Ação, Coleção Tarantino

LelecoTarantino #04 – Kill Bill, Vol. 2 (2004)

• Às vezes ela é plena

Eu tive um sério problema enquanto assistia aos dois capítulos de Kill Bill. Quando fui vê-los, precisei pausar no meio porque simplesmente estava caindo de sono. Foi assim com o primeiro, foi assim com o segundo. Por isso, acompanhei-os de maneira mais fragmentada, mas garanto que não afetou minha avaliação final. No futuro, gostaria de maratonar o The Whole Bloody Affair, uma versão lançada pelo Tarantino que reúne os dois longas dentro de um só, como deveria ter sido no início, mas não foi posto em prática devido à sua duração. Por enquanto, me contento em trazer pra vocês a crítica da conclusão da epopeia de uma noiva vingativa.

 

Sinopse

A jornada de Kiddo não acabou. Ela eliminou os dois primeiros alvos de sua lista, Vernita Green e O-Ren Ishii, com a ajuda de um punhal e uma espada feita pelo lendário Hattori Hanzo. Porém, ainda tem gente pra matar e ela não vai parar enquanto não conseguir seu objetivo. Elle Driver e Budd continuam respirando e estão na mira da Noiva, mas quem ela quer mesmo no final das contas é Bill, o homem por quem se apaixonou e teve uma filha. No final de Kill Bill, Vol. 1, nos é revelado que a criança ainda está viva, mas a mãe não sabe disso. Será que vai ser um problema na trajetória violenta dela? Será que a icônica Mamba Negra conseguirá finalizar a sua missão com sucesso?

Skyler White de tapa-olho

Crítica

Bom, antes de mais nada, a diferença de clima entre os dois filmes é notável. Nos cinco capítulos iniciais, expostos no longa anterior, o ritmo é acelerado e Tarantino capricha nas cenas de luta e na cadência dos acontecimentos. Ele não dá tempo pra gente respirar, não dá trégua. Aqui, ele faz o contrário. Toma todo o tempo possível para explorar as personalidades das pessoas ainda vivas, e aproveita para adicionar mais camadas e apresentar pro público o antagonismo de Bill, o melhor novo elemento. O passado de Kiddo também é abordado e as pontas são amarradas naquele velho modus operandi não-linear que nos acostumamos. O filme trabalha em duas frentes, o antes e o agora, e faz isso com muita competência. É revelado o primeiro nome da protagonista, mas vou deixar o mistério no ar pra quem não tá ligado. Por isso, vou chamá-la somente pelas identidades que já foram mencionadas no primeiro volume.
Apesar das sequências de luta não serem tão emblemáticas se comparadas ao Vol. 1, a obra não desaponta neste quesito. O embate com Elle Driver e o encontro final com Bill são espetaculares. Os diálogos estão mais bem escritos e, repetindo, os personagens parecem mais maduros. É um filme que pode não agradar tanta gente por não ser tão hiperativo quanto o primeiro, podendo causar estranheza. Porém, ele agrega valor no roteiro. É verdade que algumas ocorrências seguem um pouco previsíveis, o que acaba sendo um defeito. Fiquei esperando por algum plot twist, mas ele não veio. Contudo, o saldo acaba sendo bem mais positivo do que negativo.

Shang Tsung vs. Sonya Blade

Veredito

Em termos gerais, percebi que o Vol. 1 de Kill Bill é mais celebrado pela comunidade cinéfila. O ritmo frenético, as lutas insanas e aquele toque maroto de nonsense credenciam-no até hoje como uma das obras mais ousadas do ramo artístico audiovisual. Ele realmente é isso tudo, mas o Vol. 2 não deve nada ao seu predecessor. Não é tão audaz, mas consegue ser mais inteligente e maduro, explorando as facetas humanas dos personagens na tela. Agradou-me mais em relação ao primeiro, pois tem mais cara de filme propriamente dizendo. É verdade que o enredo não entrega muuuuitas surpresas dentro da trama central, mas alguns acontecimentos chamam a atenção e confirmam o belo trabalho de Tarantino.

Aaaaaaall myyyy ex’ssss live in Texasssss, that’s whyyyyyy I haaang my hat in Tennesseeeeee

 

>> A Sessão LelecoTarantino começou com Cães de Aluguel…

>> …e logo passou pelo icônico Pulp Fiction!

>> Pela primeira vez, pude acompanhar Jackie Brown,

>> e então conheci a história de Kill Bill, Vol. 1;

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Ok, a Beatrix arrancando o olho da Elle na mão foi sensacional, melhor cena dos dois filmes inteiros. Achei foi pouco, fiquei bolado por ela ter matado o Pai Mei envenenado. E o karma nunca falha, né? A mulher teve os dois olhos arrancados, um pelo mestre e o outro por sua aluna. E será que ela morreu picada pela cobra ou de hemorragia, ou conseguiu de alguma forma fugir daquele lugar?
  • E já que mencionei a cobra, mamba-negra, também gostei de ver o Budd morrendo por ela, aquele fdp. Só teria sido completamente perfeito se ele tivesse falecido sabendo que a Beatrix sobreviveu.
  • Aliás, aqueles tiros que ela levou foram de borracha ou algo do tipo? Porque é a única coisa que justifica ela não ter morrido. E bala de borracha ou seja lá o que era dá pra fazer a pessoa sangrar daquele jeito? Ah, sei lá.
  • O momento em que o nome da Beatrix é falado pela primeira vez, e aparece ela adulta em uma chamada na sala de aula, foi tão aleatório que fiquei sem reação.
  • Samuel L. Jackson teve uma participação incrível, sem defeitos. Podia ter um spin-off do Rufus tendo conseguido fugir do lugar e ido buscar vingança também. Eu assistiria.
  • Olhando realisticamente, mesmo se fosse de alguma forma possível furar madeira com as próprias mãos, a terra não teria soterrado a Beatrix de qualquer jeito ou tem alguma explicação lógica que pode não ter me ocorrido? Confesso que isso me pegou kk
  • Acho que é um fato bem conhecido, mas, pra quem não sabe, a Uma Thurman sofreu um acidente de carro durante as gravações que a deixou com sequelas no pescoço e nas pernas até hoje. Foi durante a sequência em que ela tá dirigindo rumo ao seu destino final. O Tarantino garantiu que não tinha nada de errado com o veículo modificado, mas não foi bem assim. Uma perdeu o controle do volante e se chocou com uma árvore. Anos depois, o diretor entregou o vídeo do acidente pra atriz, que postou em suas redes sociais e isentou-o de culpa, responsabilizando mais os produtores Lawrence Bender, E. Bennett Walsh e o desprezível Harvey Weinstein.
  • Mano, confesso que quase torci pro Bill não morrer porque a química entre ele, a Beatrix e a filha de ambos foi tão legal de se ver. Porém, foi satisfatório a Noiva dando o golpe fatal no coração de seu nêmesis e encerrando o assunto de uma vez por todas.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Mamba Negra/A Noiva
É quase impossível não torcer pra que ela saia cortando a cabeça de todo mundo. Sua impetuosidade e força de vontade são inigualáveis.

Foda-se a espadinha, agora é na bala

+ Maior surpresa: Bill
É surpreendente ver que ele não é um cara cruel que mata por prazer, tem mais coisa por trás disso tudo. No primeiro volume, sua figura é um pouco vaga e seu rosto sequer é mostrado, por isso não o considerei como Maior Evolução. Só não foi o Melhor Personagem porque a protagonista é muito forte. Ah, deixo registrado que também gostei muito do Pai Mei, achei sensacional.

De um lado, temos um homem sádico com atração pelo derramamento de sangue. Do outro, somente o Bill

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).