Ação/Policial

Prison Break: 5ª Temporada (2017)

prison break 5

• Até a última gota

É preciso saber a hora de parar. Começar é fácil, terminar… nem tanto. Eu tenho a plena certeza de que os chefões que ordenam a produção, o encerramento ou o cancelamento de projetos audiovisuais odeiam os mesmos produtos que os enriquecem. Se tem uma coisa que me deixa mais do que irritado, e sim triste, é como as pessoas não estão nem aí pra palavra “legado”. Prison Break foi uma série que teve um início excelente, um bom desenvolvimento e um final medíocre, mas que pelo menos concluiu a história que queria contar. Em vez de deixar o negócio descansar, inventaram de dar uma nova temporada pra uma trama que não deu nenhum sinal de que poderia continuar. O resultado não poderia ter sido diferente: um desastre total.

 

Sinopse

Eu já vou logo quebrando o clima de uma vez: Michael Scofield está vivo. De alguma forma, o nosso herói sobreviveu aos eventos de Prison Break – O Resgate Final, e é lógico que ele tá trancafiado em alguma prisão. Desta vez, a penitenciária fica no Iêmen. O que Michael está fazendo lá? Por que ele não avisou ninguém a respeito do seu paradeiro, deixando passar quase uma década desde a sua aparente morte? Essas respostas cabem ao seu irmão Lincoln Burrows descobrir, enquanto se lança rumo a uma guerra civil em um país instável.

Mais um dia de férias para Michael Scofield

Crítica

Sinceramente, eu nem sei por onde começar. Tô com a impressão de que isso aqui vai ser mais uma sessão de desabafo do que uma crítica propriamente dita.

Os estereótipos na quinta temporada de Prison Break chegam a ser dolorosos. Um país no Oriente Médio? Pois bote um filtro amarelo na tela, uma música árabe aleatória e personagens reforçando a todo momento que são corruptos! Porque, pelo jeito, qualquer lugar que não seja EUA e Europa não possui civilização, apenas um bando de seres humanos subdesenvolvidos que comem armas no café da manhã e jantam bombas ao entardecer.

Ainda nessa questão de estereótipos, a cultura muçulmana é tão limitada assim? Tem um personagem que faz parte da religião islâmica nos EUA e revela ter contatos em mesquitas do Iêmen. Sim, um cara aleatório dos EUA tem contatos no IÊMEN. Quais são as chances disso? A minha família praticamente toda cresceu na Igreja Católica, mas nem por isso eu tenho contatos no Vaticano. A minha impressão é de que a série estava me dizendo nas entrelinhas que todo país árabe é a mesma coisa, o que é, além de mentiroso, pra lá de desrespeitoso.

O roteiro também é um desrespeito total. Faz muito tempo que eu assisti às primeiras temporadas de Prison Break, então não posso dizer com exatidão. Porém, vi muita gente reclamando de que as coisas nesta quinta temporada não estavam fazendo sentido, como as datas diferentes no túmulo do Michael, o fato do túmulo estar nos EUA e não no Panamá, entre outros detalhes, principalmente a respeito da cronologia. De qualquer forma, era de se esperar, já que não fazia absolutamente nenhum sentido fazerem uma nova temporada.

Nos aspectos técnicos, a série também não consegue se salvar. As atuações estão desajustadas, a direção é uma bagunça, com câmeras sofrendo tremedeira constante e diálogos mais vazios do que o meu estômago no momento em que escrevo este pitaco. Depois de bastante tempo lutando contra a própria série e me recusando a ver aquilo como uma nova temporada de Prison Break, eis que me veio a solução genial: e se eu criasse uma realidade paralela na minha cabeça, na qual nada do que eu estava vendo realmente aconteceu no contexto da obra, sendo apenas um fanfic? Esse era o único jeito de minimamente gostar do que estava sendo apresentado.

No momento em que eu ignorei que se tratava de uma sequência de Prison Break e comecei a tratar como uma série aleatória que eu não conhecia antes, comecei a me divertir um pouco. Mas calma lá, a ênfase está em “um pouco”. Eu perdi as contas de quantas vezes eu dormi durante a temporada e precisei voltar pra pegar o que tinha rolado. Se isso não é um sinal da qualidade porca do roteiro, não sei mais o que é.

E sim, o roteiro é provavelmente a pior parte da quinta temporada. Personagens chegam rápido até demais de um ponto a outro; um maluco tem a brilhante ideia de andar de costas para terroristas e acaba levando um tiro por conta disso; fugitivos desarmados não pensando em pegar armas de fogo abandonadas no chão pra se proteger… e por aí vai.

Se você fizer uma lista de todos os elementos narrativos bregas mais frequentes em séries ruins, vários aparecerão aqui. Sangue espirrando na parede ao final de um episódio, sem mostrar quem morreu? Temos! Um bandido parar o carro ao lado do mocinho pra executá-lo, dando tiros de pistola em vez de uma metralhadora pra garantir o serviço? Temos! Familiares perdidos? Temos! Vilões imortais? Temos! Romance obrigatório e desnecessário? Temos! É um verdadeiro panteão de preguiças narrativas! Eba!

Pra não terminar essa crítica de maneira tão revoltada, vou destacar neste parágrafo os pontos positivos da temporada: o momento em que ela acaba alguns planos e certos desenvolvimentos de personagens, especialmente os novatos Ja e Whip, determinadas sequências de perseguição e… acho que só. Apesar de eu ter dormido algumas vezes, não é uma temporada chata de assistir no sentido de entediante. Ela contém tanta ação que esse problema não surge muito. Porém, a cada cinco minutos é uma agonia diferente, que nos faz questionar a própria sanidade de quem escreveu. Droga, terminei a crítica de maneira revoltada. Inevitável.

É aqui que compra ficha pras barraquinhas?

Veredito

Definitivamente, a quinta temporada de Prison Break não deveria ter existido. Falta inspiração, criatividade e, acima de tudo, motivação pra própria concepção da história. Os personagens são meras sombras do que foram no passado, os diálogos são unidimensionais e até as reviravoltas são protocolares. Furos frequentes de roteiro, um antagonista que tenta nos convencer de que é inteligente, mas o que mais falta nele é esperteza, e pequenos problemas que vão se acumulando em uma bola de neve no deserto. O pior de tudo é que isso aqui não é apenas ruim, chega a ser desrespeitoso. Desrespeitoso com os espectadores casuais, com os fãs e com a própria série. Até erro de edição e montagem teve. Espero que produtores que desejam resgatar obras terminadas tenham aprendido a lição, mas eu sei muito bem que não. Nota final: 1,0/5.

Não escute esse calvo, Capitã Marvel!

 

>> 1ª Temporada de Prison Break

>> 2ª Temporada de Prison Break

>> 3ª Temporada de Prison Break

>> 4ª Temporada de Prison Break

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • A cada cena, parecia que vinha surgindo um novo problema, com a série enveredando por caminhos óbvios até demais. O roteiro agiu como se a gente fosse bobo e realmente acreditasse que o Michael deixou de ser o Michael e incorporou o terrorista Kaniel Outis. É ÓBVIO que ele tava atuando quando o Lincoln o abordou no primeiro episódio, a série não precisava ficar fazendo tanto mistério quanto a isso. Bobeira. E não vou nem falar no tanto que o Lincoln é desprovido de inteligência em não ter deduzido isso.
  • Não, eu não julgo a Sara por ter seguido em frente pra ficar com outra pessoa. Afinal de contas, se passaram sete anos, não é? O que eu tenho preguiça é esse draminha que a série faz também, não gostei do plot dela ficar dividida entre o novo marido e o Michael.
  • Uma coisa que eu não entendi. O Michael disse que um chiclete iria funcionar como as asas de uma borboleta e causar um efeito que levaria os presos pro outro lado do mundo. Então, ele usou o chiclete numa bateria pra fazer fogo, colocou um pano embebido na água quente e o botou na própria cabeça, pra ficar com febre e ganhar remédios. Então, trocou os remédios por um celular e mandou um recado pra Sara e pro Michael Filho. O que exatamente isso mudou na situação dos presos? Depois, no episódio seguinte, é mostrado o Michael usando os chicletes pra fazer as crianças mandarem recados pro Lincoln, e aí sim fez sentido. Mas não acham que ficou meio confuso falarem uma coisa e só colocarem em prática de fato no outro episódio? Pareceu que as cenas estavam fora de ordem, sei lá.
  • Kellerman tá de volta, mas nem lembro dele direito, sinceramente. Só do rosto e de que era um personagem meio dúbio. Mas, como em toda sequência que surge depois de um tempo (Pânico me ensinou isso), sempre um personagem importante antigo tem que morrer. Ele foi o escolhido.
  • Uma das únicas cenas da temporada que foram realmente legais foi a do Ja cantando We Are The Champions enquanto tacava botava fogo em geral.
  • Por que diabos o marido lá da Sara, Jacob Ness, se encontrou com assassinos de aluguel no meio da rua, sendo que o tal Poseidon é um cara tão cauteloso? Não é como se os assassinos fossem discretos, né. E se o Jacob queria tanto matar o Michael assim, pra que mandar o cara pra morrer no Iêmen? Não era mais fácil simplesmente matá-lo e enterrá-lo em algum lugar que ninguém acharia, já que literalmente todo mundo pensava que ele estava morto? Toda a premissa do vilão não faz sentido algum. E pra alguém tão poderoso, não consigo entender ele só ter dois agentes à disposição e ser tão descuidado assim.
  • Bônus de mais sequências sem sentido da temporada: o contrabandista pedindo pra Marinha invadir o barco, o que colocaria em xeque as suas próprias mercadorias, e além do mais, ele já tinha recebido pelo serviço, então não tinha motivos pra ele dedurar o Michael; a cena em que o Michael Jr. é levado por alguém enquanto brinca no jardim, e isso nunca mais é mencionado novamente; a Heather indo pra própria casa em vez de esconder em uma delegacia ou sei lá; o Poseidon despejando os origamis no bueiro, sendo que poderia rasgar e jogar no lixo ou então queimar, o que não deixaria nenhum vestígio e seria até mais simples. Ei, pelo menos foram legais as aparições do Sucre, o desfecho do Ja e parte do desenvolvimento do Whip!
  • Abu Ramal morreu e gerou muita treta, mas blé. E é lógico que tinham que colocar a Síndrome do Personagem Quase Morto na temporada. Por que não mataram logo aquele caolho no começo, velho? Ficaram enrolando e quase o Michael morre por causa disso.
  • Romance do Lincoln com a Sheba foi tão do nada, ficou na cara que era aquele romance obrigatório que Hollywood adora. E a Sofia que é bom…
  • O que o Whip ser filho do T-Bag adicionou pra série? Era só pra ter um plot twist? Como exatamente isso ajudou no plano do Michael? Não foi nenhum ás na manga. Foi só porque o T-Bag aparentemente matou o Jacob na prisão? Não precisava dar tanta volta assim. E além do mais, o Whip morreu em uma morte totalmente desnecessária. Pra que fazer aquilo tudo e dar a chance de acontecer algo de errado? Michael só teve plano bosta, sinceramente, e achei o rosto do Jacob tatuado nas mãos dele até meio vergonha alheia, não sei por que. É uma pena que o lendário Michael Scofield não é mais inteligente como antes.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Michael Scofield
Eu preciso colocar esse “melhor personagem” entre aspas, porque pelo amor de Deus. Michael Scofield só foi o melhor desta temporada por ser o protagonista. Foram apenas alguns lapsos de qualidade.

Você é fraco, te falta inteligência

+ Melhor episódio: S05E07 (“Wine Dark Sea”)
Foi o capítulo em que as coisas fluíram melhor, mas não foi lá grandes coisas também.

Cuidado, que ele tá de OLHO

+ Maior surpresa: Ja
Foi um dos poucos personagens que não me fez rolar os olhos toda vez em que aparecia na tela, mas foi muito subutilizado pra que fosse elegível pra Melhor Personagem. É uma pena. Eu também gostei do Whip inicialmente, mas depois forçaram a barra e a história dele ficou esquisita.

Fica aqui, que Ja Ja eu volto

+ Maior decepção: Lincoln Burrows
Incrível como o Lincoln tem a personalidade de uma pedra, e a atuação de Dominic Purcell também é semelhante a uma.

O irmão fodão norte-americano

+ Pior personagem: Jacob Ness
Em um verdadeiro mar de falta de qualidade, você se destacou, Jacob! Nenhuma das suas ações fizeram sentido ao longo da temporada. Parabéns!

Nem vem com esse sorrisinho pra cima de mim

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).