• Passagem para a vida adulta
Quando eu vi que a história da terceira geração havia sido concluída e tinha mais uma última temporada pela frente, com apenas seis episódios, passou pela minha cabeça que poderia ser meio que um especial envolvendo personagens antigos de Skins. No entanto, eu não esperava realmente que seria isso. Assim que a Effy apareceu na tela, um pouco mais velha, não pude deixar de me sentir empolgado. Infelizmente, a ideia foi melhor do que a execução.
Sinopse
Effy trabalha como assistente em uma empresa de investimentos e tenta se destacar ao conseguir informações financeiras privilegiadas. Cassie, por sua vez, leva uma vida simples como garçonete em Londres, mas descobre que alguém está tirando fotos dela sem sua permissão e publicando em um site. Cook, atuando no mundo do tráfico de drogas, se vê em meio a um jogo perigoso envolvendo um homem ciumento e duas garotas.
Crítica
É possível analisar a sétima temporada de Skins sob duas óticas diferentes. A primeira delas é avaliar como se fosse uma série separada, uma história paralela ou até mesmo um aglomerado de contos não-canônicos, apesar de sabermos que eles fazem parte sim da linha do tempo. A segunda maneira é analisar a trama como uma continuação da jornada de personagens que aprendemos a amar.
Vamos começar pela primeira perspectiva. Se você se apegou aos personagens de Skins, mesmo não tendo necessariamente gostado de todos eles, saber que a última temporada trará alguns de volta é, no mínimo, uma ideia interessante. Quem leu os meus outros pitacos sabe que a Effy, por exemplo, nunca foi a minha predileta. Mesmo assim, acompanhar o seu futuro após os eventos das quatro primeiras temporadas me deixou com boas expectativas.
Logo de cara, Skins deixa bem claro que sua última temporada possui uma abordagem diferente. Não faz mais sentido inserir temas adolescentes – como os personagens agora estão adultos, é como se a série também tivesse alcançado a maioridade e deixado pra trás assuntos mais triviais. Essa evolução fez sentido pra mim, e julgo que o arco da Effy teve a dose certa de caracterização e expansão da jornada da personagem. Quanto à Cassie, talvez ela tenha sido a que mais permaneceu fiel a sua personalidade original, mas o seu enredo foi o que mais me entediou. Cook, por outro lado, foi agraciado com o caminho mais diferente dos três, mas eu mal consegui reconhecê-lo.
Isso nos leva à segunda perspectiva. A sétima temporada de Skins não se decide se quer ser uma continuação ou uma espécie de minissérie com personagens antigos, como se os tivesse homenageando e honrando seus respectivos legados. São seis episódios, no total (dois pra cada protagonista), com cerca de uma hora cada, e há aquela sensação de que estamos vendo filmes em vez de capítulos de uma série.
Como a sétima temporada tem uma abordagem diferente, conforme eu escrevi no início deste texto, eu entendo que não haja mais aquela sensação nostálgica e de autodescoberta que tanto marcaram Skins nas demais temporadas. Eu entendo que as histórias estejam mais adultas e centradas em personagens específicos. Eu só gostaria que essas histórias tivessem sido mais interessantes.
Veredito
A impressão definitiva que eu tive foi de que o sétimo ano de Skins poderia ter sido uma experiência de resgate, brincando com a nossa memória afetiva e mostrando a maturidade que a série alcançou, ao mesmo tempo em que seus personagens alcançaram-na. Porém, os roteiristas perderam essa oportunidade ao investir em tramas pouco engajantes e que parecem fazer parte de uma obra totalmente diferente. No final, fica aquela sensação de “tanto faz”, deixando o desenvolvimento aquém do que merecia.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco
Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco
Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Fire: acredito que as Observações Spoilentas deste pitaco serão um pouco mais curtas, e vou reservar um tópico pra cada história. Eu gostei do arco profissional da Effy, em que ela começa a investir
na Blazena bolsa de valores e demonstra ter potencial pra profissão, e achei que ela ser presa no final das contas foi um destino condizente com tudo que a gente viu da Effy até aqui. Agora, ainda não sei o que pensar da Naomi. Eu gostava dela na terceira temporada, não tanto na quarta. Na sétima, a achei meio chatinha no início, mas depois fiquei preocupado com o fato de ela ter câncer. Não consegui decidir até hoje se gostei ou não dessa escolha de narrativa, mas não posso ser desonesto: foi o único momento realmente emocionante da temporada. E acho que “Fire” contar com Effy, Naomi e Emily (além de, possivelmente, o Rich naquela ligação de telefone) foi um acerto. Só senti falta do Tony.
- Pure: ok, a Cassie sem dúvidas foi a personagem com melhor caracterização em comparação a sua personalidade nas primeiras temporadas. Deu pra sentir que era realmente a Cassie ali. É uma pena que a história tenha sido bem mais ou menos. Não me marcou nem um pouco a interação dela com aquele moleque esquisito – desculpa, gente, mas não consigo romantizar stalkers, ainda mais aqueles que ficam com essa postura de “good guy”, como se ele não estivesse literalmente invadindo a privacidade alheia. Também achei que fez sentido a Cassie não ter ficado com o Sid, até porque um romance adolescente nem sempre dá certo na vida adulta. Estatisticamente, na verdade, na maioria das vezes isso não acontece. Só queria que tivessem aparecido mais personagens antigos além da Cassie, talvez isso teria dado uma turbinada na história dela.
- Rise: se formos objetivos, é possível que esse enredo tenha sido o mais instigante, com todo aquele clima de suspense. A questão é que eu não senti que era o Cook ali. Ou melhor, no lugar dele poderia ter sido qualquer outro personagem sem nome e a trama teria funcionado do mesmo jeito. Na minha opinião, Skins sempre foi mais sobre os personagens do que necessariamente sobre suas histórias, se é que isso faz sentido, mas acredito que, em “Rise”, a trama se sobrepôs demais a ponto de modificar demasiadamente o protagonista. Fiquei com pena da namorada dele e espero que aquele outro maluco tenha sido preso, mas odiei o fato de que não abordaram de maneira mais explícita as repercussões da morte de Freddie. Sim, eu sei que o trauma de Cook é justamente por ter matado o assassino de seu melhor amigo, mas a quarta temporada já não tinha sido vaga o suficiente? Era a chance de salvar aquele desfecho horrível da segunda geração, mas nem isso conseguiram fazer.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Effy Stonem
De novo, eu nunca fui o maior fã da Effy, mas acredito que, na sétima temporada, a série conseguiu dar uma nova camada à personagem, que por muito tempo ficou reduzida ao arquétipo de garota misteriosa e aparentemente sem sentimentos.
+ Melhor episódio: S07E02 (“Fire: Part 2”)
Apesar do distanciamento desta temporada em relação às outras, esse episódio foi o único que conseguiu realmente me conectar com os personagens de modo que eu fosse atingido pelo que eles estavam passando naquele momento.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?