Fantasia

Once Upon a Time: 2ª Temporada (2012/13)

once upon a time 2

• Influência familiar

O problema de temporadas longas é que qualquer intercorrência leva a uma interrupção no fluxo, tornando a tarefa de voltar àquela história um pouco mais difícil do que o normal. Vejam bem, eu comecei a segunda temporada de Once Upon a Time no dia 13 de junho de 2023. Em 18 de agosto, assisti ao episódio 11, e depois daquilo parei por alguns meses. Por que isso aconteceu? Sei lá, foi um misto de coisas. A temporada não havia me cativado, comecei a ter outras obrigações, e assim a série foi ficando de lado. Resolvi retomá-la em 27 de dezembro, e constantemente precisei pausar pra perguntar à minha namorada por que Fulano estava fazendo aquilo, qual era a motivação de Ciclano e onde estava Beltrano naquele ponto da trama. Porém, assim que retomei o ritmo, os episódios foram só melhorando.

 

Sinopse

A magia da Rainha Má foi dissipada. Os habitantes da Floresta Encantada recobraram a consciência, mas se mostram confusos por acordarem em uma cidade desconhecida de um reino desconhecido. A magia, antes inexistente no contexto de Storybrooke, volta a funcionar, gerando repercussões imprevisíveis. Sob essa atmosfera, os personagens adquirem diferentes motivações. Alguns querem apenas voltar para o universo de onde vieram. Outros desejam vingança ou poder, em contraste com aqueles que só almejam a paz. O que pode sair de toda essa mistura?

Dis-cur-so, dis-cur-so, dis-cur-so!

Crítica

Em outubro de 2013, Ginnifer Goodwin e Josh Dallas, que interpretam Branca de Neve e o Príncipe Encantado, anunciaram o noivado. O namoro começou em 2011, depois de ambos se conhecerem no set de Once Upon a Time. Por que eu estou dizendo isso? Bom, além de fornecer uma curiosidade interessante pra quem não manja muito dos bastidores, é importante pra eu salientar uma das grandes qualidades do casal principal da série: a química. Não é fácil inserir um romance com esses moldes, e a conexão da vida real transparece na ficção, deixando a experiência ainda mais natural.

Voltando ao início, a segunda temporada de Once Upon a Time não começa tão bem quanto a primeira. Na verdade, a história até começa bem, mas opta por uma escolha criativa que não me agradou muito. Depois de 22 episódios esperando pra ver como seriam as interações entre os personagens depois de recuperarem a memória, a série decide postergar ainda mais esses momentos. Eu me senti pessoalmente enganado, como se estivesse assistindo a um programa de domingo na TV aberta, com o apresentador falando “revelaremos quem ganhou o prêmio no próximo bloco!“.

Depois de alguns episódios de relativo marasmo, a história entra nos eixos. Pra não ser injusto, essa separação de personagens serviu pelo menos para inserir dinâmicas inesperadas, como uma aproximação entre Encantado (eu sei que o nome dele é David, mas Encantado é mais legal) e Henry. Novos sujeitos provenientes de contos de fada dão as caras, como o Capitão Gancho, Aurora e Mulan. Algumas dessas adições agregam verdadeiramente ao enredo, enquanto outras são menos notáveis, como Jack. Mas, pelo menos, todas conseguem ser mais úteis do que a Cinderela, a qual foi inserida na primeira temporada e não teve relevância narrativa alguma, apesar de ser uma das princesas mais famosas de todas.

Como eu mencionei acima, ao longo dos episódios a história entra nos eixos e se coloca acima da primeira temporada. No seu ano de lançamento, Once Upon a Time foi mais “simples”, no sentido de que a temporada inteira contou com uma grande trama – a maldição de Regina -, arcos consequentes disso e diversos contos de menor importância. Na segunda temporada, não há uma grande trama tão bem definida, pois ela muda ao longo dos capítulos.

Inicialmente, a ideia parece girar em torno de uma adaptação dos personagens de contos de fada ao nosso mundo. Posteriormente, o roteiro dá vários giros e, quando temos a impressão de que as coisas se assentaram, um arco importante é finalizado e ficamos na dúvida sobre qual será a abordagem nos episódios finais.

Por causa disso, a segunda temporada de OUAT é mais imprevisível, e toma algumas decisões criativas mais corajosas em comparação à temporada anterior. A maioria dos personagens evolui pra melhor e a série consegue dosar melhor o tempo de tela de cada um, dando espaço para (quase) todos brilharem. Além disso, a promessa de novos personagens torna a história constantemente interessante, como se estivéssemos vendo a população expandir em tempo real.

Dono de um coração gigante

Veredito

Em seu segundo ano, Once Upon a Time tropeça em algumas das próprias escolhas, mas isso só acontece porque a série não quer repetir a mesma fórmula de antes. Naturalmente, tal característica acaba sendo responsável por causar mais altos e baixos do que na primeira temporada. Em compensação, a partir do momento em que o roteiro agarra as rédeas e encontra o melhor caminho, a história e os personagens se encorpam sem dar pistas muito óbvias do que está prestes a acontecer. Na reta final, a produção volta a escorregar um pouquinho, mas encontra diferentes auges que a credenciam como um ligeiro aperfeiçoamento. Nota final: 4,2/5.

Juice Newton – Queen of Hearts

 

>> 1ª Temporada de Once Upon a Time

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Sobre a Cora, confesso que tenho preguiça desse velho artifício narrativo de trazerem algum familiar perdido na trama só pra dar uma apimentada. Fiquei um pouco entediado com a vilã no começo, mas depois fui gostando e fiquei chocado quando a Regina a matou, por influência da Mary Margaret. E não consigo deixar de pensar que a Cora quase teve um filho com o Rumple. Sei que não é bem assim que a biologia funciona, mas a Regina passou perto de ser filha do Rumple. Imagina? Ah, outra coisa sobre a Cora. É interessante notar que o Rumple foi o amor da vida dela, mas o amor da vida do Rumple sempre foi a Bela. Uma prova disso é que, quando Rumple e Cora se beijaram, a aparência do Sombrio não voltou ao normal, como aconteceu com a Bela.
  • Rumple é pai do Baelfire, que é pai do Henry, filho biológico da Emma. Os avós maternos são Branca de Neve e Príncipe Encantado. A mãe adotiva é Regina, e, consequentemente, a avó adotiva é Cora. Se existe alguma família mais esquisita do que essa, eu desconheço.
  • Cara, eu nem desconfiei de que o Dr. Whale seria o Frankenstein, mas tudo fez sentido à medida que o episódio dele foi transcorrendo. Será que o pessoal da série já tinha planejado isso desde o início? Porque não houve nem menção disso na primeira temporada, e ele já tinha aparecido algumas vezes.
  • Regina? Rumplestiltskin? Cora? A verdadeira vilã de Once Upon a Time se chama Milah, porque tudo começou com ela. Acompanhem meu raciocínio. O Rumple estava na Guerra dos Ogros, e decidiu se machucar pra poder ficar com o filho. Qualquer pessoa sensata entenderia aquela situação, sobretudo a esposa do homem em questão. Em vez disso, Milah o chamou de covarde, em vez de ficar feliz por ele estar vivo e satisfeita pela sua companhia dentro da família. Aquilo ressoou cruelmente em Rumple. Após ela fugir e abandonar tanto o Rumple quanto o Baelfire, Rumple se sentiu ainda mais impotente e tentado a se tornar o Sombrio. Assim que o fez, a desgraça despontou de vez. Por isso, a culpa de tudo isso é da Milah. Encerro meu caso! Ok, falando sério agora, é óbvio que o catalisador de todos os acontecimentos da série é o Rumplestiltskin. Ainda assim, a Milah é uma pessoa de caráter no mínimo questionável.
  • Eu gosto de histórias de redenção, mas sinceramente? Achei ótimo que a Regina tenha se aliado à Cora e voltado a ser má. É totalmente compreensível que ela tenha recaídas. Sua volta por cima no caminho rumo à bondade estava acontecendo muito rapidamente. E, apesar do seu arrependimento, não dá pra esquecer que ela matou pessoas, aprisionou uma cidade inteira por mais de 20 anos e torturou incontáveis inimigos. Não é algo que se apaga da noite pro dia.
  • Ainda que a Regina seja uma vilã sanguinária, há uma coisa que me incomoda em OUAT. Mesmo com todos os defeitos, a Regina é muito mais mãe do Henry do que a Emma, e a série age como se o laço biológico da Emma fosse o elemento mais importante daquela relação, ignorando o fato de que quem criou o Henry foi sim a Regina. Naquele momento em que a Regina questiona a decisão da Emma de levar o Henry da cidade, ela tinha todo o direito do mundo de ficar revoltada. Em circunstâncias normais, isso significaria um sequestro da parte da Emma. Mas, como a história se passa em um universo de conto de fadas em que Regina é a Rainha Má, acho que temos de dar uma colher de chá.
  • Importante salientar que a série melhorou muito a partir do momento em que todo mundo ficou meio que no mesmo lugar. Não gostei daquela jogada do início de separar uma galera logo depois do reencontro, colocando a Emma e a Branca no mundo de Aurora e Mulan, deixando o restante em Storybrooke. Ainda bem que aquilo não se estendeu por toda a temporada.
  • Eu definitivamente não gostei de Greg e Tamara. O Greg eu só achei meio tedioso, apesar de ter gostado da história dele enquanto criança, como Owen. Já a Tamara me soou como uma personagem totalmente superficial e mal escrita. Em primeiro lugar, eu não curto quando uma série telegrafa um triângulo amoroso, sem a intenção de realmente causar um sentimento de indecisão por parte dos envolvidos. Era totalmente óbvio que Emma e Neal estavam “destinados” a ficar juntos, e a Tamara era apenas um obstáculo pra aumentar o drama. Com isso, só haveria dois caminhos possíveis: ou ela seria uma santa que descobriria a respeito do amor do Neal e se revoltaria, abandonando-o, ou ela seria uma vilã. A série escolheu percorrer o segundo caminho, mas a Tamara surgiu muito tarde pra realmente nos convencer de seu antagonismo. Isso sem falar naquele taser dela, que me deu nos nervos. Como uma arminha de choque é capaz de matar o Dragão, seja lá quem ele fosse, e o Pinóquio, que é feito de MADEIRA? Inclusive, só pra não perder o ritmo, não sei o que achar do Pinóquio voltando a ser criança. Achei meio aleatório, como se fosse uma desculpa pra se livrar do ator, mas não do personagem.
  • Acho muito engraçado que a Regina trata a Branca de Neve como a maior serial killer de todos os tempos. Sim, ela foi responsável direta pela morte da Cora. Mas a Regina por acaso se esqueceu de que a Branca só é órfã por causa dela e da Cora? Afinal de contas, a Regina matou o pai da Branca, e a Cora matou a mãe, isso sem falar no aprisionamento da Floresta Encantada em Storybrooke e nas inúmeras torturas. Sim, eu lembro que a Branca também teve uma participação na morte do Daniel, mas ela era uma CRIANÇA e não tinha consciência do que estava fazendo. E, se eu bem me recordo, quem matou de fato o Daniel foi a Cora, que foi tratada como “mãe querida” pela Regina. Não faz sentido algum.
  • Incrível como o último episódio deixou trocentas pontas soltas pra uma continuação, né. Bela tendo que proteger Storybrooke após deixar pra trás a identidade de Lacey, um grupo desajustado partindo rumo à Terra do Nunca, o Baelfire/Neal desaparecido… vamos ver no que vai dar.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

Melhor personagem: Mary Margaret/Branca de Neve
Eu ainda acho que o Rumplestiltskin é o melhor personagem da série, mas acredito que a bondosa Mary Margaret demonstrou novas facetas nesta temporada e foi um dos grandes destaques positivos.

“Só acredito vendo”. Eu vendo: “não acredito”

+ Melhor episódio: S02E14 (“Manhattan”)
A segunda temporada teve vários episódios que poderiam entrar aqui, mas escolhi o 14 pois foi ele que funcionou como um divisor de águas pra mim.

Apenas duas pessoas dirigindo um carro amarelo qualquer

+ Maior evolução: David/Encantado
Ele quase foi eleito como o Melhor Personagem, principalmente por conta de suas aparições na primeira metade da temporada. Na segunda metade, porém, foi um pouco deixado de lado e reduzido a um arquétipo de herói inabalável, o que abaixou um pouco a sua nota nos meus critérios. Ainda assim, foi um dos melhores no geral.

O verdadeiro “lawful good”

+ Maior surpresa: Capitão Gancho
Além de ser um bom personagem que causou boas interações com pessoas distintas, Gancho também surge como alguém primordial para a construção da trama central de Once Upon a Time. Também gostei muito do Anton, um personagem de gigantesco potencial.

Assassin’s Creed IV: Black Flag

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).