Marvel (MCU)

MCULeleco #24 – Viúva Negra (2021)

• Viúvas da Natasha

Não, eu não vou ficar perdendo tempo aqui escrevendo que Viúva Negra é um filme que deveria ter sido lançado antes, lá na Fase 1 ou 2 do Universo Cinematográfico da Marvel. Sinceramente, todo mundo sabe disso, e em toda crítica que li ou assisti isso foi mencionado. Portanto, vou ser um pouco mais prático. Apesar do surgimento deslocado, considerando que Natasha Romanoff é uma das Vingadoras originais, o seu próprio filme solo enfim foi lançado. Infelizmente, eu não pude ver no cinema por conta dessa maldita pandemia, e sinto falta da empolgação de ver um novo capítulo da Marvel nas telonas. Contudo, se a vida te dá limões, você faz uma limonada, correto?

 

Sinopse

Eu jurava que a trama se passaria antes de Tony Stark revelar ao mundo que era o Homem de Ferro, mas estava errado. Viúva Negra acontece algum tempo depois dos eventos de Capitão América: Guerra Civil e antes dos desdobramentos da Guerra Infinita do Titã Beterraba. Foragida por conta do Tratado de Sokovia, Natasha Romanoff vive em isolamento, longe de todas as pessoas que aprendeu a conviver e amar. Como nenhum super-herói que se preze consegue se manter longe da ação por muito tempo, Natasha se reencontra com a sua irmã Yelena Belova, uma lutadora nata. Juntas, elas dão início à missão de acabar com Dreykov, o chefão da Sala Vermelha, onde são desenvolvidas as infames Viúvas Negras. Para conseguir isso, Natasha e Yelena decidem reunir a família.

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Crítica

O início de Viúva Negra é provavelmente o melhor de todo o MCU. Em uma abertura melancólica envolvendo infâncias roubadas das protagonistas, os nomes do elenco são pontuados em tela sobre uma montagem forte de tráfico humano, tudo isso ao som de um cover incrível de Smells Like Teen Spirit, performado por Malia J.  Por um momento, eu me esqueci que era um filme da Marvel e fui transportado pra um drama proveniente de alguma guerra. Aquilo me deixou intrigado e imensamente curioso pela manutenção daquele tom.

Porém, a liberdade criativa parou por ali. Aos poucos, o estilo Marvel toma conta do filme e ele vira apenas mais um entre muitos. O senso de humor é o mesmo, as cenas de luta não são lá muito memoráveis e aparecem com demasiada frequência, e o enredo parece um pouco… raso. Pra quem pensava que a obra abordaria a infância trágica de Natasha e o programa de tortura da Sala Vermelha seria o enfoque central, perceber que aquela seria uma história focada em um simples embate entre heróis e vilões foi decepcionante. Após esse baque inicial, no entanto, o longa começou a recuperar a minha atenção.

Nós já conhecemos a Viúva Negra, então a sua presença em tela é familiar. As suas interações com Yelena chamam a atenção, conseguindo misturar alívio, tristeza, rancor e sarcasmo, tudo em uma mesma tigela. As intervenções de Alexei Shostakov, o Guardião Vermelho, e Melina Vostokoff funcionam em um certo grau, embora alguns alívios cômicos proporcionados por ambos soem um pouco deslocados do restante do filme. O antagonista principal, Dreykov, é uma espécie de sombra pairando constantemente por cima dos personagens. Achei isso uma proposta interessante, embora a execução pudesse ter sido melhor.

Viúva Negra dá a impressão de não saber exatamente o que é. O seu desejo era explorar cenas físicas de ação, com bastante pancadaria ao melhor estilo Atômica? O foco estava nas consequências psicológicas e emocionais do passado das personagens? Ou talvez seria uma história de espionagem, uma busca por um inimigo invisível? O longa flerta com tudo isso, enquanto pincela o seu próprio tom com piadas que funcionam em determinados momentos, mas caem na mesmice em outros.

Sim, eu sei que a pegada leve da Marvel é uma das características fundamentais da franquia. Mas, assim como em inúmeras ocasiões diferentes, a empresa perdeu a chance de fazer algo histórico. Ela já havia perdido o timing de conceber o primeiro grande filme solo de uma super-heroína, pois a DC tinha realizado a façanha com Mulher-Maravilha, ainda que o seu Universo Estendido tivesse chegado bem depois. Abrindo a Fase 4, o MCU poderia ter mudado um pouco o seu estilo a fim de mostrar um lado mais humano de uma de suas personagens mais importantes, e que tinha encerrado a sua trajetória em Ultimato.

Mesmo pecando pelo excesso em cenas de laços familiares incompletos, Viúva Negra tem a sorte de contar com um elenco talentoso. Scarlett Johansson conhecia a fundo o seu papel, e Florence Pugh, David Harbour e Rachel Weisz mergulharam de cabeça nos seus. As suas presenças deram cor ao filme, tornando a experiência divertida e o ritmo da trama leve o bastante para nos deixar intrigados, sem que a jornada ficasse cansativa.

O grande problema é que, ao fim da obra, Viúva Negra não tem muita coisa a acrescentar no MCU. Nós não pudemos conhecer melhor a história de origem de Natasha Romanoff e não houve um grande desenvolvimento da personagem, sobretudo porque sabemos que ela não viveu muito tempo depois dos acontecimentos deste filme. A sensação que fica é de que o longa é um episódio filler, sem muitos desdobramentos. O único deles que consigo citar com tranquilidade é a adição de Yelena, a qual pode pintar como uma das Novas Vingadoras no lugar da irmã.

Mãezinha querida e gentil

Veredito

Considerando que Natasha Romanoff possuía uma linha de chegada bem delimitada, a Marvel poderia ter feito tudo o que quisesse com a personagem. A infância dela poderia ter sido explorada, as suas primeiras missões, os seus dilemas, conflitos internos. Em vez disso, Viúva Negra aposta no simples, entregando uma trama com potencial de abalar as estruturas da franquia com um caminho mais sombrio e humano, mas que acaba sendo água com açúcar. É um bom filme, um entretenimento competente, sem dúvidas. O elenco sustenta uma história básica, mas eficaz. A questão é que o filme não fez jus ao tamanho de sua protagonista e não adicionou novas camadas à mesma, tornando toda a experiência dispensável quando colocada dentro de uma saga tão massiva quanto o MCU. Eu não perdi o interesse em Viúva Negra nem por um segundo enquanto assistia, mas gostaria de ter visto mais ousadia.

Tal mãe, tal filha

 

Aviso: Tem uma cena pós-créditos.

 

>> Crítica de Homem de Ferro 2

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>> Crítica de Capitão América: Guerra Civil

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>> Crítica de Vingadores: Ultimato

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • O que dizer daquela sequência de abertura, hein? A Natasha criança sendo levada junto com sua irmã pra ser torturada na Sala Vermelha, os desenhos animados sendo transmitidos com uma ironia sádica, ordens sendo dadas, destinos distorcidos… e o filme cortando pra uma Natasha crescida, se olhando no espelho enquanto se vê aparentemente cercada por Thaddeus Ross e agentes da S.H.I.E.L.D. sedentos pela Vingadora. Pura arte.
  • E por falar em pura arte, não podemos deixar de mencionar a “pose de heroína” da Viúva Negra. A Yelena até tentou, mas não conseguiu imitar.
  • Confesso ter pensado que o filme seria mais “agressivo” em relação à figura do Guardião Vermelho, a União Soviética e a Guerra Fria, mas até que foram tranquilos. E eu li em algum lugar que é possível o Guardião ter encontrado o Capitão América em algum ponto do passado, considerando que o Steve voltou no tempo. Será?
  • Sobre o Treinador, era a coisa mais óbvia possível a revelação de ser uma mulher, né? Deu pra sentir aquilo vindo a quilômetros de distância. Sempre que aparece algum personagem aparentemente masculino vestindo uma máscara misteriosa ou tendo uma identidade secreta por muito tempo, pode apostar que vai ser uma mulher, ainda mais em um filme que apostou na força feminina. Não esperava que seria a filha do Dreykov, pelo menos.
  • Muito pesada a parada da infertilidade das Viúvas. A Yelena tocou no assunto de forma bem rápida no helicóptero, mas deu pra sentir o peso daquela mutilação.
  • O amigo da Natasha, o tal de Rick Mason, combinaria perfeitamente com Falcão e o Soldado Invernal, não sei por que. Acho que deve ser o arquétipo do personagem facilitador, capaz de encontrar itens como um avião ou simples suprimentos.
  • Nunca vou me cansar do truque da Viúva Negra vestir uma máscara fina escondendo o seu verdadeiro rosto, e eu realmente me surpreendi com isso quando a “Melina” foi descoberta pelo Dreykov.
  • Vamos ao Dreykov, aliás. Ao nível humano, ele é um dos vilões mais ameaçadores do MCU. Quando pensamos no assunto, costumamos imaginar massacres, estalos e invasões, mas ter a inocência esmagada e o futuro destruído é bem mais pesado do que pensamos. Só queria que o cara tivesse morrido de uma forma mais dolorosa, não somente em uma explosão de helicóptero.
  • É algo que muita gente já mencionou, mas vou trazer aqui pra quem não viu. A primeira cena de Natasha Romanoff no MCU foi em Homem de Ferro 2, quando ela andou em direção à câmera. A sua última cena foi em Viúva Negra, partindo para longe da câmera. Um círculo fechadinho.
  • Só sei que a dupla entre Yelena e a Condessa ainda vai dar o que falar, como diria minha namorada. A boa notícia é que Yelena dará seguimento ao legado de sua irmã no MCU. Yay!

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Yelena Belova
É ela quem rouba a cena, apesar da solidez de Natasha. Seu jeito sarcástico e ao mesmo tempo sensível dão um tom único que ainda pode ser bastante explorado no MCU.

~toca a música de Missão Impossível~

+ Maior decepção: Treinador
Não sei se é porque eu fui com muita expectativa por causa dos meus anos jogando Marvel Campeões, mas dava pra terem aproveitado muito mais. Um vilão que consegue imitar as habilidades de todo mundo? Cara, isso teria dado um arco bom demais, obrigando as heroínas a abandonarem o próprio estilo a fim de derrotá-lo. Porém, não é isso que acontece, o que me deixou um bocado desapontado.

Taskmaster Forever

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).