Drama

Lost: 5ª Temporada (2009)

lost 5

• Passado, presente e futuro

Todos nós sabemos que os personagens de Lost estão conectados. Mesmo antes do acidente aéreo, alguns se encontraram em momentos aleatórios da vida, como se algo sobrenatural os unisse. Um desses elos tem nome e sobrenome: problemas paternais (os famosos “daddy issues”). Eu acho que isso é quase obrigatório. Jack tinha uma relação turbulenta com o pai, Hugo foi abandonado pelo seu, Kate matou o dela, o do Sawyer assassinou a esposa e cometeu suicídio, o da Sun é um crápula ganancioso, Locke virou tetraplégico por causa do pai… e muitos outros exemplos. Nesta série, ter pais pelo jeito é o antônimo de ter paz. Dito isso, vamos ao pitaco.

 

Sinopse

Os Seis da Oceanic seguiram a vida e três anos se passaram desde a queda do avião. Porém, alguns deles lentamente são convencidos a retornar à ilha, que está passando por momentos de instabilidade, colocando todos aqueles que permaneceram em perigo. Na ilha, os sobreviventes precisam lidar com os desafios naturais e ainda se preocupar com saltos no tempo constantes que os fazem viajar ao passado e ao futuro de maneira desordenada.

BFFs <3

Crítica

Na crítica da quarta temporada, eu falei que claramente a série tinha concluído a sua primeira metade na temporada anterior, literal e metaforicamente. No quinto ano de Lost, a ficção científica se sobrepõe ao drama e, embora não a tire completamente da jogada, ela surge como um elemento muito mais importante do que em eras passadas.

A ficção científica sempre esteve presente em Lost, desde o primeiro episódio. Agora, porém, isso é elevado a um novo nível, através de viagens no tempo e representações de pessoas como se fossem entidades. Se alguém ainda pensava, lá no fundo, que certos acontecimentos bizarros da série teriam uma explicação mais realista, digamos assim, como aconteceu com a justificativa por trás dos ursos polares, entendeu de vez que a fantasia e o impossível marcam presença neste universo.

A trama se divide em dois grandes blocos: a ilha e a civilização tradicional. Ao contrário do que ocorria com os flashbacks, essa divisão de blocos favorece mais do que atrapalha o ritmo da história. Afinal de contas, ambas as partes estão de certa forma rolando no presente (pelo menos de acordo com a nossa perspectiva), mesmo que não totalmente alinhadas. Não vou negar que, em alguns momentos, a noção de tempo se torna um pouco confusa porque as transições acontecem dentro dos episódios de maneira caótica, mas na maioria das vezes dá pra acompanhar bem, a não ser que você não esteja prestando atenção direito.

O legal da quinta temporada de Lost é que ela se aventura por campos ainda inexplorados na mitologia da série. As duas primeiras temporadas tinham como cerne a sobrevivência e a construção dos mistérios envolvendo as vítimas do acidente, os habitantes da ilha e as edificações enigmáticas, tais como bunkers e escotilhas. A terceira temporada começou a desvendar esses mistérios, por meio dos Outros. A quarta serviu como ponto de ligação entre o fim de um ciclo e o início de outro. A quinta, por sua vez, mergulha a fundo na Iniciativa Dharma.

A gente já tinha visto algumas coisas sobre Dharma nas temporadas anteriores, mas aqui ganhamos a oportunidade de acompanhar de perto, em tempo real. Isso dá mais profundidade ao enredo e fornece novas camadas a personagens consolidados, deixando espaço também pra inserção de alguns novos ou pro desenvolvimento de pessoas que outrora eram meros detalhes do conjunto completo.

Trabalhando nas minas, sendo que a única mina que ele queria era a Charlotte

Veredito

Com mais perguntas respondidas do que novos questionamentos, a quinta temporada de Lost prepara o terreno pra esperada conclusão de uma série que marcou geração na televisão. Pra quem prefere o lado dramático da obra, pode não gostar tanto desta temporada em comparação às outras, mas quem se amarra na mitologia e no fator ficção científica estará em deleite. Não tenho certeza se é a melhor temporada, mas provavelmente é a mais ousada até então.

Série errada, Hank

 

>> 1ª Temporada de Lost

>> 2ª Temporada de Lost

>> 3ª Temporada de Lost

>> 4ª Temporada de Lost

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Desde que a Juliet foi apresentada e ganhou mais destaque na terceira temporada, eu comentei com o pessoal daqui de casa que ela provavelmente não sobreviveria até o final da série, assim como o Ben. Infelizmente, eu estava certo. Só espero que o sacrifício dela não tenha sido em vão, e só imagino o tanto que isso vai criar tensões entre Sawyer e Jack.
  • Ok, eu definitivamente não esperava que o Faraday seria morto pela própria mãe, e eu amo o quanto Lost é sutil ao nomear seus personagens. O físico? Daniel FARADAY. A mãe do físico? Eloise HAWKING. Um cara que age segundo suas filosofias? JOHN LOCKE. Provavelmente os roteiristas fizeram parte da escola J.K. Rowling de nomeação de personagens
  • Sobre a morte da Charlotte, chegou um ponto em que eu fiquei surpreso por ela ter durado tanto, pois estava sangrando e ficando pior a cada salto temporal. E, se eu fosse apostar que dois dos quatro contratados pelo Widmore morreriam antes da última temporada, com certeza teria apostado nas mortes do Miles e do Lapidus – justamente os que sobreviveram até agora.
  • Bicho, eu gostei muito das viagens no tempo, de verdade. Rousseau jovem e grávida, Locke fechando o círculo ao entregar a bússola pro Richard, o Dr. Chang sendo pai do Miles, Jin sobrevivendo à explosão e indo parar no passado! Só faltaram uns dinossauros aparecendo como ameaças jurássicas, mas acho que seria pedir demais.
  • Quando a temporada estava acabando, eu me convenci de que o Melhor Personagem novamente seria o John Locke, e seria a primeira vez que eu repetiria uma mesma pessoa nessa categoria em uma temporada de Lost. Todavia, eu decidi mudar porque, durante boa parte do tempo, o Locke não era exatamente o Locke, e sim aquele maluco misterioso que se transforma na fumaça preta. Portanto, dois personagens diferentes, e seria injusto classificá-los como um só. Por isso, acabei mudando minha escolha.
  • Eu acho legal que a série não tentou fazer com que aqueles que ficaram na ilha fossem leais de alguma forma aos que saíram. Se pararmos pra pensar, os sobreviventes do acidente se conheceram por um período de três meses. Três anos se passaram depois disso. É natural que o Sawyer, por exemplo, seja mais leal à comunidade Dharma do que aos antigos companheiros de praia.
  • Durante as primeiras temporadas, eu quase sempre fiquei do lado do Jack nas brigas contra o Sawyer, mas desta vez foi o contrário. O Jack foi muito egoísta. Tudo bem que, ao evitar que o acidente acontecesse, dezenas de vidas seriam salvas. Mas e quanto às outras? Será mesmo que o Jack tinha esse direito de mudar a História só porque estava se sentindo triste? Pode até ter sido uma decisão correta, mas a motivação era bem autocentrada. E eu torço pra que não tenha dado certo, porque senão tudo o que vimos até hoje na série teria sido meio que em vão, como se não fosse importante e tivesse sido substituído por uma nova realidade. Isso sem falar no paradoxo, né? Porque se a Juliet tiver causado a explosão da bomba e a destruição da futura escotilha, toda aquela linha do tempo seria excluída da existência. E, se aquela linha de acontecimentos tiver sido excluída, quem causou a explosão da bomba pra começo de conversa?
  • Sacanagem, a gente espera tanto tempo pra ver o Jacob e mal o conhecemos antes de ele ser morto pelo Ben. Quem será o Jacob, afinal? E quem é o seu nêmesis que veste a carapuça do Locke? E quem são aquelas pessoas que tentaram recrutar o Miles e estão lá na ilha com Sun, Lapidus e os demais? Será que Sun e Jin vão se reencontrar? O Richard é imortal? E quanto à Claire, o que aconteceu com ela? É, definitivamente ainda são muitas perguntas em aberto.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: James Ford (Sawyer)
Eu tinha pensado em dar esse prêmio novamente pro John Locke, mas por motivos que eu expliquei melhor nas Observações Spoilentas acima – não leia se não tiver assistido – acabei escolhendo o Sawyer. Incrível ver como ele passou de um gostosão bad boy pra um homem complexo, leal e por quem a gente torce pelo sucesso.

Vamos passear no bosque, enquanto Seu Lobo não vem 🎵

+ Melhor episódio: S05E17 (“The Incident (2)”)
Eu vi esse episódio durante a madrugada. Mesmo sendo bem tarde, foi impossível não assistir ao episódio seguinte, o primeiro da última temporada, porque o capítulo final desta deixa um cliffhanger gigantesco. Fico com pena de quem estava acompanhando na época, pois deve ter vivido meses de extrema ansiedade e curiosidade.

Versão boazinha do Sayid

+ Maior evolução: Kate Austen
Eu nunca fui um grande fã da Kate, muito porque a história dela quase sempre precisou estar atrelada de alguma forma ao triângulo amoroso com Jack e Sawyer, a não ser quando o seu passado era trazido à tona. Nesta temporada, o roteiro deu mais espaço pra gente conhecer outra face da Kate, algo que achei acertado. Destaque também pro Miles, que sempre foi um personagem de muito potencial, por causa do lance de “falar” com os mortos, mas tinha uma personalidade de revirar os olhos. Aqui, ele ganha mais carisma, sem que isso tire a sua identidade, e forma uma boa dupla com o Hugo.

“Festa temática do Havaí” starter pack

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).