• O Jesus da Marvel

Desde Vingadores: Ultimato, a Marvel vem tendo dificuldades em manter o mesmo nível de excelência que tinha antes. Se formos levar em consideração a Saga do Multiverso, que teve seu início com Viúva Negra, só foram lançados três filmes realmente bons, na minha opinião: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa e Guardiões da Galáxia, Vol. 3. Não que todos os outros tenham sido ruins, mas somente esses três (em um total de dez) realmente me fizeram ficar pensando neles por muito tempo depois de sair do cinema. Eu quero pensar que o MCU vai voltar a me deixar empolgado. Pra acreditar nisso, vou esperar pra ver se o estúdio consegue enfileirar três filmes bons em sequência. A contagem recomeçou agora, com o excelente Deadpool & Wolverine.

Sinopse

Wade Wilson desistiu de tentar ser um super-herói. O antigo mercenário agora leva uma vida relativamente normal, mas sem se sentir realizado. Tudo muda quando ele é abordado pelo Sr. Paradox, que lhe dá a oportunidade de entrar na linha do tempo do Universo Cinematográfico da Marvel, pois a sua própria linha do tempo entrará em extinção depois de perder a âncora que mantinha tudo unido: Logan. Voltando a assumir a identidade de Deadpool, Wade parte em uma jornada em busca de outra versão do Wolverine para conseguir salvar seu universo.

Crítica

Quem leu as minhas resenhas de Deadpool e Deadpool 2 entendeu que o meu maior problema com os dois filmes foi justamente a parte da comédia. O excesso de improvisos e piadas específicas até demais, telegrafadas ou simplesmente sem graça, se desgastou com o passar do tempo. Em Deadpool & Wolverine, eu perdi a conta de quantas vezes eu soltei uma risada ou gargalhei, porque o roteiro conseguiu encontrar o equilíbrio entre o humor e a ação.

É claro que nem todas as piadas funcionam – e é impossível isso acontecer. A questão é que o filme diversifica o seu tom cômico, brincando bastante com elementos do nosso mundo real, aproveitando com maestria a quebra da quarta parede, tirando sarro de si mesmo e dando espaço pra um gracejo mais ousado ou politicamente incorreto de vez em quando. Eu li no IMDb que o ator Ryan Reynolds foi proibido de improvisar diálogos por conta da greve dos roteiristas, e não poderia ter havido coisa melhor. Nem sempre eu acho o humor dele engraçado, mas eu estaria mentindo se dissesse que permaneci sério durante a sessão, e grande parte disso é por conta da sua presença.

A química com o Wolverine de Hugh Jackman é incontestável. Fazia tempo que o MCU não encaixava tão bem uma dupla assim, talvez tenha sido a primeira vez na atual Saga do Multiverso (pelo menos nos longa-metragens). Os dois protagonistas se complementam como arroz e feijão, tanto por terem personalidades opostas quanto por causa das sequências de luta.

E cara, como o filme acerta em cheio nas cenas de ação! Isso fica bem claro na abertura, em que Deadpool assassina dezenas de inimigos da maneira mais inusitada possível, misturando criatividade, comicidade e sangue, tudo isso embalado em uma trilha sonora digna de nota. Deadpool & Wolverine não tem nenhum medo de ser o que é: um filme de super-heróis que abraça os elementos mais absurdos dos quadrinhos e entrega um resultado delicioso pra quem se considera fã desse subgênero.

Assim como nos filmes antecessores do Mercenário Tagarela, aqui temos ótimos personagens de cabo a rabo. Além dos dois protagonistas, preciso ressaltar a excelente vilã Cassandra Nova e os bons coadjuvantes, como Paradox e as inúmeras aparições especiais que não soam tão gratuitas quanto em ocasiões recentes dentro do próprio MCU. Temos algumas ausências, é verdade; eu gostaria de ter visto a Dominó em meio a toda essa bagunça. Por outro lado, acredito que o não comparecimento do Fuinha, aquele dono de bar que era amigo do Wade, foi benéfica, até porque eu nunca fui muito fã dele.

Sobre os detalhes da trama, acho justo quem considera as resoluções finais excessivamente convenientes e amarradas de maneira simplista. Afinal de contas, as repercussões negativas da conclusão são praticamente inexistentes, mas eu estou disposto a dar uma tremenda colher de chá, considerando que Deadpool & Wolverine é muito mais sobre diversão sem compromisso do que sobre a necessidade de ser mais uma peça no complicado quebra-cabeças que forma o atual MCU.

Veredito

Assim como Guardiões da Galáxia, Vol. 3, Deadpool & Wolverine deixa bem claro que o gênero cinematográfico de super-heróis só está saturado porque quer. É óbvio que a última década fez com que o público se cansasse um pouco dessas histórias, e é aí que tá o pulo do gato: quem diria que dar um pouco mais de tempo e liberdade criativa resultaria em um filme mais agradável e original? O 34º capítulo do Universo Cinematográfico da Marvel é engraçado e empolgante, trazendo um ar de novidade genuína que anda em falta na franquia. É uma homenagem bonita e escrachada a tudo que foi desenvolvido pela Fox e um vislumbre interessante do que pode vir por aí no futuro do MCU.

Aviso: Tem uma cena pós-créditos.

>> Deadpool

>> Deadpool 2

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: pra saber sobre quais filmes eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco: Filmes

Nota nº 4: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~

• Cara, é até difícil citar aqui todas as partes que eu dei gargalhada no cinema. De cabeça, eu lembro da cena do Wolverine baixinho, do Henry Cavill aparecendo DO NADA e o Deadpool fazendo piada com a DC, os diálogos dele com o Paradox e toda a tensão sexual com aquele funcionário aleatório, o Tocha Humana se transformando (eu tinha esquecido totalmente que o Chris Evans tinha sido ele antigamente), o Deadpool fazendo ele ser morto pela Cassandra, as tiradas do Wolverine, o Deadpool enchendo a sua versão cabeluda de bala por “acidente”… quanto mais eu penso, mais eu lembro de partes em que eu realmente dei uma risada gostosa.
• Bicho, que FODA os poderes da Cassandra Nova, sério. Depois de tantos efeitos visuais duvidosos na Marvel, ver uma vilã enfiando os dedos por dentro da cabeça dos personagens me deixou com um sorriso no rosto, porque fazia tempo que eu não via uma ameaça tão diferente em um filme de super-heróis. No terceiro ato, fiquei até meio triste por ela ter sido “desperdiçada” ao ficar só naquela máquina do Paradox, mas pelo menos o filme pecou pela falta (e isso não chega a ser um defeito, é mais um gosto pessoal mesmo) e não pelo excesso.
• Achei muito legal as aparições da Elektra, do Blade, do Gambit e principalmente da X-23, uma personagem que eu particularmente gostei demais em Logan. Espero sinceramente que ela seja aproveitada de alguma forma no futuro do MCU, mas acho muito improvável que a Elektra e o Blade voltem a aparecer. O Gambit talvez, mas ainda assim acredito que foi só algo meio John Krasinski como Senhor Fantástico em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, com o mero intuito de agradar os fãs.
• Na hora que eu olhei pra Ladypool, tive a certeza absoluta de que a atriz por trás da máscara seria a Blake Lively, esposa do Ryan Reynolds na vida real. E eu estava certo! Só queria que ela tivesse mostrado o rosto pra ver qual piada surgiria através daquilo.
• POR QUE DIABOS O THOR ESTAVA CHORANDO???
• Se formos fazer um hall da fama de quem o Wade Wilson gosta mais, acho que o Peter e o belo cachorrinho que ele “ganhou” estão no topo da pirâmide, logo acima da Vanessa.
• Acho que já podemos colocar a abertura de Deadpool & Wolverine entre as melhores da Marvel até hoje, né? Impossível não cantar junto Bye, Bye, Bye do *NSYNC enquanto o Deadpool crava ossos do Wolverine nos inimigos.
• Gostaram da luta do Wolverine contra o Dentes de Sabre, que as pessoas ansiavam por tanto tempo? Eu particularmente achei tão emocionante quanto um nocaute-relâmpago em uma aguardada luta do UFC.
• Sobre o final: certo, certo, muito conveniente que o “sacrifício” do Deadpool e do Wolverine salvou aquela linha do tempo que estava prestes a ser destruída. Deixando esse negócio de lado, será que isso significa que personagens daquele universo da Fox (tirando o próprio Deadpool, é claro), como a Míssil Adolescente Megassônico e o Dopinder, vão aparecer em outros projetos do MCU? Como será que o Deadpool vai se inserir de vez nas aventuras dos Vingadores e companhia? Ou isso não vai chegar a acontecer? Porque, na moral, não faço ideia de como funcionaria o Wade Wilson em um filme dramático de fim do mundo.
• Não sei vocês, mas eu acredito na versão do Deadpool de que o Tocha Humana disse todas aquelas palavras a respeito da Cassandra. As imagens não mentem.

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

+ Melhor personagem: Wade Wilson/Deadpool
Eu gosto de como Wade Wilson é o centro das atenções durante a primeira hora do filme, mas depois o roteiro dá espaço pro Logan brilhar. Mesmo assim, acredito que o Deadpool é a cola que faz tudo funcionar tão bem.

+ Maior surpresa: Cassandra Nova
Todo mundo sabe que o MCU tem problemas em construir bons vilões. A cada bom antagonista que o estúdio desenvolve, ele cria outros três medianos ou ruins. Cassandra Nova aparece do lado positivo do espectro, e acho até que poderia ter sido aproveitada com um maior tempo de tela.

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?