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AnáliseRicardo #13 – Os Rejeitados mostra o Natal como ele realmente é

os rejeitados ricardo

• Uma ceia de confusão

Você já foi obrigado a ficar preso com algo que não queria?

Eu devo confessar que essa é a pergunta que hoje, uma semana após assistir ao filme, eu tiro da minha cabeça. Não que eu não tenha gostado do filme, muito pelo contrário, eu gostaria apenas de deixá-lo na minha imaginação.

Mas vamos deixar de enrolação e conversar sobre Os Rejeitados para vocês entenderem melhor o que eu tô querendo dizer.

Para começar, eu não sou muito fã de filmes de Natal ou que falem do famoso “espírito natalino”. Normalmente eles falam mais do que mostram e quando mostram, mostram algo que mais parece comercial da Coca-Cola, aqueles que têm uma ceia gigantesca, a câmera passeia por toda a mesa e finaliza no pai cortando a carne.

Eu realmente não sou fã disso, acho que no Natal sempre dá alguma coisa errada. Uma sobremesa que dá ruim e causa uma confusão… um atraso para comer a ceia e acaba em confusão… uma confusão que acaba em mais confusão.

Eu, normalmente, me divirto com isso porque eu sei que isso é real. É bem mais real do que um Natal que saem todos sorrindo e de barriga cheia.

Dito isso, esse filme aqui conseguiu mergulhar nesse sentimento.

Aqui, graças ao roteiro de David Hemingson e também à direção de Alexander Payne, sejamos justos, o filme conseguiu me colocar à mesa com esse trio de rejeitados e tomar a ceia de Natal junto deles.

As imperfeições dos personagens, suas jornadas pessoais para a transformação de cada um… tudo isso entra em harmonia junto com a atuação, seja do Paul Giamatti ou da Da’Vine Joy Randolph.

A sensação é de que cada um estava trazendo um prato para essa ceia. Digo isso em relação aos personagens e também a toda a galera que está por trás do filme.

Não temos uma fotografia ou trilha sonora brilhante ou mesmo marcante, mas temos aqui um trabalho que busca abrir espaço para o que parece ser ciência de todos ali do que é o melhor na produção.

Digo isso nos momentos em que a fotografia dá as caras ou quando o design de produção é chamado para a conversa… mas o que realmente aparenta ser a cereja do bolo é a atuação de Paul Giamatti.

Paul Giamatti interpretando Paul Hunham

Seu personagem não é tão complexo à primeira vista, mas a cada minuto que passa, seu personagem se desenvolve e aquele professor cheio de raiva começa a dar espaço para um homem que não quer que outro jovem caia nos mesmos erros dele e guarde a raiva dentro de si.

Isso a gente vê no texto, mas mais ainda na atuação do Giamatti. Sua indicação foi mais que merecida no Oscar 2024.

Tudo isso, esse amontoado de personalidades e ingredientes fazem com que Os Rejeitados seja a ceia de Natal perfeita. Seja com passas no arroz ou banana na farofa. Se você não gostar de algum desses, tudo bem, você precisa aceitar o fato de que algumas coisas não vão sair do jeito que você quer.

Às vezes, seus avós que prepararam o prato também não gostavam quando eram da sua idade… às vezes, a sua atitude pode mudar isso, pode não ser com raiva e sim com uma atitude de abrir mão e contar com o motivo.

Seus avós já foram adolescentes, jovens e adultos… eles te entendem bem mais do que você imagina. Pode apostar?

Aaaah, se você ainda tá se perguntando o motivo de eu não querer falar de algo que eu curti tanto, como esse filme, eu digo que é egoísmo meu. Não sei se teria outra palavra que definiria isso melhor, eu não gostaria de falar sobre como foram meus Natais ou o meu sentimento sobre o Natal em si. Por isso, talvez, eu tenha demorado tanto para escrever a crítica de Os Rejeitados ou talvez eu só esteja começando e, por vezes, é mais difícil que eu queira admitir colocar meus sentimentos assim numa tela.

Quaisquer das opções têm grandes possibilidades de estarem certas, então parabéns ao Alexander Payne por conseguir colocar seus sentimentos na tela e a você, que compartilha um pouco desse sentimento meu em relação ao Natal.

Ricardo Gomes
O Sharkboy que estuda Jornalismo e ama o cinema

 

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Este texto faz parte de um quadro de colaborações com outros redatores. O artigo não foi escrito pelo maravilhoso Luiz Felipe Mendes, dono do blog, e portanto não necessariamente está alinhado às ideias dele.

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).