Documentário

Quarterback: 1ª Temporada (2023)

quarterback

• O sucesso e o fracasso

Não é a primeira vez que eu falo sobre futebol americano por aqui. Caso você não tenha visto meus pitacos sobre a série Last Chance U, saiba que este é o meu segundo esporte favorito, atrás apenas do futebol “normal”. Quando vi que a Netflix tinha lançado um documentário de oito episódios a respeito da temporada 2022/23 da NFL, centrado em três quarterbacks diferentes, a ideia logo me chamou a atenção. Decidi assistir e não me arrependi. Antes de continuar a crítica, já digo uma coisa: eu vou falar abertamente sobre os resultados das partidas e a conclusão da temporada, simplesmente por se tratarem de acontecimentos reais. Portanto, este texto não terá Observações Spoilentas. Aqueles que não têm interesse por futebol americano e gostariam de ser surpreendidos por esta série, digo apenas que vale a pena pela perspectiva de superação e trabalho duro. Para os que desejam saber mais a fundo, leiam sabendo que vou destrinchar os principais fatos envolvendo o mais recente campeonato.

 

Sinopse

Patrick Mahomes, Kirk Cousins e Marcus Mariota. Kansas City Chiefs, Minnesota Vikings e Atlanta Falcons. Três jogadores, três franquias e três temporadas completamente diferentes. Um deles é a estrela da liga, um dos atletas mais talentosos da história do futebol americano. O outro é competente, mas com um tempero a menos que o impede de chegar ao Super Bowl. Já o último é o mais questionável, com uma carreira irregular e um desejo de dar a volta por cima. Contudo, a vida deles não é apenas o esporte, e eles precisam conciliar o profissional com o pessoal, em meio às relações familiares e particulares.

Aquele sertanejo lá, o Bruno e Mahomes

Crítica

Nem se a Netflix tivesse uma bola de cristal, teria conseguido protagonistas tão perfeitos para a temporada de estreia de Quarterback. Fala sério, a plataforma conseguiu acompanhar o dia a dia do campeão e MVP do Super Bowl, a rotina de um jogador que liderou seu time rumo à maior virada da história da NFL e os obstáculos de um atleta instável e que terminou o ano em baixa. A teia de diferentes perspectivas é o que tornou a série tão especial.

Em primeiro lugar, vamos pegar como base o olhar de alguém que gosta de futebol americano e acompanhou a última temporada. Ver cada capítulo, cada partida, cada jogada, sabendo o que se sucederia é emocionante, mesmo quando a gente já sabe o final. Além disso, nós ganhamos uma visão interna do que estava passando na cabeça dos jogadores antes, durante e depois de momentos icônicos. Em segundo lugar, temos o olhar de alguém que entende bulhufas de futebol americano. Os termos e detalhes podem ser difíceis de entender, mas acompanhar cada passo sem saber o que vai rolar e ainda testemunhar histórias esportivas de escopos distintos é tão interessante quanto.

Quarterback é capaz de encontrar o equilíbrio entre o profissional e o pessoal. É claro que assistir às preparações e aos jogos em si é mais empolgante do que ver o cotidiano dentro da casa dos jogadores, mas a direção sabe bem quando direcionar suas atenções para cada etapa. As cenas envolvendo as famílias dos atletas servem não apenas para a gente conhecer os bastidores, mas também como combustível de expectativa para as partidas e uma espécie de descanso após tanto estresse dentro de campo.

Naturalmente, algumas histórias são mais interessantes do que as outras. As partes de Mahomes e Cousins se destacam, por motivos diferentes. De um lado, temos um cara que sabe bem como se portar diante dos holofotes, focado no preparo físico e mental e claramente apaixonado pela família. Do outro, temos um homem mais reservado e subestimado, mas que compensa a falta de talento natural (não que ele não seja talentoso, mas perto do Mahomes fica difícil) com uma resiliência impressionante. Ainda, ele também é apaixonado pela família, tal qual Mahomes, embora tenha uma vida muito menos midiática, o que influencia na relação com os filhos.

A linha temporal de Mariota, por outro lado, começa boa, mas a personalidade do ex-quarterback do Atlanta Falcons não é nem de longe tão marcante quanto as de Mahomes e Cousins. Ele parece genuinamente um ser humano do bem, mas em uma série contendo títulos, jogos históricos e viradas inacreditáveis, o seu arco acaba ficando um tanto quanto desinteressante à medida que os episódios vão se sucedendo. No final da temporada, aliás, ele quase nem aparece mais.

A pergunta que fica agora é a seguinte: quais serão os quarterbacks escolhidos para a inevitável segunda temporada? Josh Allen, Derek Carr, Joe Burrow, Russell Wilson, Ryan Tannehill? Não há como negar que existe um grande potencial no horizonte.

Kirk Primos

Veredito

Quarterback é uma série perfeita pra quem gosta de futebol americano, uma pedida certeira pra quem se amarra em conteúdos sobre esportes e uma opção válida para aqueles que gostam de documentários e/ou histórias inspiradoras. A temporada passeia bastante entre os custos e recompensas de uma competição de alto nível, demonstrando que, por trás das vidas luxuosas dos astros, há bastante trabalho, comprometimento e sacrifício. É um conteúdo fácil de maratonar, e eu cheguei a assistir quatro episódios em um só dia. Embora tenha seus altos e baixos, Quarterback não chega nem perto de ser enjoativa e vale o tempo investido. Nota final: 4,5/5.

Faz o sinal do Ronaldinho ~memes antigos~

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

+ Melhor personagem: Kirk Cousins
Sem dúvida alguma, Patrick Mahomes é a verdadeira estrela da primeira temporada e o centro das atenções, que vai garantir o interesse imediato por parte do público. Porém, não tem como assistir Quarterback e não sentir pelo menos um grande respeito por Kirk Cousins, tanto como jogador quanto como pessoa. Ele pode não ser o mais preciso, o mais veloz ou o mais completo jogador, mas com certeza é uma força da natureza.

Ok, eu torço pros 49ers, mas os Vikings serão meu segundo time só por causa dele e do Justin Jefferson

+ Melhor episódio: S01E06 (“Under Pressure”)
A virada dos Vikings sobre os Colts é coisa de cinema, e ver os bastidores por trás desse resultado histórico foi um dos ápices da primeira temporada.

Até os torcedores dos Packers precisam reconhecer o quanto esse momento foi incrível

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).