• O crime dos solteiros
Quando eu estava prestes a ver Pobres Criaturas, me lembrei de outro filme do diretor Yorgos Lanthimos que eu havia assistido há alguns anos: O Lagosta. Depois de conferir o mais recente lançamento do cineasta, resolvi revisitar esse outro.
Em uma sociedade distópica, há uma exigência pra que todas as pessoas formem casais. Os solteiros/viúvos/divorciados têm duas opções: entrar em um hotel e ficar lá por 45 dias, à procura de um par; ou fugir e correr o risco de serem caçados. Ah, mas o que acontece se passar 45 dias e o indivíduo não conseguir um par? Bom, ele será simplesmente transformado em um animal à sua escolha.
Já ouviram aquele meme de “vidas solteiras importam”, que as pessoas usam quando alguém posta uma fofura de casal na Internet? Bom, no universo de O Lagosta, vidas solteiras definitivamente não importam. Brincadeiras à parte, o conceito do roteiro de Efthymis Filippou é tão bom que, mesmo se o filme em si não prestasse, eu ainda assim respeitaria a ideia. Pra deixar tudo ainda melhor, O Lagosta é ótimo.
Como eu disse, a concepção do filme é provavelmente a sua maior qualidade, mas tá longe de ser a única. Colin Farrell tá excelente no posto principal, como um homem solitário e abandonado, mas que esconde um lado romântico e determinado. O elenco de suporte também funciona muito bem, desde Rachel Weisz, uma das personagens mais importantes e que só aparece na segunda metade do filme, até Olivia Colman, em um papel mais discreto.
Além de ser inventivo na ideia central, O Lagosta é cheio de singularidades que o tornam ainda mais original. A narrativa e a montagem são alguns dos exemplos, assim como o subtexto e a capacidade de se realocar dentro do próprio enredo. Infelizmente, há algo no ritmo do filme que o faz parecer maior do que realmente é. Ele possui menos de duas horas de duração, mas a gente sente um certo desgaste.
O Lagosta é até hoje um dos filmes mais criativos que eu já vi, sem se transformar em algo confuso ou excessivamente metafórico. Se você curtiu a experiência de Pobres Criaturas, acho que vale a pena dar uma chance.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
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Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?
