• Afeto masculino

O meu TCC do curso de Jornalismo teve como tema a construção de masculinidade tóxica nas revistas masculinas no Brasil. Tá, mas e eu com isso?, você deve estar se perguntando. O filme de hoje, Close, tem como enfoque justamente como a sociedade molda a noção do que deve ser a figura do homem. Isso por si só já me interessou. E o roteiro vai além, colocando em pauta sexualidade, amizade e família.

Leo e Remi são dois grandes amigos. Aos 13 anos, eles não se desgrudam e levam uma vida feliz. Porém, quando começam a ter aulas em uma nova escola, o vínculo entre ambos é malvisto pelas pessoas ao redor, levando a consequências cada vez maiores.

Close é sobre muitas coisas diferentes. Como eu disse no primeiro parágrafo, a construção de masculinidade é trabalhada constantemente e age como o epicentro do enredo. Ainda assim, o filme franco-belga-holandês fala também sobre luto e o faz de maneira pouco usual no cinema.

Podemos dizer que Close funciona como dois filmes. Na primeira metade, a atmosfera é uma. Na segunda metade, tudo vira de cabeça pra baixo e a história ganha contornos bem mais dramáticos. É como se a trama acompanhasse a transição do protagonista entre a infância e a adolescência, precisando subitamente lidar com temáticas de gente grande.

A direção de Lukas Dhont é delicada. Há um trabalho de câmera aqui bastante específico. A fotografia é fechada e o filme aposta muito na expressividade de seu elenco. Isso significa que algumas cenas se estendem por vários segundos nas reações de alguns personagens. Eu entendo o ponto dessa estratégia, cujo intuito é evidenciar os conflitos internos. Contudo, em alguns momentos o recurso passa do ponto, às vezes se esticando até demais.

Close sabe bem qual a sua identidade e tem plena noção de como contar a história que deseja. O filme é habilidoso em nos conectar e causar identificação com aquela realidade. Certas opções do roteiro deixam o longa um pouco desbalanceado, com uma estrutura de três atos seguida de um longo e arrastado epílogo. É uma obra com problemas de ritmo, mas que rende diversas discussões posteriores.

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?