• Gostinho de quero mais
Não que eu deva explicações, mas gostaria de explicar o porquê de eu não me referir a esta série como O Urso, em vez de The Bear. Não é porque eu sou baba-ovo dos EUA e gosto de escrever tudo em inglês. Também não é porque eu prezo sempre pelo título o original das coisas, até porque não chamo Demolidor de Daredevil, por exemplo. O meu critério é bem pessoal, na verdade: eu me refiro às séries pela maneira como eu as conheci pela primeira vez. Até porque, muitas vezes, os títulos não são traduzidos – Lost e Breaking Bad estão entre eles. Como eu conheci The Bear por esse nome e não por O Urso, decidi manter tal versão como padrão aqui no blog. Ok, agora sem mais delongas, vamos ao pitaco da 3ª temporada.
Sinopse
O pontapé inicial do restaurante The Bear foi um desastre, com direito ao chef principal ficando preso no frigorífico e rompendo sem querer o seu relacionamento com a namorada. Depois desse duro golpe, Carmy Berzatto tenta se reerguer junto aos funcionários do estabelecimento, enquanto é obrigado a lidar com as suas crises de ansiedade e a maneira como elas afetam as demais pessoas a seu redor.

Crítica
Eu cantei essa pedra lá atrás e não me enganei. Ultimamente, tá virando um padrão entre as séries desenvolver uma 1ª temporada promissora e fechadinha, uma 2ª de nível semelhante e uma 3ª que perde o pique. Foi assim com La Casa de Papel e Round 6. Não acho que a queda de qualidade em The Bear chega a ser tão drástica assim, mas é inegável que ela tá lá.
A 3ª temporada dá muitas voltas no próprio eixo e demora a sair do lugar. Ela volta a tocar em assuntos que já foram abordados exaustivamente antes, como o fato de que Carmy é perfeccionista e traumatizado, sem acrescentar nada de diferente. Isso faz com que o ritmo da série, que já não é dos mais acelerados, exceto quando a história se desenrola em uma noite de jantar no restaurante, pareça ainda mais lento do que o habitual – principalmente quando sentimos o contraste com as partes na cozinha. Eu sei que parte disso provavelmente é intencional, mas de vez em quando fica discrepante demais. E, pra uma série com poucos e curtos episódios, a trama demora demais a começar.
Antes de falar das coisas boas, queria citar algo aqui que eu não faço ideia se é uma opinião impopular. Tudo que envolve os Fak me soa extremamente bobo é destoante do que The Bear tem a oferecer. É um alívio cômico que pode até acertar aqui e ali, mas na maior parte do tempo é sem graça. Ver um bando de adultos agindo daquele jeito funciona em uma comédia pastelão, mas não combina com o humor sarcástico e o teor dramático da série.
Dito isso, apesar de não ser brilhante como as duas anteriores, a 3ª temporada tem suas qualidades. A fotografia continua belíssima, com ótimos enquadramentos (o zoom constante no rosto dos personagens dá muita agonia e sensação de claustrofobia) e uma boa montagem de cenas. A partir do quarto episódio, a história realmente decola e temos vários capítulos excelentes. Mas os maiores méritos da série continuam residindo no elenco. É muita gente boa atuando junto, e isso faz total diferença.

Veredito
Como era de se esperar em uma série que tentou espremer mais conteúdo do que tinha a oferecer, chegamos a um momento de desnível em The Bear. A 3ª temporada ainda ostenta momentos de alto nível e, tecnicamente, segue impecável. O maior problema dela é cozinhar a trama em banho-maria por tempo excessivo. Os personagens terminam a temporada quase no mesmo lugar de onde começaram, e a sensação de progressão de acontecimentos é pequena. É uma temporada destoante e menos inspirada, sem dúvidas, mas brilha quando assim deseja.

+ Melhor personagem: Sydney Adamu
Carmy pouco evolui como personagem nesta temporada, assim como Richie – ambos foram eleitos por mim como os melhores das duas temporadas anteriores. Na 3ª, optei pela Sydney por sua relevância na trama e a curva dramática pela qual ela passou, por mais que tenha sido discreta. Também gostei bastante da Natalie nesta temporada, mais uma vez.

+ Melhor episódio: S03E10 (“Forever”)
O sexto e o oitavo episódios são excelentes e poderiam entrar facilmente como o melhor da temporada, principalmente o sexto. Porém, eu gostei demais do que vi no encerramento da temporada, principalmente por causa do roteiro e das atuações.

CURIOSIDADES
- O ator Josh Hartnett foi escalado como noivo de Tiffany apór ter conhecido o criador da série, Christopher Storer, alguns anos antes. Hartnett aceitou o convite de Storer sem sequer ler o roteiro.
- O segundo episódio, intitulado “Next”, foi filmado em apenas dois dias. No mesmo período de filmagem da 3ª temporada de The Bear, a equipe também filmou alguns episódios da 4ª temporada.
- A 3ª temporada recebeu 13 indicações ao Emmy, mas não ganhou em nenhuma categoria. Como base de comparação, a 1ª temporada venceu 10 estatuetas em 13 indicações. Já a 2ª, 11 em 23 indicações.
- A 3ª temporada teve 5,4 milhões de visualizações nos quatro primeiros dias de lançamento, quebrando o recorde de audiência para esse período na plataforma de streaming Hulu.
FICHA TÉCNICA
Nome original: The Bear
Duração: 10 episódios
País: EUA
Showrunners: Christopher Storer, Joanna Calo
Direção: Christopher Storer, Duccio Fabbri, Ayo Edebiri, Joanna Calo
Elenco principal: Jeremy Allen White, Ayo Edebiri, Ebon Moss-Bachrach, Lionel Boyce, Liza Colón-Zayas, Abby Elliott, Matty Matheson, Jon Bernthal
>> Crítica da 1ª Temporada de The Bear
>> Crítica da 2ª Temporada de The Bear
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco
Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco
Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO
- Sendo bem sincero, a Sydney deveria aceitar o outro emprego. É claro que é uma decisão difícil, mas não é como se ela fosse trocar o certo pelo duvidoso. Em partes até é, porque o outro chef ainda tá na fase inicial do projeto, mas o salário seria maior e a tendência é de que ela fosse mais valorizada e trabalhasse em um ambiente menos tóxico. Mas é claro que ela não vai aceitar, até porque é uma das protagonistas da série, né.
- Ok, eu não esperava ver o John Cena como um membro da família Fak. Eu o adoro como ator, mas não gostei muito dele no papel. Cara, aquele negócio de “assombrar” é bobo demais, até infantil. Um bando de marmanjo com mais de 30 anos na cara agindo daquele jeito me fez torcer um pouco o nariz. Pode até me chamar de chato, mas não consegui achar graça.
- Muito sintomático como o Carmy praticamente cagou pro nascimento da sobrinha dele. Dá pra entender ele não ter atendido o celular na hora que a Natalie chamou, mas não vimos nenhuma demonstração de afeto, carinho ou preocupação com a irmã dele depois do parto.
- Que final de temporada bom. A Olivia Colman é uma das minhas atrizes favoritas, e é uma pena que ela não deve aparecer mais na série, pelo menos não da mesma forma. Toda aquela despedida foi muito legal, o último jantar, a festa na casa da Sydney, o Carmy confrontando o seu antigo patrão e percebendo que o outro continuava pouco se ferrando pra ele… e ainda temos a questão da crítica do restaurante. Será que foi positiva?
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?