagonista, mas o principal deles não tem lá uma motivação que faça a gente pensar “caralho, isso até que deveria ser levado em conta”. Faz sentido seu pensamento, mas é meio clichê. É verdade que hoje em dia tá cada vez mais difícil fazer vilões de qualidade, porque as mais óbvias justificativas pelas ações dos mesmos já foram intensamente exploradas, deixando um terreno menor de trabalho. Ainda assim, permanece sendo um vilão não muito memorável. Bom, mas não espetacular. Se compararmos com o do filme seguinte, ele fica ainda mais atrás.
Veredito
Batman Begins é uma excelente introdução para uma linha de produção bem inteligente de Christopher Nolan. Deixar o enredo mais sério, adulto e realista foi uma sacada esperta do diretor e o elenco deu suporte a seus pensamentos. A estratégia foi tão bem feita que definiria todo o estilo da DC no futuro, ainda que agora ela esteja tentando minimizar um pouco isso. Se você gosta de filmes policiais, de ação e/ou de super-heróis, com uma pitada de drama, a probabilidade desse te agradar é grande. Agora, se não tem muita paciência para coisas fantasiosas demais, mesmo que seja em uma dose muito menor que a de Os Vingadores, por exemplo, a porcentagem pode cair um pouco. Se fosse pra eu colocar em Lelecos, provavelmente botaria 4 de 5. Contudo, vou tentar não dar nota nas minhas sessões especiais de filmes.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Ver o Ra’s al Ghul de Batman Begins e depois acompanhar o mesmo personagem em Arrow é algo que dá vontade de chorar. A mesma coisa com toda a Liga das Sombras. No primeiro, ela é um clã com guerreiros pra lá de habilidosos e com uma mística muito grande. No segundo, é um bando de escoteiros com roupas escuras.
- Quer uma personagem sem sal? Então tome a Rachel Dawes! O Batman precisava de um interesse amoroso mais emocionante, tipo o Robin.
- Toda a sequência do Batman destruindo a cidade com o batmóvel é uma delícia. Ele passando pela cachoeira dá até uma emoção.
- Ainda que eu prefira o visual dos jogos do Arkham, achei massa o Espantalho do filme. O cara assustou até o motherfuckin’ Carmine Falcone, isso é que é ser brabo.
- Victor Zsasz merecia ser um personagem mais explorado algum dia, ele tem uma premissa muito daora. Aliás, 102% dos vilões do Batman são assim, né.
- Aquela cena do Espantalho em cima do cavalo, soltando fogo pelas crinas, também é foda bagarai.
- Bruce Wayne encontrando Joffrey Baratheon é algo tão improvável quanto Deus ajudando um Cavaleiro das Trevas. Ops.
- O Alfred precisa ser protegido a todo custo. Movido por lealdade, o cara tá sempre lá apoiando seu patrão.
- Que satisfação ver o cara que vendeu o Wayne Enterprises ser demitido e se foder depois. Aaaah, como é bom quando isso acontece.
- Fico imaginando como a galera deve ter ficado no cinema quando o Gordon mostrou a carta do Coringa pro Batman. Queria ter presenciado, mas eu só tinha sete anos na época. Ainda devia fazer a piada de “como o Batman abre a batcaverna?”, “ele bat-palma”.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Bruce Wayne
Todo bom filme começa com um bom protagonista. E Christian Bale fez um belo trabalho.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?