• Tiros nos próprios pés
Imagine que você é o (a) treinador (a) de um time de futebol, que no ano passado passou por altos e baixos. Antes do início do novo campeonato, cabe a você participar da montagem do elenco. Em vez de continuar apostando no melhor atacante e no melhor meio-campista do seu time, você decide vender o primeiro e colocar o segundo no banco de reservas, optando por escalar um lateral improvisado lá na frente. Como era de se esperar, a sua equipe começa a perder e a torcida, com razão, protesta contra suas decisões e o time termina a competição no meio da tabela, distante de brigar pelo título. É mais ou menos essa a sensação que eu tive com a sexta temporada de Skins.
Sinopse
Alo, Rich, Grace, Mini, Nick, Liv, Franky e Matty estão em uma viagem para Marrocos durante as férias. Tá quase tudo muito bem, com uma exceção: o recente relacionamento de Franky e Matt está em crise. Mesmo assim, os dias se sobrepõem com mais fatores positivos do que negativos, até que um acontecimento muda a vida de todos eles pra sempre.
Crítica
Eu não tô muito por dentro do fandom de Skins, mas acredito que haja uma boa discussão acerca de qual é a melhor geração, se é a primeira ou a segunda. Eu mesmo fico na dúvida. Acho que prefiro um pouco a segunda, mas não tenho certeza. Por outro lado, acredito que seja unânime qual delas é a pior geração: a terceira.
Na quinta temporada, eu já tive a impressão de que o conjunto de personagens não era tão bom quanto antes. Sim, Grace, Rich, Alo e Franky eram personagens legais e Mini tinha camadas interessantes, mas eu não conseguia me importar com Nick, Liv e Matty. Fui surpreendido positivamente com o primeiro episódio da sexta temporada, em que Mini e Nick pareciam ter evoluído bastante e até a Liv me dava a sensação de que eu gostaria mais dela; somente o Matty não me provocou uma boa primeira impressão.
Contudo, a série coloca tudo a perder a partir do terceiro episódio. Não dá pra falar exatamente o que eu quero dizer com detalhes (vou guardar isso pras Observações Spoilentas lá embaixo no texto), mas Skins toma a pior decisão de todas até aqui, prejudicando todo o restante da temporada. A série abre mão de duas de suas melhores personagens a troco de nada que compense essa perda.
O enredo da sexta temporada de Skins é uma salada de ideias que não se encaixam. A série tinha a oportunidade de mostrar que a terceira geração poderia ser tão boa quanto as outras duas, bastava alguns ajustes aqui e ali. Ela até conserta alguns erros de antes, mas derruba acertos e desvirtua tanto seus personagens que alguns ficam irreconhecíveis.
Quanto aos acertos, certos arcos narrativos funcionam e culminam em tramas que me fisgaram do início ao fim, mesmo contendo alguns temas que já haviam sido abordados antes. Há a inserção de um novo personagem que poderia ter funcionado com o restante do grupo, mas seu timing é ruim e a sinergia acaba não acontecendo da maneira como se esperava.
A despedida da primeira geração teve a dose certa de melancolia, satisfação e uma espécie de suspense capaz de nos fazer imaginar o que aconteceu depois. O desfecho da segunda geração foi inacabado e sem sentido. Apesar de ter se autossabotado ao longo dos episódios, não posso negar que a conclusão da terceira geração pelo menos é boa, deixando ainda mais aquele gostinho de potencial desperdiçado.
Veredito
Em seu sexto ano de existência, Skins mostra que não tem mais tanto controle sobre a própria fórmula que criou, com tramas desinteressantes, mudanças bruscas de personalidades e tragédias gratuitas que não rendem o resultado esperado. Ao tentar sair um pouco da caixinha, a série deixa de aproveitar seus maiores méritos. Quando faz o simples, mostra que há espaço pra boas histórias naquele universo. Algumas de fato se sobressaem, mas faltou aproveitá-las melhor.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco
Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco
Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Não tem como não começar falando do assunto Grace. Cara, ela era simplesmente a melhor personagem da terceira geração. Livrar-se dela logo após o segundo episódio pra mim foi um tiro no pé gigantesco. Eu entendo a ideia de trabalhar a questão do luto de maneira mais detalhada, e matar um personagem querido foi um bom caminho pra gente se colocar no lugar do pessoal. Eu realmente entendo essa estratégia, mas eles se esqueceram de um pequeno grande problema: em geral, a terceira geração não é conhecida exatamente pelo carisma, então desperdiçar a Grace é como se o técnico abdicasse de seu melhor jogador (se a analogia da introdução não tiver ficado clara a suficiente). E mano, ver o Rich daquele jeito também me destruiu.
- Outro fator que piorou a decisão de matar a Grace foi a involução da Franky. O que diabos aconteceu com a personagem? Eu sei que alguns meses se passaram entre a quinta e a sexta temporadas, mas a mudança de personalidade dela foi muito brusca e radical. Antes, Franky era uma garota que sofria com a própria identidade visual, tinha inseguranças em relação ao próprio corpo e fazia de tudo pra se encaixar. De repente, ela abandonou todos esses traços e se transformou em uma pessoa tão autoconfiante que se transformou em egoista, e sempre que ela aparecia em tela eu tinha vontade de desligar o interruptor do meu cérebro e parar de assistir.
- Certo, eu JUREI que fariam o Alo ser preso por causa daquela relação com a menina menor de idade. Quer dizer, ele foi preso, né, mas vocês entenderam. Era só o que faltava: a Grace morta, o Alo preso, o Rich eternamente enlutado e a Mini prestes a ter um bebê sem o apoio dos pais e o suporte do “namorado”. Pelo menos essas coisas se resolveram no final.
- Vocês também acham que a adição de Alex ao grupinho soou meio aleatória demais? Pareceu que queriam só tapar o buraco deixado pela Grace. Ele até me pareceu interessante no início, com aquela parada dos dados e da sexualidade, mas isso tudo se diluiu e eu pouco me importei com ele posteriormente.
- Eu poderia ter colocado Nick como Maior Evolução da temporada se não fosse por sua paixão pela Franky. Sério, isso não me desceu nem um pouco. Foi totalmente do nada, sem química e serviu só pra criar um conflito amoroso com o Matty, que ficou tão sumido na temporada que deixou essa tentativa ainda mais falha.
- Certo, é óbvio que a morte da Grace foi um acidente, mas a galera poderia ter dividido algumas responsabilidades ali, né? É claro, parte da culpa foi do Matty, que acelerou demais e perdeu o controle do carro. Mas eu lembro que a Liv ficou instigando-o a acelerar e o Matty só alcançou aquela velocidade por estar preocupado com a Franky, que tinha saído com um traficante e não quis nem saber dos amigos. Achei ridículo que todo mundo colocou a maior parte da culpa em cima do Matty. Mas a pior de todas foi a Franky, que ficou culpando o Matty enquanto ficava com o Luke, que de fato foi o maior culpado pela morte da Grace. E, no final das contas, nada de ruim aconteceu com ele. Legal!
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Mini McGuinness
Durante a reta final da temporada, eu já tinha me decidido que ela estaria na parte de Maior Evolução por ter melhorado tanto no período, mas me dei conta de que nenhum personagem foi melhor do que ela no geral. Alo e Rich chegaram perto, mas considero que os melhores momentos de ambos foram mais esparsos do que os de Mini, que teve suas nuances muito bem exploradas pelo roteiro.
+ Melhor episódio: S06E01 (“Everyone”)
É um pouco triste que o auge tenha sido logo no primeiro episódio, mas a introdução da temporada talvez seja o melhor capítulo de toda a terceira geração. Destaque também para os episódios 2 e 5.
+ Pior personagem: Franky Fitzgerald
Eu não gosto de inserir essa categoria nas séries que eu assisto, mas desta vez não teve jeito. Depois de ser uma das melhores personagens da temporada anterior, Franky está praticamente irreconhecível e um porre em todos os sentidos.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?