Ficção científica, Séries

Ruptura: 2ª Temporada (2025)

ruptura 2

• Quem é quem?

Depois de assistir à 2ª temporada de Ruptura, tomei uma decisão. Eu não sou o tipo de pessoa que consome vídeos de teorias ou conteúdos de análise de cada episódio de uma série. Eu prefiro muito mais ver todos de uma vez e criar minha opinião a partir do conjunto. Por isso, faz bem mais sentido eu esperar uma temporada inteira ser lançada, em vez de ver um episódio por semana. Cada um tem uma experiência diferente, mas pra mim isso quebra muito o ritmo e pode ter sido um fator negativo na minha mais recente maratona. Sem mais delongas, vamos em frente.

 

Sinopse

Depois de descobrir que sua esposa está viva e quebrar umas trocentas regras da Lumon, Mark S. se afasta do trabalho por algum tempo. Porém, ao lado dos colegas Helly, Dylan e Irving, ele decide voltar ao expediente pra descobrir o que a empresa está escondendo.

Distribuindo panfletos

Crítica

Você pode criticar qualquer coisa em Ruptura, mas é impossível dizer que é uma série mal dirigida. Essa é de longe a melhor característica da série, porque cada frame, enquadramento e montagem de cena é tecnicamente impecável. A sequência de abertura, com Mark avançando através dos corredores da Lumon, inicia a temporada de maneira espetacular. A direção de arte tá incrível como sempre, e a fotografia e trilha sonora se destacam.

As atuações também são sacanagem. A série não precisa de longos monólogos e personagens chorando ou esbravejando pra entregar momentos marcantes nesse sentido. As interpretações se sobressaem nos olhares e trejeitos, e são potencializados por ótimos diálogos que demonstram o quanto os roteiristas são cuidadosos. Todas essas qualidades estão presentes, mas surgem alguns defeitos que deixaram a 2ª temporada inferior à 1ª.

Antes que utilizem isso como um argumento, eu não acho que toda história precisa ser objetiva. É verdade que, diante de uma realidade tão imediatista em que vivemos, às vezes caímos na armadilha de que uma trama precisa ir direto ao ponto pra ser boa. Dito isso, acho que Ruptura frequentemente andou em círculos nesta temporada. À medida que os episódios foram se sucedendo, eu tinha a impressão cada vez mais nítida de que a série estava enrolando e seguindo uma mesma fórmula em seus capítulos: um início intrigante, um desenvolvimento lento e um final promissor, pra deixar o espectador curioso pelo que vem depois.

Em determinamos momentos, eu me senti enganado e passei a ter a certeza de que nada definitivo aconteceria até os últimos episódios. E estava certo. Na 1ª temporada, Ruptura agiu com calma e construiu toda a ambientação necessária pra que nos acostumàssemos à ideia central. Na 2ª, ela começa intensificando esses assuntos, mas se torna até um pouco repetitiva.

O desfecho também não me agradou. Eu não sou o maior fã de quando temporadas acabam em grandes cliffhangers, mas reconheço o valor disso quando é algo bem feito, como na 1ª temporada da própria Ruptura. Isso porque, naquela ocasião, claramente nos deparamos com o fim de uma etapa da história. Aqui, é como se essa etapa fosse interrompida em vez de concluída, semelhante ao que ocorreu na 2ª temporada de Round 6. É como se a série estivesse andando de freio de mão puxado.

Aprendiz engravatada

Veredito

Em sua 2ª temporada, Ruptura segue com ideias brilhantes e uma identidade absolutamente única no mundo das séries. A premissa é tão genial que sustenta muita coisa sozinha, mas somente até certo ponto. Depois de um primeiro ano de excelente narrativa e ritmo, o segundo exagera ao elaborar ainda mais perguntas sem fornecer respostas. Em algumas partes, isso funciona como algo positivo, pois brinca com a nossa imaginação. Em outras, há a sensação de que a série tem mais substância do que conteúdo a entregar, o que todos sabemos que não é verdade. É uma boa temporada nos aspectos técnicos e costura vários momentos icônicos, mas a trama precisa ser um pouco menos esparramada.

Brienne de Tarth, sou sua fã!

 

+ Melhor personagem: Seth Milchick
A diminuição da importância de Harmony Cobel abriu espaço pra que Milchick brilhasse. Mark e Helly também estão muito bem e poderiam tranquilamente aparecer nessa categoria, principalmente a Helly.

Seth Milkshake, a seu dispor

+ Melhor episódio: S02E07 (“Chikhai Bardo”)
Episódios de flashbacks têm igual potencial de dar muito certo ou muito errado. Nesse caso, deu muito certo. Destaque também pro último capítulo, que eu só não coloquei aqui porque achei a sequência final meio anticlimática.

Pose natural pra foto

+ Maior evolução: Irving Bailiff
Eu nunca fui muito fã dele na 1ª temporada, mas Irving brilhou demais na 2ª, sobretudo nos episódios iniciais. Ele chegou a se colocar na briga pelo posto de Melhor Personagem, mas acabou perdendo o fôlego na metade final.

A reação das pessoas que atendiam meus trotes quando eu era adolescente

 

CURIOSIDADES

  • A sequência de abertura da 2ª temporada, em que Mark avança pelos corredores da Lumon, foi filmada com um cinegrafista correndo atrás do ator Adam Scott com uma câmera; uma esteira; efeitos especiais pra complementar a cena; e uma câmera robótica que girava em torno da cabeça de Adam Scott, que precisava calcular bem seus movimentos pra não ser atingido.
  • Christopher Walken, que interpreta Burt, não tem assinatura da Apple TV+, plataforma de streaming que exibe a série. Pra que possa assistir aos episódios, DVDs e Blu-Rays são enviados até ele.
  • Em uma jogada de marketing, antes do lançamento da temporada, um cenário parecido com o Departamento de Refinamento de Macrodados foi construído no Grand Central Terminal, em Nova York. Dentro desse cenário, o quarteto principal de atores passou mais de duas horas agindo como se estivesse trabalhando.
  • A 3ª temporada de Ruptura foi confirmada no dia 21 de março de 2025, na mesma data de lançamento do último episódio da 2ª.

 

FICHA TÉCNICA

Nome original: Severance
Duração: 10 episódios
País: EUA
Criador: Dan Erickson
Diretores: Ben Stiller, Sam Donovan, Uta Briesewitz, Jessica Lee Gagné
Elenco principal: Adam Scott, Britt Lower, Zach Cherry, John Turturro, Patricia Arquette, Tramell Tillman, Christopher Walken

 

>> 1ª Temporada de Ruptura

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO

 

  • Durante o início da temporada, eu e minha namorada ficamos debatendo sobre a Helly, se seria ela mesmo ou a Helena. Ela ganhou a discussão. Eu jurava que a série brincaria com essa possibilidade só pra subverter as expectativas, mas acabou que não era o caso. E bizarro o quanto as duas são diferentes uma da outra, né?
  • Somente Ruptura é capaz de fazer a gente levar a sério o conceito de uma pessoa ser traída por si mesma em um relacionamento. É doideira demais pensar nesse cenário. É a mesma pessoa? Sim e não. Depende muito da sua perspectiva. Tecnicamente, é a mesma pessoa, mas filosófica e sociologicamente, não. No caso do Dylan, é ainda mais complexo porque a esposa meio que estava ficando com uma versão mais “acessível” do marido. Já o Mark viu na Helly/Helena apenas o que ele desejava ver, o que é igualmente problemático.
  • Eu fico pensando: será que o innie do Irving simplesmente morreu? Tipo, tem algum “backup” dele na empresa que poderia ser recuperado, ou aquela versão já não existe mais?
  • Pra encerrar, só falar um pouco do finalzinho da temporada. Eu achei o último episódio realmente muito bom, de verdade, mas fiquei meio frustrado que ele acabou no momento em que o Mark saiu correndo com a Helly depois de resgatar a Ms. Casey. Tipo, interromperam a ação no meio do bagulho. Como vai começar a 3ª temporada? Vai retomar exatamente de onde parou? Vai dar um salto temporal e ir explicando tudo o que se sucedeu aos poucos? Sei lá, não curti tanto essa escolha criativa.

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).