• Banhado pelo Sol
Tem série nova no Pitacos do Leleco! Você que costuma ler essas paradas idiotas que eu escrevo, já sabe que raramente falo sobre filmes, foco mais nas séries. Porém, pra dar uma mudada aqui no ambiente do blog, resolvi fazer uma sessão especial das obras do Universo Estendido da DC, em preparação para o esperado Aquaman. Além de ser a primeira vez que eu lanço uma sequência diferente aqui, a abordagem também vai ser distinta. Ao contrário do meu modus operandi, não vou dar nota para os filmes listados. Obviamente, ao longo da crítica eu vou dizer se gostei ou não, os pontos positivos e negativos, mas não vou me restringir a valores matemáticos. Espero que gostem e bora viajar nessa bagaça!
Vamos começar pelo começo. O Homem de Aço, lançado em 2013 e dirigido pelo ame-ou-odeie Zack Snyder, foi uma proposta ousada para bater de frente com o Universo Cinematográfico da maior rival, a Marvel. A ideia era seguir um estilo parecido, ir fazendo um filme de cada herói pra depois ir juntando a galera. Os responsáveis pelo projeto optaram por começar pelo Super-Homem, o super-herói mais famoso e conhecido de todos os tempos (quem discorda disso é clubista). Para diferenciar os dois universos principais do cinema, a intenção da DC era fazer algo mais lúdico, mais ou menos no rumo da trilogia do Batman, comandada por Christopher Nolan. Aqui, não teríamos piadinhas, alívios cômicos e filmes-família, mas sim tramas densas e atmosferas mais pesadas.
Por isso, logo de cara notamos a diferença entre O Homem de Aço, da DC, e Homem de Ferro, da Marvel. Enquanto o povo de lá preocupou-se em começar os trabalhos com um personagem que fosse carismático e conquistasse um público novo, estendendo-se não só para os nerds leitores de quadrinhos, mas para um leque de preferências muito maior, a DC quis trazer para si um público que não iria assistir ao filme como um mero entretenimento, mas sim para apreciar uma boa narrativa. É como se a Marvel fosse a cerveja no churrasco de domingo e a DC o vinho de uma noite de sábado. Nesse primeiro capítulo do DCEU, a estratégia deu certo.
O Homem de Aço começa contando a história de Jor-El (não confundir com o desenho Irmão do Jorel), interpretado por Russell Crowe, de Gladiador, e Lara, um casal de Krypton que consegue a primeira gestação natural do planeta depois de várias gerações. Como forma de proteger a criança e a manutenção de sua raça, os dois enviam o bebê recém-nascido para outro mundo, sendo que os habitantes daquele lugar já estavam condenados. Essa introdução dura quase meia hora, o que pode ser um baque pra quem esperava um começo mais cadenciado. Depois disso, o enredo avança para a vida de Clark Kent (Henry Cavill), o garoto de outro planeta que foi parar na Terra. Adivinhem aonde ele foi aterrissar? Isso mesmo, nos Estados Unidos. A Terra tem mais de 200 países diferentes, ilhas e tudo mais, mas é claro que ele tinha que cair nos EUA. Na moral, se começasse a descer alienígenas aqui agora, eu ficaria tranquilaço. Enquanto a população norte-americana estaria “oh meu Deus, um ovni!”, eu estaria “ah, conflitos interplanetários só acontecem lá em cima mesmo, tá tranquilo“. Isso chega a ser irritante, porque eu particularmente já tô cansado de ver tramas acontecendo só nos EUA. De vez em quando eles fazem um negócio diferente, mas porra, muda o disco um pouco.
De qualquer forma, Clark aterrissou em uma fazenda do Kansas e foi adotado por um casal de fazendeiros, o pai sendo vivido por Kevin Costner. Ele leva sua vida normalmente até que ~coisas estranhas~ começam a acontecer, como a descoberta de uma nave congelada em um território isolado do Canadá (MILAGRE!) e o pronunciamento do General Zod (Michael Shannon – foto da direita), um kryptoniano renegado responsável por muitas tretas no falido planeta. O núcleo principal da história se desenvolve a partir daí, e é quando o filme para um pouco de se preocupar com os dilemas de Clark para focar no conflito iminente.
No momento em que escrevi esse pitaco, eu tinha visto O Homem de Aço três vezes na minha vida. Na primeira, eu achei um filme barulhento, confuso e frenético demais, definitivamente não gostei muito. Na segunda, eu achei foda, com um roteiro bem escrito e uma trama interessante. Na terceira, no dia anterior à escrita dessa crítica, eu fiquei no meio-termo. Ele é realmente um filme que abusa demais das cenas de ação da metade pro final. Em vários momentos minha atenção simplesmente foi desviada. Entretanto, é uma obra de origem muito boa. Ele explica direitinho as motivações e de que “material” o protagonista é feito, da mesma forma que consegue apresentar um vilão decente e personagens importantes, como a repórter Lois Lane (Amy Adams – foto da esquerda). Ele consegue dosar bem partes de diálogo e combate, ainda que exista um exagero nesse último ponto. As lutas não são iguais as da Marvel, por exemplo, então isso gera outro estranhamento. As brigas em O Homem de Aço parecem mais de um jogo de videogame do que de uma produção cinematográfica em si.
Em resumo, o ponto de partida de Clark Kent não é o melhor filme de origem já feito, mas cumpre bem o seu papel e tem méritos de conseguir adaptar uma história bem fantasiosa, tornando sua trajetória até crível dentro das devidas proporções. Se eu fosse dar nota, provavelmente daria 4 Lelecos, mas não vou me limitar a isso. Na semana que vem eu devo assistir novamente Batman vs Superman, aí assim que eu rever eu posto o segundo pitaco dessa nova série, que eu sinceramente espero que gostem.
Aviso: Não tem nenhuma cena pós-créditos.
{Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/07/11/glossario-do-leleco/}
{Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: https://pitacosdoleleco.com.br/2017/09/16/wiki-do-leleco/}
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Não entendi, como que o Clark subitamente virou jornalista de um local aparentemente importante como o Planeta Diário sem um pingo de formação e experiência? Porque pelo que deu a entender, ele nunca trabalhara nessa área antes.
- Outra coisa nada a ver: aqueles bagulhos robóticos que parecem aquelas bolas rolantes de Os Incríveis (aliás, por que essa tara com o formato de aranhas gigantes e tentáculos?) tinham que ficar meio que nos dois polos da Terra, certo? Pra poder influenciar o campo gravitacional e terraformar. Um deles ficou ao sul do Oceano Índico. Até aí tudo bem. O outro ficou no meio da cidade de Metrópolis, nos Estados Unidos. Por quê? Não fica muito claro no filme aonde é que Metrópolis de fato se localiza, mas fico meio implícito que está no estado do Kansas. Isso é ainda mais sem sentido, porque Kansas fica mais ou menos no centro dos EUA, nem tá lá na parte norte. E outra, é uma INCRÍVEL coincidência o lugar escolhido para a terraformação ser justamente a cidade em que a maioria dos personagens principais se encontra. Isso me incomodou demais. E além de tudo, já tinha tido bastante destruição em Smallville, ter a mesma coisa em Metrópolis ficou repetitivo. Teria sido muito mais foda a batalha final ser no Polo Norte ou algo assim.
- Lois Lane é tipo a Hermione em O Prisioneiro de Azkaban. Não importa a hora, o lugar, o momento – ela estará lá. Por que diabos ela tava naquele avião que rumava para Metrópolis? E mais, naquela cena em que o Kal-El quebra o pescoço do Zod, como que ela chegou tão rápido no lugar em que os dois estavam? Bom, pelo menos a morte do antagonista foi marcante pra caramba, uma das melhores partes do filme.
- É tão ridiculamente hilário o Exército dos EUA tentando controlar o Super-Homem. O pior é pensar que se tudo aquilo acontecesse na vida real, os militares superpoderosos agiriam exatamente daquela maneira. Os únicos pontos legais das aparições deles foram quando o Coronel lá derrubou a aranha gigante cibernética de Metrópolis e quando a soldado disse que o Superman era atraente.
- Lógica do Superman: “preciso salvar essas crianças de um ônibus submerso, mas destruir uma cidade, provavelmente matando milhares no processo, aí tá de boa!“.
- Eu sempre gostei bastante das cenas do Clark criança. Bicho, imagina você ter mais poder do que o Líder do Big Brother e ter que se controlar para não se expor, sem contar que agir irracionalmente provavelmente faria sua alma se corromper. Eu, por exemplo, na primeira provocação já teria soltado um raio laser em geral.
- Também sempre fico com um sorriso no rosto quando o Superman tá lá todo paramentado numa sala de interrogatório e do nada quebra as próprias algemas como se fosse a coisa mais simples do mundo. Pra coroar, ele ainda fala pros caras do lado de fora da sala que consegue ver os crachás deles e os caralho a quatro. É a legítima definição de botar o pau na mesa.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Superman/Super-Homem/Clark Kent/Kal-El
O filme conseguiu fazer uma ótima leitura do icônico personagem. O Homem de Aço nos faz simpatizar com seu protagonista, entender seus dilemas e admirar a maneira como ele conduz as situações.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?