• Nem só de festa vive o jovem
Skins é uma série literalmente dividida por gerações. Mas o que isso significa, na prática? Basicamente, os personagens principais da primeira temporada não são os mesmos da sétima, a última. Pelo que eu entendi, a cada duas temporadas mais ou menos o elenco central é quase totalmente alterado, mas inserido no mesmo universo. Portanto, não é uma série antológica, com histórias independentes umas das outras. A Effy, por exemplo, é elevada ao papel de protagonista a partir da terceira temporada, enquanto antes ela segue como coadjuvante. Quanto aos demais personagens, eles se despedem aqui, encerrando o ciclo inicial da produção.
Sinopse
Após o inesperado atropelamento de Tony, a vida de praticamente todo mundo vira de cabeça pra baixo. Michelle sofre com a amnésia parcial do ex-futuro-quase-não-sei-namorado. Sid faz de tudo pra ajudar o amigo, até que não aguenta mais o tranco. Maxxie constrói uma surpreendente relação de parceria com Tony. De certa forma, o acidente afetou a todos de diferentes maneiras. Além disso, eles precisam lidar com a pressão do último ano antes da faculdade, questões familiares e novos personagens que tentam encontrar um espaço na gangue.
Crítica
A segunda temporada de Skins começa meio estranha. É até difícil explicar em palavras, mas parece que a série não tem mais aquela vibe de antes. É como se uma rede de televisão diferente tivesse tomado as rédeas da produção, colocando um novo estilo de fotografia e narrativa. As sequências de festas estão diferentes, os personagens não parecem os mesmos e até as locações dão a impressão de que não estamos mais na cidade de Bristol.
Como eu já tinha pegado gosto pela narrativa da primeira temporada, demorei um pouco a me interessar pela nova jornada. No final das contas, acabei me acostumando e aprendendo a curtir o estilo, principalmente depois de perceber que há uma justificativa pra mudança. Na primeira temporada, a trama era carregada de juventude descompromissada e despreocupada, com foco na rotina de festas e pegação. Na segunda temporada, não dá mais pra fingir que o tempo não tá passando. Chegou a hora de definir o futuro, seja em uma faculdade, em um emprego tradicional ou em algo alternativo.
Quem assistia Skins apenas pra ver os personagens ficando malucos e cometendo atos imprudentes nas madrugadas pode ir tirando o cavalinho da chuva. Eu não assistia por causa disso, pra deixar bem claro, mas era o maior senso de identidade da série. Nesta sequência, precisamos entender que os personagens estão alcançando a vida adulta, sendo acompanhados pela própria narrativa. Os conflitos ficam mais dramáticos, seja no campo romântico, familiar ou de amizade. As relações se estreitam, ao mesmo tempo em que se afastam e prometem nunca mais ser o que eram antes.
Acredito que o enredo do segundo ano de Skins é mais pesado do que o primeiro. É claro, a temática não era exatamente light, mas há aqui um senso de seriedade que não estava presente na história anterior. São inseridos momentos de cortar o coração ou pelo menos de nos fazer refletir sobre a vida como um todo. A série perde em charme, mas ganha em camadas. Ela perde em descontração, mas ganha em dramas.
Mesmo quando pega o ritmo e melhora a cada episódio, Skins ainda tropeça aqui e ali, fazendo com que a segunda temporada seja ligeiramente inferior à primeira. É uma diferença bem pequena, mas existe. Pelo lado bom, o encerramento do ciclo é bem feito, deixando no ar algumas situações e dando margem pra nossa imaginação.
Veredito
Depois de mostrar a magia da adolescência em não se preocupar com o que vem pela frente, Skins se desvencilha de seus devaneios. Ainda que a gente tente se agarrar ao passado, o futuro sempre chega, e com isso as responsabilidades aumentam. A segunda temporada não é tão viciante e simpática quanto a primeira, mas compensa ao fornecer mais profundidade aos seus personagens, mostrando como a vida pode ser dura e complicada. Pelo jeito que eu tô falando, parece que não tem mais espaço pra humor ou leveza, mas não é o caso. Eles estão ali, mas não se limitam e pintam um quadro mais complexo, concluindo bem a trajetória da primeira geração da série.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco
Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco
Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Não tem como não começar essas Observações Spoilentas sem falar do Chris. Cara, que merda. Eu não imaginava que ele fosse morrer, mas fiquei pensando que daria ruim porque, além de tudo, ele não se cuidava. Pode ser que, mesmo fazendo tudo certinho, o resultado fosse o mesmo, mas pelo menos teria tido mais chances. De qualquer forma, ele morreu da forma que gostaria de ter vivido: dizendo “fuck it” pra tudo.
- Continuando nesse mesmo assunto, gostei muito de como a Jal foi trabalhada nesta temporada, principalmente após o início de seu relacionamento com Chris e a gravidez que acabou não dando certo. O seu discurso no funeral do namorado também foi ótimo, perdendo só pro Sid e o Tony roubando o caixão do moleque.
- Por falar em mortes, que pesada a morte do pai do Sid, na moral. Vê-lo daquele jeito na poltrona, inclinado e com os olhos vidrados pra cima, deixando o filho em estado de choque… acho que foi uma das mortes de séries mais chocantes que eu já vi no sentido de desconforto e veracidade. Aquele episódio inteiro foi uma obra-prima, na moral.
- Ok, vamos falar um pouco da Cassie. Eu gostava dela na primeira temporada, até a escolhi como Melhor Personagem. Na segunda, simplesmente não me desceu. Sim, eu sei que o Sid foi errado ao ter presumido uma traição e ido atrás logo da Michelle, mas tudo que veio depois disso foi pura cuzagem da Cassie. Ela “sabotando” o Chris pelas costas dele, mesmo após o amigo abrir as portas da própria casa pra que a garota tivesse onde morar, o modo como tratou a Jal… enfim. Abrindo espaço pra imaginação agora, acho que o relacionamento dela e do Sid estava meio fadado ao fracasso, e não acredito que tenha dado em algo duradouro em Nova York.
- Se teve um episódio que eu não gostei, foi aquele do Tony indo pra outra escola e conhecendo aquela garota imaginária. Me deu uma preguiiiiça de todo aquele arco, estava muito óbvio e o resultado pode até ter sido importante pro desenvolvimento do personagem, mas toda a trajetória foi chatinha. Mas em geral, eu gostei da evolução do Tony e em como ele reconheceu a amizade do Sid, no final das contas, e começou a tratar a Michelle com dignidade.
- Bicho, que doideira aquela Sketch, hein? Ô, bichinha problemática. Tudo bem que ela não vivia no melhor contexto familiar do mundo, mas eu não consigo passar pano pra stalker, é um bagulho que me deixa meio consternado. Ainda bem que o Anwar acabou se livrando dela e partiu em viagem com o mano Maxxie e o namorado dele.
- Agora é a hora da Effy liderar a nova geração. Pelo menos ela já tá se comunicando, então será que veremos uma personagem mais interessante daqui pra frente?
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Chris Miles
Desde a primeira temporada, ele sempre foi um querido, mas me dava um pouco de agonia por causa do seu frequente desmazelo com a própria higiene. Na segunda temporada, Chris ganha mais espaço e podemos acompanhar melhor as suas ações, que se destacam acima das demais. Jal também foi muito bem ao longo dos capítulos.
+ Melhor episódio: S02E03 (“Sid”)
Esse aqui não é apenas o melhor episódio da temporada, como também o melhor da série até então. Eu fiquei tão envolvido com o arco do Sid que até me esqueci dos outros personagens por um tempo. Sério, vale a pena ver.
+ Maior evolução: Tony Stonem
Eu fiquei em dúvida entre colocar Tony ou Maxxie nessa categoria, mas o Tony evolui muito como personagem, enquanto Maxxie basicamente ganha mais tempo de tela. Por isso, acho que é justa a escolha, pois Tony passou a ser muito mais do que era na primeira temporada.
+ Mais subestimado: Maxxie
Ele poderia até mesmo ter sido o Melhor Personagem da temporada, porque melhorou muito. Porém, essa evolução fica praticamente restrita aos primeiros episódios, e depois Maxxie meio que some da trama por um tempo antes de retornar nos capítulos finais. Ainda assim, foi o suficiente pra ganhar um espaço no pitaco.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?