• Uma divertida adaptação da Broadway
Uma adaptação de um dos maiores sucessos da Broadway já traz consigo a promessa de um grande espetáculo. Mas será que dá para traduzir uma história tão complexa para o cinema sem perder sua essência? E mais: é possível fazer isso sem cair no revisionismo?
Hoje, na nossa crítica do filme, vamos explorar essa questão.
Wicked foi uma das obras mais aguardadas do ano, mas sua trajetória até as telas foi tudo, menos tranquila. Após mais de uma década no inferno de produção, mudanças de equipe, gravações durante a pandemia e atrasos causados pelas greves de roteiristas e atores, o projeto parecia estar no olho do furacão (sim, a referência ao ciclone de O Mágico de Oz foi intencional).
Apesar dos obstáculos, a equipe estava claramente empenhada, com muitos rostos menos conhecidos do grande público prontos para transformar Wicked em seu próprio espetáculo.
Jon M. Chu, conhecido por trabalhos como Ela Dança, Eu Danço, Podres de Rico e Em um Bairro de Nova Iorque, mostrou aqui o amadurecimento de seu estilo. Os números musicais são bem conduzidos e integrados à narrativa, um avanço claro em relação a seus primeiros trabalhos.
Já John Powell, um compositor sólido no universo das animações, entrega uma trilha que potencializa ainda mais as performances musicais. Com a voz das protagonistas como aliada, o trabalho dele brilha no filme.
A cinematografia de Alice Brooks busca diferenciar as protagonistas visualmente, o que pode dividir opiniões. Para mim, funcionou como um elemento estilístico interessante, embora algumas pessoas mais sensíveis ao visual possam estranhar.
O design de produção de Nathan Crowley, por sua vez, é um espetáculo à parte. A maneira como ele expande o universo de Oz, respeitando o clássico de 1939 e adicionando novos elementos, é sensacional.
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O maior destaque do filme, no entanto, vai para as protagonistas. Cynthia Erivo traz uma intensidade dramática que reforça as questões sociais abordadas pelo filme, enquanto Ariana Grande equilibra humor e inocência de forma surpreendente, adicionando camadas à sua personagem.
Além de ser uma adaptação de peso, Wicked toca em questões que dialogam com experiências pessoais. A invisibilidade e os desafios enfrentados por quem começa uma carreira, por exemplo, são temas que ressoam profundamente. A dança de Elphaba me remeteu ao início da minha trajetória profissional, quando, apesar de meus esforços, o reconhecimento parecia inalcançável.
Wicked é um filme impactante, com números musicais grandiosos, design de produção impecável e atuações memoráveis. Ainda assim, parece segurar seu potencial máximo, provavelmente guardando o melhor para sua conclusão na Parte 2.
Se o objetivo era nos deixar ansiosos pela continuação, missão cumprida. Agora, resta aguardar para ver como essa história será concluída.
Ricardo Gomes
O Sharkboy que se formou em Jornalismo e ama o cinema
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Este texto faz parte de um quadro de colaborações com outros redatores. O artigo não foi escrito pelo maravilhoso Luiz Felipe Mendes, dono do blog, e não necessariamente está alinhado às ideias dele.