Ficção científica, Séries

Fringe: 4ª Temporada (2011/12)

• Reinserção temporal

Eu demoro muito a escrever um pitaco. A parte mais fácil é redigir a crítica, e às vezes o mais complicado é encontrar as imagens. Como eu sou apenas um pouquinho perfeccionista, não basta que eu ache uma foto aleatória da temporada ou filme que estou falando a respeito. As figuras precisam ter uma boa qualidade, e precisam representar exatamente o que eu quis dizer na seção em questão. Tem hora que isso cansa, e por culpa minha mesmo. Dependendo da série, é mais difícil de achar boas imagens, ainda mais agora que o IMDB não me deixa mais baixá-las de lá. Em uma obra como Fringe, que acabou há quase dez anos e não teve uma projeção tão grande quanto produções do streaming, a tarefa torna-se árdua. Por esse motivo, depois de quase duas horas procurando fotos boas, resolvi relevar um pouco. Por isso, acabei pegando duas imagens de outras temporadas (uma delas nem tenho certeza de quando é), algo que tento evitar o máximo possível. No entanto, se eu não fizer isso, vou demorar um dia inteiro pra fazer uma postagem, e aí inviabiliza o negócio. Enfim, depois de toda essa enrolação, vamos logo ao que interessa.

 

Sinopse

Depois de ativar a Máquina, vislumbrar o futuro e fornecer um salvamento definitivo para os dois universos, Peter Bishop foi presenteado com o esquecimento total. Não, ele não se esqueceu das coisas. Na verdade, ele foi esquecido por todas as outras pessoas. De acordo com os Observadores, Peter cumprira o seu papel e sua existência não fazia mais sentido, e por isso ele foi simplesmente apagado da história. Legal, né? Com isso, toda a realidade envolvendo os dois universos passa a se adaptar como se Peter tivesse morrido na infância, essencialmente alterando incontáveis destinos traçados anteriormente na série. Entretanto, o plano dos Observadores entra em xeque a partir do momento em que a influência de Peter continua viva e seu retorno à realidade torna-se cada vez mais inevitável.

Os Guardiões da Galáxia

Crítica

Eu não gostei muito do início da quarta temporada.

A princípio, a ausência do Peter fez muita falta. Por incrível que pareça, considerando que eu era um dos grandes críticos do personagem, Fringe simplesmente não estava completa sem ele. Agradou-me o fato de que a série não quis resolver a questão logo de cara, dando uma sensação de veracidade à trama. Entretanto, o caminho tomado pelo roteiro me deu a impressão de que seria uma temporada conduzida essencialmente por fillers, somente o Peter dando seguimento à história principal. Isso fez com que eu me sentisse um pouco enganado, como se os roteiristas tivessem ficado sem criatividade.

A maior reviravolta foi a quarta temporada ter sido a minha favorita até agora.

Vamos retomar. Os primeiros episódios pareciam não levar a lugar algum, até que o panorama foi aos poucos ficando mais claro. Surpreendentemente, eu senti que a temporada foi mais direta do que as anteriores. Tentando ao máximo fugir dos spoilers, a maioria dos fillers teve uma função mais prática, a de adequar Peter Bishop àquele novo mundo. A transferência de protagonismo da Olivia para o Peter também fez bem à série, pois eu nunca me senti mais próximo a ele do que aqui. O enredo deu menos voltas e começou a resolver os conflitos originais da premissa, dando um gostinho de qual seria o enfrentamento derradeiro. Pela primeira vez na série, foi possível vislumbrar para onde a história estava caminhando, e qual seria seu destino final.

Preciso ressaltar também a coragem de Fringe em seu penúltimo ano. A obra tomou algumas decisões que a maioria das séries não teria tomado, provavelmente por medo da repercussão negativa dos fãs. Pra mim, essas definições causaram um pouco de frustração nostálgica, mas eu admiro pra caramba quando produções saem da caixinha, arriscando-se e abrindo mão do acomodamento. Na minha humilde opinião, é muito melhor quando uma série se arrisca e erra do que uma série que segue o esperado e “acerta”. Fui surpreendido pela ousadia de Fringe, e a segunda metade da quarta temporada foi praticamente impecável, com apenas alguns deslizes isolados aqui e ali, majoritariamente relacionados a fillers. No parágrafo anterior, eu afirmei que eles tiveram uma importância diferente nesta temporada, mas isso não significa que os “casos da semana” tenham sido todos interessantes. Alguns, como no episódio 15, foram bem maçantes principalmente porque haviam coisas muito melhores acontecendo em outras frentes.

Com ousadia e coragem, o quarto ano da Divisão Fronteiras encerra um ciclo e prepara o terreno para o epílogo. Os personagens começam a temporada apagados, sobretudo Walter Bishop. Com o passar do tempo, no entanto, o roteiro foi capaz de conduzi-los em uma estrada diferente, apoiando-se no inesperado protagonismo de Peter. Nos capítulos finais, esse protagonismo acabou diluindo-se por conta do crescimento dos demais personagens, e isso é uma coisa boa. Assim como os Observadores pensam, Peter cumpriu o seu papel e foi fundamental no acerto de decisões da série. Se formos ser sinceros, a atuação de Joshua Jackson é consideravelmente inferior às de John Noble como Walter e Anna Torv como Olivia, mas o personagem funciona. A temporada funciona.

Mais um dia normal na Divisão Fronteiras

Veredito

A quarta temporada é talvez a mais difícil de se gostar. Fringe deturpa totalmente o que foi criado nos três primeiros anos e muitos podem argumentar que a relevância deles foi diminuída à frente dos acontecimentos posteriores. Eu entendo totalmente essa linha de raciocínio, e acho bastante válida. Contudo, a série passou longe de se acomodar. Ela poderia ter trilhado um caminho óbvio, mas colocou tudo de cabeça pra baixo e me conquistou a partir do momento em que percebi a confirmação das minhas suspeitas. O protagonismo de Peter cai como uma luva e a trama conclui uma era, deixando um gancho eletrizante para o último ato. Os personagens começam abaixo do esperado, mas ganham força ao longo dos capítulos. Os primeiros episódios são lentos e dispersos e alguns dos fillers, desnecessários e dispensáveis, um problema recorrente da produção. Entretanto, grande parte deles funciona com propósitos específicos, o que nos faz perdoar um pouco a estratégia repetitiva. Ainda assim, fica no ar o sentimento de que um enredo mais condensado poderia ter feito bem às Fronteiras. Nota final: 4,4/5.

E A PRÓXIMA PERGUNTA DO NOSSO QUIZ É PARA PETER BISHOP! JOGO EMPATADO CONTRA LINCOLN LEE AQUI NO FBI!

 

>> Crítica da 1ª Temporada de Fringe

>> Crítica da 2ª Temporada de Fringe

>> Crítica da 3ª Temporada de Fringe

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Aparecer (Appear), Limbo (Limbus), Renascido (Reborn), Reinício (Reset), Ainda (Still), Vivência (Living), David, Jones, Morte (Death), Março/Marcha (March), Empata (Empath), Olive, Henry, Unir (Unite), Pena (Quill), Futuro (Future), Sonho (Dream), Simon, Tremor (Quake), Vivo (Alive), Poderes (Powers) e Expurgo (Purge). Todos os glifos da temporada, em ordem.
  • Vamos à recapitulação agora. Se você não tá com paciência de ler sobre tudo o que aconteceu, é só pular este tópico. Bora lá: Peter continua desaparecido, mas faz visitas ocasionais pro Walter. Lincoln tá na equipe do nosso universo agora. Olivias estão bravas umas com as outras e não é pelo Peter. Broyles do outro universo tá vivo de novo. Filler atrás de filler pra encher a temporada. Astrid tá aparecendo mais. Walter apagadaço. Muito louco como os personagens estão diferentes sem a influência do Peter. Walter paranoico, Olivia séria, Astrid em ação… Episódio 3 teve um fungo à la The Last of Us e a Olivia revelou que andou sonhando com o Peter. Walter, que quase se cegou, ficou aliviado. Só não entendi por que o FBI não utilizou roupas de proteção pra matar o fungo, mas beleza. Chadwick Boseman fez uma participação especial, bom demais. Fiquei incomodado só com o pessoal chamando o personagem de Cameron em vez de Mark, já que Cameron era o nome do pai abusivo dele. Mas enfim, Peter tá de volta depois que a Olivia deu um tiro pra cima após o Mark controlar a energia do Peter. Depois, teve uma menina com premonições e aquele velho clichê da vidente artística. Ainda assim, o episódio foi bom e serviu pra mostrar que o destino nem sempre é definitivo, ou seja, a Olivia pode não precisar morrer (apesar do que o Observador falou). Em seguida, um episódio que não teve nada demais, foi um filler com um cara que via o passado, presente e futuro. Porém, ele utilizava um equipamento do Observador, o September, que tá ameaçado pelos outros por ter feito merda com o Peter. Teve um mini foco na Astrid, o que foi diferente. O ep. 12 foi bem legal, com o Peter, a Olivia e o Walter presos em uma cidade com um monte de gente enlouquecendo. A culpa foi do David Robert Jones. No final, a Olivia beijou o Peter e deixou a gente com uma pulga atrás da orelha. Ep. 13 teve um plot de um menino que ouvia vozes, mas foi bem foda-se. O negócio foi a Olivia sendo raptada e ficando junto com a Nina em um lugar desconhecido. Ep. 15 teve um caso bem chato de um cara fazendo uma poção do amor. Ep. 16 retornou com o caso do porco-espinho humano, e o David Robert Jones tá com um monte de mutação em um navio. Olivia, Peter e Walter estão parecendo uma família mesmo, e o Lee tá se acostumando com a situação. Lee do outro universo morreu no ep. 17, enquanto o nosso Lee meio que se encontrou no mundo. O resto eu falo nas outras Observações Spoilentas.
  • Falemos mais um pouco sobre Lincoln Lee. Como o Lee do universo paralelo mal apareceu na temporada e, quando apareceu, parecia outro personagem, acabei nem ficando triste com a sua morte. O Lee do nosso universo ficando do lado de lá com a Olivia Alternativa foi bem previsível, mas fez sentido. E engraçado pensar como o Lee e a Olivia foram meio que feitos um pro outro, mas a sobrevivência do Peter bagunçou toda a equação.
  • Brandon Fayette Alternativo era um metamorfo, algo que me surpreendeu bastante. Mas algo me diz que o personagem não vai aparecer mais na série. Uma pena.
  • Passei muito tempo achando que a Nina Sharp Má era uma metamorfa atualizada, e por isso a outra Nina Sharp continuava viva. Nem tinha parado pra pensar que poderia ser a Nina do outro universo. De qualquer forma, ela se ferrou e a Nina Sharp Boa tornou-se uma figura materna pra Olivia. Achei legal isso.
  • O Broyles é outro que fez eu me enganar total. Eu jurava que ele era shapeshifter, mas acabou que ele tava traindo todo mundo porque o Jones tinha achado a cura pro filho dele. O irônico é que, se o Broyles tivesse dado a fórmula ao Walter, ele possivelmente teria conseguido replicar. Pelo menos o Broyles se entregou no final, antes de ferrar com a Máquina e os dois universos.
  • Ah, sobre o Broyles: é muito bom como ele é o fã número 1 da Olivia, desde a primeira temporada. É uma relação bem legal.
  • Finalmente tocaram novamente no ponto de que o Setembro foi quem deu origem a todos os acontecimentos envolvendo o Peter. Isso deixa muitas perguntas. Se ele vem de um dos futuros da humanidade, quer dizer que são várias linhas do tempo e que em várias delas o universo não entrou em colapso? Ao testemunhar um acontecimento importante, ele fez com que o universo se despedaçasse. O que teria acontecido se o Setembro não tivesse intervindo? São tantas perguntas… pelo menos ele sobreviveu, apesar de ter sido baleado por aquela Jessica (que, aliás, teve uma ressuscitação pra lá de perturbadora, com os olhos rolando e tudo mais).
  • No começo, eu não curti muito a Olivia ter conseguido se lembrar do Peter porque o amou muito, porque o romance entre os dois teve um desenvolvimento pouco natural pra mim, apesar de ter ficado bom depois. Eu gostava mais da ideia do Peter ter retornado porque estava diretamente relacionado com muitos eventos primordiais do universo, e o universo não conseguiria sobreviver sem ele. Porém, depois acabei aceitando e curtindo.
  • A Astrid Alternativa é muito fofa. Vê-la atravessando universos pra ver a Astrid do Nosso Universo após perder o pai, analisar a sua dificuldade em entrosar com outras pessoas, evitando todos os olhares possíveis, e assistir a ela tomando café foi uma lufada de ar fresco na temporada.
  • Então quer dizer que no futuro os Observadores vão dominar o mundo e sair matando geral. Walter e a equipe se prenderam no âmbar, Henrietta (filha de Olivia e Peter) tá na Fringe Division. As perguntas que ficam: onde tá o Belly? Com a nova linha do tempo, ele continua vivo. O que aconteceu com a Olivia no futuro, ela morreu?
  • Uau, esse final foi bem foda. A galera decidiu desligar a Máquina e os dois lados se separaram, com o Lee ficando do outro. Em seguida, a Olivia começou a soltar poderes pikas e matou o David Robert Jones pelas mãos do Peter, que o empurrou numa antena. Descobrimos que o William Bell tava vivo mesmo, e querendo criar um novo mundo. Faz sentido ele ter complexo de Deus e ser meio fdp, até por todas as coisas que ele fez no passado. Walter agiu rápido e deu um tiro na Olivia, salvando a vida dela depois por causa do Cortexiphan. Setembro falou que a Olivia morreria, e tecnicamente estava certo.
  • O questionamento que fica é: existem diferentes linhas do tempo em Fringe, ou eles trabalham com a teoria de que temos diferentes universos, mas com apenas uma linha do tempo podendo existir em cada um deles? Confesso que é um caminho pouco traçado no cinema e na televisão, e acho bastante promissor.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Peter Bishop
A prova definitiva de que os humilhados serão exaltados. Ainda que a atuação de Joshua Jackson esteja abaixo das demais, a temporada parece ter sido feita para seu personagem. Deu muito certo.

Certo, o Escavador esteve por aqui. Preciso entrar em contato com Os Incríveis

+ Melhor episódio: S04E22 (“Brave New World: Part 2”)
A conclusão audaciosa e recheada de fortes emoções em uma temporada marcada pela subversão.

A expressão de quem atendeu o telefone na maior expectativa e topou com a voz gravada de um atendente de operadora. Ok, isso foi muito específico

+ Maior evolução: Nina Sharp
Ela sempre foi uma personagem ok pra mim. Tinha seus momentos, mas nunca entrava na lista de destaques. Isso mudou na quarta temporada, quando ela ganhou uma importância imprevista.

A desvantagem de ter assistido RuPaul’s Drag Race: eu toda vez a chamo de Nina Flowers

+ Mais subestimado: Observador
Estava na hora de ele aparecer por aqui, né? Eu não reclamaria se ganhasse mais tempo de tela. Não reclamaria mesmo. Sempre que surge na série, eleva totalmente o nível dos episódios. Merecia mais destaque.

De boas aqui observando os meses passarem

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).